Uma carta curta com «comida de conforto portuguesa, que se gosta de comer e que se come muitas vezes» complementada por alguns pratos «de tendência», como o ceviche e o tártaro, foi o que o chef André Pinto Baptista idealizou para o Lessa, o seu primeiro restaurante, aberto no início de agosto, a dois passos da praia.
Formado em engenharia ambiental, André explica que o rigor da área o pode ter ajudado na cozinha. «Tive uma base laboratorial muito grande e uma cozinha acaba por ser um laboratório», diz. E os pratos que faz no Lessa são exatamente o reflexo da formação, das experiências e das muitas viagens de André, que se interessou pela cozinha há cerca de dez anos. Interesse que surgiu acompanhada de muita vontade de recuperar o tempo perdido. Portanto, não perdeu tempo.
Frequentou a Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, estagiou no Pestana Palace, trabalhou nas cozinhas dos chefs Kiko Martins e José Avillez, e ainda no restaurante estrelado Pakta, em Barcelona. Fez as malas de novo e viajou pela Austrália, Hong Kong, Singapura e Peru, onde fez uma passagem breve pelo Maido, considerado um dos 50 melhores restaurantes do mundo, em 2017 e 2018.
Antes de regressar ao Porto, há um ano e meio, integrou a equipa da Cevicheria, em Lisboa, mas entretanto, a paternidade deu-lhe vontade de estar mais perto da família. Foi quando regressou a casa e decidiu abrir esta espécie de fusão entre «minimarisqueira» e «minicervejaria», com um conceito «muito virado para o mar».
Os lugares sentados não ultrapassam os doze, distribuídos pelo balcão e quatro mesas, o que promove a interação entre os clientes e o chef, algo que André quer cultivar. Ali, valorizam-se os sabores portugueses com «um toque de elegância», como o carolino de feijão com bochecha de porco, prato que junta três tipos de feijão, pickle de beterraba e pipoca de porco, ou os croquetes da Bairrada que não levam leitão, mas cachaço de porco.
O peixe é apresentado em pratos como a pescaria frita em farinha de milho, num fresco e saboroso tártaro do chef, com peixe branco marinado à asiática, abacate e kimchi ou no ceviche do mercado, com maçã, puré de batata doce e salicórnia. Contudo, a aposta é na comida portuguesa e sobre ela, André admite que «há muito para explorar».
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