Crítica de Fernando Melo: Belmiro, Lisboa

(Fotografia: DR)
O novo restaurante de Belmiro de Jesus tem finalmente o seu nome. Um percurso notável pelas funções mais diversas no universo da restauração, do jovem de 16 anos que começou na Adega da Tia Matilde, no Rego, ao empresário sério de hoje, permanecem a energia e a inquietude de quem quer fazer tudo bem feito. Num trabalho interrompido apenas por força do confinamento, fomos ao Belmiro.

Belmiro de Jesus tem 46 anos e é de Fiolhoso, concelho de Murça, em Trás-os-Montes e tem o condão de nunca parecer sequer cansado. Instalado agora com estilo e esplanada no Paço da Rainha, o seu exercício favorito que é viajar de mesa em mesa para falar com os clientes continua a ser feito como sempre, oficiando sem mácula ao fogão e atento ao mais ínfimo pormenor.
Nos 30 anos de carreira que agora se pode orgulhar de festejar, todos os dias aprendeu sempre muito. Compra e serve apenas o melhor e faz disso bandeira, em todas as frentes. Neste regresso com cara de estreia, entrei já com a gula afinada para as gulodices que só Belmiro tem.

As empadinhas de frango (1,20 euros), massa e recheio irrepreensíveis; o queijo fresco de cabra (3,95 euros) feito com leite fervido; a saladinha de pimentos assados (3,95 euros), o clássico que só apetece aqui; as lascas de presunto pata negra Maldonado (13,95 euros) a que só um louco diz que não; e as migas de batata e ovo (7,50 euros), de cremosidade impressionante; assim ditas até parece uma refeição mais que completa.

Mas não se vai sozinho ao Belmiro, a boa companhia escoa rapidamente o que vai passando pela mesa. A sopa de tomate com bacalhau e ovo escalfado (13,95 euros) evoca em tudo o Alentejo que o chef tem no coração e na memória e configura praticamente uma refeição completa.

Há três bacalhaus: sames (16,95 euros), grelhado com batata a murro (14,95 euros) e com natas e coentros (13,95 euros), e peixe do dia fresco e bom, saem desta cozinha filetes de garoupa com arroz de tomate (17,95 euros) de nível antológico; daqueles que parece fácil fazer em casa.

Nas carnes estamos como na gruta de Aladino, começando nos pezinhos de porco de coentrada (12,95 euros), autoria primordial deste homem que insiste em não ser vaidoso, passando pelas bochechas de vitela estufadas (15,95 euros), e terminando na muito sua perdiz de escabeche (16,95 euros). Doçaria de truz toda feita aqui, carta de vinhos original e rica, são muitas as razões para adotar este novo Belmiro como segunda casa.

Belmiro Restaurante

(Fotografia: DR)

Rua Paço da Rainha, 66, Lisboa
Tel.: 218852752
Das 12h às 23h30. Encerra domingo.
Preço médio: 24 euros

A refeição ideal
Empadinha de frango (1,20 euros)
Migas de batata e ovo (7,50 euros)
Pezinhos de porco de coentrada (12,95 euros)
Lebre com feijão (17,95 euros)
Encharcada de ovos (4,95 euros)




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