N’o Neca Magalhães, há pratos em conta e que sabem a comida da avó

Pataniscas de bacalhau com arroz de feijão é uma das especialidades do Neca Magalhães, em Guimarães. (Fotografia de Miguel Pereira/GI)
Quem tem ou teve uma avó com dotes de cozinheira vai lembrar-se dela quando comer no Neca Magalhães: a comida tem sabores e cheiros de antigamente. Aqui não se inventa nada, fazem-se os pratos regionais de sempre com esmero.

Fora do circuito turístico vimaranense – Castelo, estátua de D. Afonso Henriques, Paço dos Duques, Centro Histórico – o restaurante Neca Magalhães é uma instituição gastronómica, quando se trata de comida regional. Mais do que um restaurante, o nome indica um lugar, o sítio onde se comem umas boas tripas, um belo bacalhau à Zé do Pipo, um arroz de feijão divinal e muitas outras iguarias.

Logo à entrada, numa mesa em frente à televisão, com o jornal do dia aberto, está o homem que dá o nome à casa. Com 83 anos, diz que já passou o negócio aos filhos. Todavia, é ele que pega no telefone para encomendar mais um saco de cebolas e que puxa das notas para pagar a um fornecedor que veio trazer produtos do dia. “Enquanto aguentar hei-de vir para cá”, garante.

Nascido a 5 de fevereiro de 1940, Neca Magalhães acaba de fazer 83 anos, 55 deles passados a saciar o apetite dos vimaranenses e, “muito importante”, a dar-lhes bom vinho. “Até há pouco tempo ainda era a minha esposa que tratava da cozinha, mas depois de dar uma queda os meus filhos não querem que ela venha mais”, conta. Agora é uma das filhas que orienta os trabalhos na cozinha, na sala está o genro e o filho também vai dando uma mão.

Quando Neca casou, o espaço era uma mercearia dos sogros. “O negócio tinha corrido mal ao meu sogro, tinha falido tudo”, recorda. Pegou no estabelecimento em 1968 e “a primeira coisa que fiz foi meter bom vinho. Fui para Baião e para o Marco de Canaveses à procura dele”. Com bom vinho e a arte da esposa na cozinha, a casa prosperou. “Vendia uma pipa de vinho por dia, a copo. Isto do branco, porque depois ainda havia o tinto.”

A partir de 1982, porém, com a aprovação da primeira lei que limitava a condução sob o efeito do álcool, o rumo do negócio mudou. “No primeiro dia em que foi preciso soprar ao balão, estive quase para fechar e voltar ao têxtil”, confessa. Valeram-lhe os conselhos de alguns “bons clientes” que gostavam da casa, não só pelo vinho, mas também pela comida. “Vinham cá muitos médicos, por exemplo. Foram eles que me deram força para transformar isto num restaurante.”

Em boa hora o fez porque “no primeiro dia isto encheu logo e o meu genro teve de deixar o emprego que tinha para vir ajudar”. Casa cheia é a norma no Neca Magalhães que, entretanto, comprou a casa do lado e cresceu. “Só paramos ao domingo, para o pessoal descansar”, afirma o empresário, orgulhoso dos pratos que saem da sua cozinha.

“O meu preferido são os rojões, ninguém os faz como nós, à minhota. Mas o arroz de frango também é muito bom e o sarrabulho… É tudo bom.” Neca Magalhães é incapaz de eleger uma especialidade da casa. O arroz de feijão vermelho, que pode acompanhar com filetes de pescada, panados, bacalhau frito ou pataniscas, é o prato que sai mais. Para beber, o vinho que ajudou a celebrizar a casa é uma excelente aposta e ajuda manter o preço contido.

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Mapa da ficha ténica
Morada
Rua da Arcela, 2019, Guimarães
Telefone
253 432 664
Horário
Das 12h às 15h e das 19h às 22h, de segunda a sábado


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245




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