Crítica de Fernando Melo: Aquárius Restaurante, na Guarda

Aquárius, Guarda. (Fotografia: DR)
O tempo passa, sabemo-lo bem mas 30 anos numa casa multidisciplinar na qual peixe, vinho e tachos são de reputação cósmica colocam-na nos pícaros nacionais. Jorge Silva é o proprietário feliz do Aquárius, na Guarda, sempre intranquilo para dar apenas o melhor aos seus clientes. Uma refeição aqui é sempre uma grande viagem.

No Inverno tirita-se e desliza-se pela caprichosa e rija neve, no Verão sua-se as estopinhas, num e noutro extremos a rua na cidade mais alta do país está longe de ser onde se está melhor. Acresce a este cenário o facto de estarmos sempre a subir ou descer, pelo que os refúgios restaurativos são muito bem vindos, para dizer o mínimo. Na pressa de subir ou descer, torna-se difícil dar com o Aquárius à primeira, mas é casa que nunca mais se esquece. Franqueada a porta, estamos numa espécie de gruta de Aladino, mesas petisqueiras postas e escaparates de toada enófila muito séria.

Este é um modo de usar possível da casa, Jorge Silva é coleccionador fervoroso e tem paixão pela partilha. Mas perdemos muito se não nos oferecemos à prova das delícias culinárias do chef Paulo Fonseca. As gambas flamejadas com alho (8,90 euros) são uma espécie de boas vindas, com um pé na cozinha e outro no mar, e daí avançamos facilmente para uma tábua serrana (7,90 euros), composta por queijo, presunto e lombo cabeceiro ou para a carinhosamente chamada rosa de presunto (6,90 euros), que é o dito cortado a preceito e nos aconchega a alma. Sabe bem chegar e ter estas gulodices ao nosso dispor.

O Aquárius funciona há três décadas, focado nos peixes, carnes e comida de tacho. (Fotografias: Aquárius)

Aconselho vivamente a posta de corvina do Atlântico com açorda de peixe (15,90 euros), frescura irrepreensível, caldo e textura da açorda de grande talante culinário. A lota de Aveiro tem ligação directa aqui a estes altos, há sempre peixe fresco. Sou fã das lulas grelhadas com estaladiço de bacon (14,95 euros), raramente começo por outros pecados aqui, que são pequenas e impolutas redenções. Curiosa e sápida solução marisqueira são as gambas à Brás (14,95 euros) e há bom marisco ao natural para debicar e casar com bons brancos da Beira Interior.

Os nacos de vitela jarmelista (14,95 euros) de proveniência bem local e certificada são deliciosos, e há rasgo criativo no folhado de aves com mix de saladas e aromas do pomar (13,50 euros). O cabritinho de leite na brasa com migas de boletos (16,95 euros) é tentação a que devemos ceder, mesmo que já no final da empreitada. Há sobremesas de inspiração caseira e queijo Serra da Estrela para ficar mais um pouco, à frente de um bom tinto Rufete.

O restaurante fica situado na Guarda.

A refeição ideal:
Rosa de presunto (6,90 euros)
Gambas à Brás (14,95 euros)
Polvo á lagareiro (24,90 euros)
Nacos de vitela jarmelista (14,95 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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