Manjar do Marquês: o reino do arroz de tomate em Pombal

Manjar do Marquês: o reino do arroz de tomate em Pombal
Manjar do Marquês, Pombal. (Foto: Nuno Brites/GI)
Ninguém faz um arroz de tomate como D. Lurdes, porque seria preciso passar (como ela) mais de 60 anos a apurar o sabor. Na terra onde o Marquês acabou os dias, em Pombal, nasceu um dos ícones da gastronomia em Portugal, O Manjar do Marquês.

Quando chegar dezembro, D. Lurdes há de completar 89 voltas ao sol. Muito menos do que aquelas que dá enquanto mexe cada tacho de arroz de tomate, na cozinha do seu Manjar do Marquês, um espaço amplo e à vista de todos. É assim desde 1986, quando ela e o marido (Evangelista Graça, inesperadamente falecido em 2002) se mudaram do pequeno bar da Shell (à beira da antiga Estrada Nacional 1, hoje IC2) para um restaurante construído de raiz, não muito longe daquele espaço mítico numas bombas de gasolina. Tinham passado 20 anos que ajudam a contar a história do país. Era ali que paravam os grandes corredores de automóveis (“alguns hoje ainda são vivos e passam por aqui”, assinala Lurdes), políticos, industriais, artistas (foi lá que Herman José conheceu Amália Rodrigues, cliente habitual dos pastéis de bacalhau), a burguesia e a nobreza que ainda se destacavam por todo o território nacional.

Usamos esta pescadinha de rabo na boca para contar como nasce, afinal, um clássico como o arroz de tomate do Manjar: “Havia um senhor, brasonado, que parava muitas vezes no bar para comer uns pastéis ou uma posta de bacalhau frito. Um dia pergunta-me: oh D. Lurdes não se arranjava um arrozinho? E eu digo-lhe, oh senhor D. Bernardo, tenho ali um berbigão para fazer para os empregados… só se fizer para si também. O homem foi até Lisboa a falar no arroz. Quando cá voltou, tornou a pedir. Mas eu dessa vez não tinha berbigão, e então fiz só de tomate. Até hoje.” Quem ouve a história delicia-se, mas quem prova o arroz malandrinho (feito em tachos de alumínio ou ferro fundido, e só depois colocado nos pequenos recipientes em barro) também.

Uma das casas emblemáticas de Pombal. (Fotografias: Nuno Brites/GI)

Ninguém faz um arroz de tomate como D. Lurdes.

Ao longo destes 34 anos, o Manjar do Marquês tornou-se uma referência na gastronomia nacional – e um cartão de visita de Pombal e da região. Está dividido em duas grandes salas, à esquerda aquela onde servem diariamente os pastéis, os filetes, croquetes e chamuças, panados e torresmo, sempre acompanhados do arroz de tomate, salada de feijão frades ou migas de nabiças; à direita uma sala mais reservada, à carta, com destaque para pratos tão típicos como o arroz de entrecosto com grelos, cabrito assado, borrego ou polvo assado no forno, entre muitos outros. E os doces? Fiquemo-nos pelos manjares e pelo inigualável leite-creme queimado.

Ao lado de Lurdes Graça trabalha o único filho, Paulo, e agora duas netas, Joana e Marta. A provar que, afinal, o lema foi bem escolhido: “A cozinha de toda uma vida”.

O prato-estrela da casa.

O restaurante existe desde o final da década de 1980.

 

O prato-estrela
Arroz de tomate
O arroz de tomate do Manjar do Marquês é feito em modo contínuo, todos os dias, com poucas horas de interrupção entre almoço e jantar. Lurdes Graça diz sempre que “não tem segredo nenhum”: “Faz-se um refogado, com azeite, alho, cebola… leva sempre pimento, e é deixar o arroz cozer com bastante molho, para não secar”. Acompanha os pratos petisqueiros do restaurante e tornou-se uma referência.

 

O início nos pastéis
O Manjar começou nos anos de 1960, no bar das bombas de gasolina da Shell, onde se vendiam pastéis de bacalhau às dúzias. D. Lurdes fazia-os em casa e só mais tarde se mudou para a cozinha.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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