Nem mexidos, nem estrelados: onde comer ovos originais

Ovos verdes, um petisco lisboeta em vias de extinção. Conheça cinco formas originais de comer ovos, e onde encontrá-las, na fotogaleria.

(fotografia: Tiago Pais)

Ovos Turcos - A Padaria Portuguesa LAB

É muito difícil confundir o novo LAB d’A Padaria Portuguesa com uma das quase 60 lojas da cadeia. Pelo design, pelas intenções e, também, pela oferta. Nuno Carvalho, fundador e diretor-geral da empresa, quis trazer para este espaço de inovação e desenvolvimento da marca alguns pratos que fossem especialmente diferentes daquilo que se vê e prova por aí. Os ovos turcos — dois ovos escalfados numa mistura de iogurte grego com especiarias — são exemplo disso mesmo. Provou-os em Londres e achou que encaixavam na perfeição no brunch que ali se serve aos sábados, domingos e feriados. Mas o sucesso tem sido tanto que não será de admirar, em breve, vê-los saltar para o menu fixo desta espaço.

(fotografia: Luís Ferraz/Divulgação)

A nova Padaria Portuguesa Lab.

(fotografia: Luís Ferraz/Divulgação)

Huevos Rancheros - Pistola y Corazón

Não fazem, infelizmente, parte do menu diário da melhor e mais célebre taquería lisboeta. Mas basta esperar pelo famoso desayuno mexicano que ali é servido ao domingo para poder prová-los em toda a sua glória: dois ovos estrelados no topo de tortillas caseiras com queijo, cobertos de uma salsa roja pujante (leia-se picante) com coentros e cebola no topo para refrescar.

(fotografia: Tiago Pais)

A taquería Pistola Y Corazón.

(fotografia: DR)

Ovos à Professor do Séc. XXI - Cantinho do Avillez

João Cid dos Santos (1907-1975) foi professor catedrático da Faculdade de Medicina de Lisboa e cirurgião vascular de méritos reconhecidos, pioneiro na desobstrução de artérias. Mas os seus contributos para o país não se ficaram pelas salas de aulas e operações. Cid dos Santos era cliente frequente do Belcanto e do Lorde, dois históricos lisboetas ambos do mesmo dono. E terá sido num desses restaurantes que, certa noite, se dedicou a fazer um prato que ficaria para a história: os ovos à Professor, imediatamente adotados pelas respetivas ementas. Estes ovos com pão e chouriço salteados serviram-se anos a fio no Belcanto — mesmo depois de pegar no restaurante, José Avillez fazia questão de os servir aos clientes de velha data. Quando os tirou da carta do seu restaurante estrelado, o chef cascalense atualizou-os na técnica e no nome (daí o sufixo “do Séc.XXI) e disponibilizou-os no Cantinho do Avillez. Até hoje.

(fotografia: Divulgação)

O restaurante Cantinho do Avillez.

(fotografia: Nuno Correia)

Ovos com Migas de Batata - Bel’Empada

Vêm do tempo em que Belmiro de Jesus era dono e senhor da cozinha do Salsa e Coentros. Quando deixou de o ser, em 2015, levou a receita consigo para o seu Bel’Empada. E atrás da receita foram, claro, alguns fiéis clientes que não dispensam esta entrada simples mas tão eficaz: os ovos sedosos, envolvidos em batata laminada, frita muito lentamente, numa espécie de tortilha desmanchada que é de ir aos céus e voltar a cada garfada.

(fotografia: Tiago Pais)

O restaurante Bel'Empada.

(fotografia: Tiago Pais)

Ovos Verdes - Frutalmeidas

Diga Frutalmeidas e alguém irá responder pastéis de massa tenra. Ou bolo de morangos e chantili. É um reflexo quase pavloviano, sobretudo para quem vive ou viveu perto da Avenida de Roma. Ora, sendo esses, de longe, os ex-libris desta frutaria/snack-bar/instituição lisboeta é normal que muitos dos seus clientes não olhem, sequer, para a vitrina antes de fazer o pedido. Se olhassem, encontrariam por lá um histórico petisco lisboeta caído em desuso: os ovos verdes. Outrora obrigatórios em qualquer taberna da cidade, hoje é raríssimo encontrá-los. Exceto no Frutalmeidas, onde são fritos diariamente, e recheados de gema, salsa, limão e mostarda, numa receita que ainda tem adeptos entre alguns habitués da casa.

(fotografia: Tiago Pais)

O snack-bar/mercearia/casa de sumos e derivados Frutalmeidas.

(fotografia: DR)