Mon Ami: café histórico de Gaia reabre com a alma de antigamente

(Fotografia de Amin Chaar/GI)
Ao entrar-se no renovado Mon Ami, café histórico em Vila Nova de Gaia, percebe-se logo uma atmosfera de familiaridade e aconchego. Quem conheceu o Mon Ami, testemunhando a sua época áurea e posterior queda, pode desde novembro reviver o passado tornado presente.

Ao snack-bar aberto nos anos 1950, no centro da cidade, voltaram os petiscos tradicionais que o fizeram famoso, como a francesinha ou as tripas enfarinhadas. Também voltou o grande balcão em forma de U que tinha sido retirado na gerência anterior. Esta reabilitação com respeito pelo passado teve como objetivo “recuperar a alma” do Mon Ami, admite Gabriel Queiroz, que com Sílvia Queiroz, sua mulher, veio de São Paulo para Portugal há quatro anos.

Com família cá, já há muito pensavam em mudar-se; e quando vieram, quiseram investir em hotelaria, área à qual estavam ligados no Brasil. “Vimos alguns pequenos hotéis, mas veio a pandemia e deixámos em suspenso um negócio que íamos fazer”, conta. Entretanto, o corretor com quem trabalhavam contou-lhes a história desta casa e de Armando Moita, o carismático dono, já falecido, que tratava os clientes por “acionistas”. Os filhos decidiram passar o negócio e “a nova gerência tinha outras ideias e descaracterizou a casa”, conta.

O casal ficou tão entusiasmado com a história que foi à procura da viúva de Armando, a Dona Laura, que tomava conta da cozinha do Mon Ami e que os ajudou, indicando pessoas, fornecedores e a cozinheira da altura Paula Pinheiro.

Sílvia e Gabriel Queiroz, responsáveis pelo espaço. (Fotografias de Amin Chaar/GI)

Tripas enfarinhadas, uma das especialidades da casa.

“Entrei aqui com 14 anos e fiquei até aos meus 37”, conta a própria. “O sr. Armando foi o meu maior professor e a receita da francesinha era dele”. Quando os novos donos a contactaram, Paula, apesar de não estar interessada em voltar a trabalhar em cozinhas, decidiu “dar uma oportunidade ao Mon Ami”. Até porque considera esta a sua casa: “foi aqui que cresci e sinto-me bem aqui. Muita gente que cá vem fica contente por eu estar. Já conhecem o meu trabalho, gostam da minha mão, da minha comida e da simpatia do pessoal”, refere. Quando os clientes antigos regressam querem logo “provar os rissóis e os ovos recheados e percebem que têm o mesmo sabor. Claro, era eu que fazia!”.

A esta “casa-mãe”, como lhe chama, também voltou António Moita, irmão de Armando, que trabalhou durante décadas no serviço de sala. Agora, reformado, vem como cliente e avalia com satisfação este regresso. “As tripas vêm do mesmo sítio de antigamente, do Bolhão”, refere. Alegra-se por ver os petiscos a serem servidos da mesma forma e o Mon Ami a recuperar o seu antigo brilho. E consegue passar muito tempo a contar histórias do passado da casa.

Paula Pinheiro, cozinheira do Mon Ami.

Além dos petiscos e das francesinhas, o restaurante serve também pratos do dia. Tudo bem tradicional, como bacalhau com natas, figado de ceboladada, alheira, pescada frita, rojões, arroz de pato ou feijoada. Às terças, a francesinha é mais barata e aos sábados, serve-se tripas à moda do Porto. Variedade para antigos e novos “acionistas”.

O café e restaurante de Gaia está renovado.

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Mapa da ficha ténica
Morada
Rua do Marquês de Sá da Bandeira, 264, (Largo dos Aviadores), Vila Nova de Gaia
Telefone
968 669 763

Website

GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245




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