Crítica de Fernando Melo: Zé Varunca, em Paço de Arcos

(Fotografia: DR)
Nenhum território bate o imenso e vasto Alentejo na força com que bate e vibra nos corações da sua diáspora lisboeta. Receituário de código aberto, mil segredos e a facilidade com que nos entregamos para adopção neste reduto mágico que é o Zé Varunca, em Paço de Arcos, fazem desta casa a catedral que tantas vezes procuramos.

A família é mesmo a grande força quando é funcional e articulada. Estaria longe de imaginar Maria Josefina Varunca, cozinheira de génio do estremocense Águia d’Ouro que iria induzir no filho José Varunca de Sousa a paixão pelo seu ofício a ponto de fundarem ambos o restaurante Zé Varunca, em 1981, também em Estremoz, ao lado da casa da família. José casou com Teresa, que desde logo se revelou escolha certíssima no comando dos fogões, passando a ser portadora do legado da sogra.

O filho mais novo, João secundou desde menino os seus pais, enquanto o mais velho, Ruben fez outras opções profissionais, até que agora, neste Zé Varunca de Paço de Arcos se juntou ao irmão e pais, recongregando a família nuclear na nova ventura. Lisboa e Oeiras conheceram pelo caminho também a marca Zé Varunca, sempre com a mesma assinatura. Espaços de culto gastronómico e de convívio dos amantes da cozinha alentejana, suas raizes e sabores.

A sopa de cação da casa. (Fotografias: DR)

Todos os dias a chef Teresa prepara primorosamente cinco ou seis pratos, produzidos com produtos de primeira e quase sempre do muito querido Alentejo. Ou então pertencem à inefável cozinha popular de sempre, a mesma que todos inventaram e é de sempre.

Caldos e sopas estão fixados no cardápio em três declinações certeiras. É alquímica a sopa de cação (15 euros), acerto de fundo na composição, brilho culinário na integração de farinha e vinagre. È universal e fabulosa a açorda de bacalhau à alentejana (15 euros). E a sopa de tomate com ovo, chouriço e toucinho frito (10 euros) é livre-trânsito para ir ao céu, acidez correctíssima e muito sabor.

A açorda alentejana do Zé Varunca.

Os pézinhos de porco de coentrada (15 euros) são gloriosos, há que saber ao que se vai e fica-se longos minutos a chupar os ossículos. O ensopado de borrego (19 euros) é quase minimalista tal a pouca intervenção que tem e o resultado que é oferecido no prato. A galinha do campo de cabidela (16 euros) é todo um manifesto culinário. E faz-se aqui de forma exímia umas incontornáveis migas com entrecosto no cacete (16 euros).

Nas doces terminações a oferta é farta e variada, e é tudo feito aqui. Recomendável a sericaia sem ameixa (4,25 euros), consistente e bravo o teculameco (4,75 euros), inesperado e muito bom o pudim de água de Estremoz (4,75 euros). Importante é consultar a lista de pratos da semana e adaptar a vida de acordo com a oferta.

O receituário alentejano é o pilar do restaurante.

Classificação:
O espaço: 4 / 5
O serviço: 4 / 5
A comida: 4,5 / 5

A refeição ideal:
Sopa de cação (15 euros)
Cozido de grão com vagens (16,50 euros)
Açorda de bacalhau (15 euros)
Migas com entrecosto no cacete (16 euros)
Pudim de água de Estremoz (4,75 euros)

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Mapa da ficha ténica
Morada
Avenida Engenheiro Bonneville Franco 22A, Paço de Arcos
Telefone
214 411 839
Horário
Das 12h às 15h e das 19h30 às 22h30. Fecha: Domingo
Custo
() Preço médio: 27 euros


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245




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