Diana Barnabé e Tiago Lessa: “A gastronomia portuguesa é feita de diferentes geografias”

Diana Barnabé e Tiago Lessa sáo os criadores do Canal Pança, plataforma audiovisual sobre gastronomia. (Fotografia de Pedro Correia/GI)
Revelar os percursos de seis chefs mulheres que trabalham em Portugal é o mote do “Enxoval”, do Canal Pança, projeto audiovisual criado por Diana Barnabé e Tiago Lessa.

Há muitos projetos ligados à comida. O que traz de novo o Canal Pança?
Tiago Lessa: Não é um canal de receitas. É a expressão da nossa visão da gastronomia. Usamos a gastronomia como veículo para pensar e comunicar a nossa visão sobre o mundo, porque acreditamos que a gastronomia é uma expressão da cultura, é antropologia, é sociologia, é política.

Mas há receitas nos programas “Podre de bom”, sobre fermentados, e no “Anita e Garibaldi na cozinha”, onde recriam pratos que provaram.
Diana Barnabé: São um ponto de partida para pensar sobre a cadeia de valor da gastronomia, técnicas de cozinha, para pensarmos e discutirmos sobre sustentabilidade, futuro e tradição. Vamos ter receitas, debates, conversas, experiências, documentários.

(Fotografia de Pedro Correia/GI)

O que contam no “Enxoval”, estreado na semana passada?
DB: Histórias com finais felizes e de verdade. Surge de uma vontade de conhecer as histórias e heranças de algumas cozinheiras e chefs em Portugal, e também para contar histórias individuais, para percebermos a história coletiva que estamos a construir.

Como é que selecionaram as seis entrevistadas?
DB: A intenção era ter formas diferentes de ver, de pensar, de comunicar, e geografias diferentes. Porque a nova história da gastronomia portuguesa é feita de diferentes geografias. Não podemos daqui a 50 anos contar a nova história da gastronomia portuguesa dizendo que ela é só portuguesa. Porque nunca foi: tivemos sempre heranças culturais de outros países, algumas dadas, outras roubadas. Preparar uma nova história da gastronomia portuguesa é também recolher registos do que está a acontecer no tecido gastronómico nacional. E isso está a acontecer pelas mãos da Inês Pando [co-proprietária do Mafalda’s], e da Isa Cordaro. É um grande exemplo do que pretendemos com este programa. A Isa é brasileira, com ascendência libanesa e italiana, a viver e a cozinhar em Portugal, na Maia. De alguma forma, nós procuramos comunicar esta diversidade que existe.

Porto, 06/01/2023 – Diana Barnabé e Tiago Lessa e Diana Barnabé criadores do Canal Pança, plataforma audiovisual de programação regular sobre gastronomia.
(Pedro Correia / Global Imagens)

O que é que ainda podemos esperar do Canal Pança?
DB: Mais chefs a cozinhar em Portugal – não posso dizer portugueses porque nem todos são portugueses – e a partilharem as suas dicas e visões, numa ótica de aproximar a cozinha doméstica a uma cozinha profissional, principalmente para aprendermos com as práticas e transformarmos a nossa cozinha em casa em algo mais eficaz e competente. Podem-se esperar novas vozes, novos territórios, e novos formatos digitais, mas também novos formatos presenciais.


CANAL PANÇA
Receitas, conversas, debates, experiências e documentários fazem parte da programação do Canal Pança, que pode ser vista no YouTube, e ouvida no Spotify, e noutras plataformas de podcast. Aos domingos, há novos episódios.


 




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