Nos meses frios e chuvosos, o Semea dá descanso às brasas com que é hábito preparar os pratos no terraço, à vista do rio Douro e das encostas de Gaia, e aposta numa carta de interiores. Interior no aconchego dos sabores e no local da confeção, a cozinha deste restaurante do Grupo Euskalduna, do chef Vasco Coelho Santos. Mantém-se a aposta na criatividade assente em produtos sazonais de pequenos produtores nacionais, reforçando-se a presença na carta de comida de partilha.
O couvert traz pão de trigo da padaria Ogi (do grupo) e azeite, pão de baguete torrado com alho, e um cremoso parfait de frango moldado pela acidez do marmelo.
Nas entradas, repete-se a bem-vinda acidez – e doçura – na aliança de lírio, halófitas e ovas. O folhado de cogumelos com noisette e gema chega morno, amanteigado. O tártaro de arouquesa entra em sintonia com o salgado que vem do queijo São Jorge – um tratado sobre sabores lusos que tem o reverso geográfico na tortilha de chalota (carnuda, intensa) e salada de kimchi. Tudo em pequenas mas adequadas e celebradas porções.
Nove propostas formam o leque de pratos principais. Entre os vegetarianos, atenção especial ao pastel de brócolos e nabiças, com molho de vermute, um preparado quente e suave e aliado do inverno. Quanto à carne, venha o arroz de pato: a ave tem travo fumado, mantém-se o enfoque na cremosidade e as pepitas de pecorino elevam o sabor geral e acrescentam crocância.
Nas sobremesas, dá-se as boas vindas à sandwich de chocolate e avelã (um achado, peça compacta, chocolate denso e bolacha fina que não oferece resistência à boca) e gelado de limonete e aveludado bolo génoise onde se sente a presença da laranja, limão, limonete e toranja. O frio em dose certa, para não esquecer que lá fora há inverno.
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