Évora: o sucesso do cordeiro no forno no restaurante Tasquinha do Oliveira

O cordeiro no forno é um dos pratos emblemáticos do Tasquinha do Oliveira, em Évora. Fotografia de Leonardo Negrão/GI.
Na Tasquinha do Oliveira são marcantes os sabores da comida alentejana feita por Carolina. Na sala, encontra-se o marido, Manuel, um generoso anfitrião com muitas histórias para contar.

Há quase 25 anos que Manuel e Carolina Oliveira, casados há 41, guiam os destinos da Tasquinha do Oliveira, acomodada numa das principais ruas do centro histórico de Évora. Muito conhecido na cidade e além-fronteiras pela qualidade da cozinha a cargo de Carolina, o restaurante foi crescendo em fama e em proveito, e só não cresceu fisicamente porque o espaço, como qualquer um pode ver, é relativamente exíguo – só lá cabem 10 lugares por causa das medidas restritivas da pandemia. É aconselhável, por isso, reservar mesa com antecedência, pelo menos ao fim de semana ou nas épocas de maior procura turística.

Manuel Oliveira com a mulher, Carolina. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

A pandemia afastou os estrangeiros, mas trouxe mais portugueses às mesas desta tasquinha com toques de sofisticação visíveis nas toalhas engomadas, nos guardanapos de pano e na inusitada escolha do jazz para música de fundo. Nas paredes brancas, saltam logo à vista coloridas faianças e recortes de imprensa nacional e internacional emoldurados num mosaico aparentemente aleatório, mas decorativo. São dezenas. “Já saímos no Financial Times e no New York Times”, diz o anfitrião de 64 anos com satisfação na voz. Um somatório de reconhecimentos de um percurso que Manuel explica ter iniciado há 53 anos na restauração.

Filho de um funcionário da câmara municipal, Manuel começou a trabalhar com 12 anos numa pensão-restaurante em Alcobaça, abandonou a escola na quarta classe, e seguiu para o restaurante da então Pousada dos Lóios, em Arraiolos. Volvidas passagens por outras casas, permaneceu 15 anos no histórico Fialho, em Évora, até saber, por um amigo, que este espaço estava disponível, onde havia funcionado uma taberna, uma retrosaria e uma loja de
brinquedos. Em 1996 abriu as portas e Carolina, que já cozinhava com mãos de ouro para os filhos seguindo o talento do pai, e trabalhara mais de 20 anos na Siemens, começou a encantar toda uma legião de visitantes.

A sala do restaurante. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

“Cozinhar não se aprende”, diz, e a comida caseira que ali faz em doses generosas comprova que o talento nasceu com ela. São dela as pataniscas de bacalhau prontas a comer à mão, de tão estaladiças e pouco gordurosas, o cação de coentrada e o cordeiro no forno com batatas, um dos principais mais pedidos. De criações próprias, apresenta um cremoso suflé de espinafres com camarão. De resto, são variadas as entradas, como a salada de coelho à
empada de perdiz com alho porro, e as sobremesas típicas, caso da sericaia com ameixa e a encharcada, a não perder. Manuel, ainda que se confesse mais apreciador do que disposto a cozinhar, não lhe fica nada atrás no que respeita às sugestões de vinho, dando o merecido destaque aos alentejanos. Casal que ganha, não mexe.

 

Cordeiro no forno. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

Prato icónico: cordeiro no forno
Carolina deixa o cordeiro temperado de um dia para o outro em cebola, alho, salsa, colorau,
louro, pimenta, azeite e vinho branco e depois assa-o durante “pelo menos quatro horas”, para
a carne ser servida já a desfazer-se do osso, acompanhada de batatas sem pele. As carnes
são compradas a produtores locais.

 

Pataniscas de bacalhau (em cima, à direita). (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

O sucesso das pataniscas
Não há quem ali entre que não coma as pataniscas de bacalhau. A cozinheira frita-as o tempo
suficiente “para ficarem loirinhas”, num formato achatado, e por isso são boas de comer à mão
sem engordurar os dedos.

 

Tasquinha do Oliveira
Rua Cândido dos Reis, 45A
Tel.: 266744841
Das 12h30 às 15h e das 19h20 às 22h. Encerra ao domingo e feriados.
Preço médio: 30 euros; 20 euros (cordeiro no forno); 2 euros/unidade (pataniscas)




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