Crítica de Fernando Melo: Restaurante Faina, em Portimão

O crítico Fernando Melo foi ao restaurante Faina, em Portimão.(Fotografia: DR)
O Museu da cidade alberga uma pérola culinária que resume o barlavento de outrora e propõe uma viagem na crista da onda do novo receituário marítimo. Emídio Freire é timoneiro seguro a bordo do restaurante Faina.

Cá fora encontramos o curioso sem-fim teleférico, ainda com as cestas utilizadas nos tempos que já lá vão para aliviar as traineiras do pescado saltitante e instalar a festa na lota. Logo ali, a ponte sobre o Arade que abre acesso à EN125 e as muitas memórias de tempos luminosos dos vaivéns de frescura e produto de primeira atordoado na grelha que logo ali se consumia. Instalou-se o museu de Portimão exatamente aí, e hoje é um marco incontornável da cidade, tanto para conhecer as origens como para participar a atividade cultural de brilho e talante que se vai oferecendo ao longo do ano.

Chamou-se Faina ao espaço restaurativo e de cafetaria e curiosamente veio de bem longe quem há cerca de dois anos fez dele embarcação de aventura pelos sabores portugueses. Emídio Freire é angolano aqui aportado há muito e juntamente com a sua mulher Ana governa com criatividade fascinante um cardápio onde consta tudo de que precisamos para ser felizes. Nem de propósito, encabeça a ementa a secção era uma vez, de sabores antigos em tempos modernos, e é uma sequência de petiscos inaugurais na qual podemos, querendo, permanecer. A atmosfera de prateleiras metálicas e paredes de tijolo faz brilhar a garrafeira, conservas e muitos outros produtos, tornando-nos parte do cenário.

Simplicidade é a palavra de ordem e por isso entregamo-nos sem complexos aos maravilhosos croquetes de vitela com mostarda (4,50 euros, 3 unidades) ou aos mais ousados mas conseguidos ovos com biqueirão (4,50 euros). Fica a alma presa ao esparguete à conserveira (12,50 euros), tanto por elevar a cavala picante em conserva e iguaria dos deuses como por ilustrar na perfeição a própria faina que aqui mesmo deixou assinatura assumida. As papinhas de lingueirão com chouriço (9,50 euros) namoram o xerém na apresentação mar-terra primordial, depois de provar todos passam a fazer em casa, de tão bom que é para partilhar com os amigos. Outra perdição entradeira é o camarão marafado (12,50 euros), assessorado por alho, biqueirão, coentros e malagueta.

Nos pratos principais, pomos a bandeira no sandokan tigre algarvio (24,50 euros), e consta de três camarões-tigre grelhados na chapa servidos com batata frita. Viciante o polvo à Gomes de Sá (16,50 euros), quase a fazer-nos pensar por que nunca nos ocorreu tal ideia, mas o génio culinário é mesmo isso, e como é bem-vindo no imenso rol de maresias portuguesas. Há um atum braseado (17,50 euros) que merece paragem, vem com batata-doce frita e molho de pistácio e soja. Irresistível é o tártaro de atum com granizado picante de manga (17,50 euros), feito com atum fresquíssimo matizado com coentros, gengibre, cebola roxa e rabanete. E nas doces terminações, maravilha a torta de alfarroba com curd de limão (4,50 euros). Combinações infinitas a fazer de cada faina de refeição uma festa.

A refeição ideal
Ovos com biqueirão (6,50 euros)
Atum à Bulhão Pato (14 euros)
Polvo à Gomes de Sá (16,50 euros)
Sandokan tigre algarvio (24,50 euros)
Torta de alfarroba com curd de limão (4,50 euros)

Partilhar
Partilhar
Mapa da ficha ténica
Morada
Museu de Portimão
Telefone
282461163
Horário
Das 11h30 às 23h00. Encerra segunda
Custo
() Preço médio: 23 euros


GPS
Latitude : 37.130893
Longitude : -8.53446299999996

Leia também:

Crítica de Fernando Melo: Maria Rita, em Mirandela
Crítica de Fernando Melo: Grand Salon, Vila Real de Santo António
Crítica de Fernando Melo: Pátio dos Petiscos, em Montemor-o-Novo




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend