Crítica de Fernando Melo: restaurante Barão, em Alijó

(Fotografia: DR)
Aberta em 1944, foi propositadamente construída para servir de pousada e foi das primeiras idealizadas por António Ferro. Rui Sousa é o proprietário, Gilberto Rodrigues o director desde há uma década e querem manter a vocação original. No restaurante Barão é rainha, fada e senhora a chef Fátima Galego, que urge conhecer.

A primeira pousada a abrir foi a de Santa Luzia, em Elvas, em 1942 e desde logo a rede se consolidou de norte a sul, oferecendo tipicidade e autenticidade a ficantes e passantes, tónica forte posta na oferta gastronómica de cada reduto. A chef Fátima Galego governa o fogo do restaurante Barão desta quase pioneira pousada, evocação do grande Barão de Forrester, o mesmo que dedicou grande parte da sua vida a inventariar e registar o vale vinhateiro do Douro.

(Fotografia: DR)

Adepta dos sabores directos sem véus nem disfarces, Fátima detém mil segredos que se vão revelando à medida que que a vamos visitando e conhecendo. Firmino Galego, seu marido, chefia a sala e é o guardião da cave, onde encontramos tanto títulos sonantes como pérolas ainda por descobrir e que com paixão propõe em cada empreitada. Manobra concertada do casal, que nos faz sentir como em casa. Sentemo-nos e exploremos.

Quando levamos a primeira colher de caldo verde de salsa à boca (4 euros) tocamos logo na essência da matriz culinária da chef Fátima e que define a sua brilhante cozinha. Sentimos a textura clássica, de sempre mas há um twist que nos desinstala e convoca. O simples caldo verde é um pequeno festival de frescura e leveza. Assim como o guisado de míscaros do campo sobre tostas de broa e aroma a Porto (7,80 euros), que nos mostra candidamente os sabores da terra ligeiramente salteados e ao mesmo tempo nos chama para uma envolvência de aromas que nos faz sentir maiores e mais soltos. Incontornáveis são as gambas crocantes com aioli negro (13,90 euros), viciantes desde a primeira garfada, o aioli oferecido à maneira de dip. Prato genial.

(Fotografia: DR)

Há mestria na confecção e apresentação dos lombos de bacalhau nas brasas com crosta de broa, azeite e pó de azeitona (16,50) euros, pureza cristalina dos temperos, acerto total nas cozeduras, resultando em crocância estimulante. Terminamos a jornada salgada com o surpreendente coelho frito em vinha d’alhos com batata dourada e tomate assado com ervas aromáticas (15,50 euros), fritura sem gorduras sobrantes, crocância cheia de sabor, tudo a elevar o coelho ao mais elevado patamar culinário.

A escolha da terminação doce recaiu no alquímico toucinho do céu com calda de frutos vermelhos e gelado de nata (5 euros), regalo conseguido sem excessos de açúcar e muito equilíbrio. Na próxima escapada, imersão gastronómica total.

A refeição ideal
Caldo verde de salsa (4 euros)
Alheira de caça, maçã caramelizada, redução de vinho do Porto (9,60 euros)
Gambas crocantes com aioli negro (13,90 euros)
Arroz caldoso de berbigão e camarão (37 euros, min. 2 pessoas)
Coelho frito em vinha d’alhos com batata dourada e tomate assado (15,50 euros)
Crème brulée de vinho do Porto (4,50 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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