Bacalhau sem disfarces no Bem-me-Quer, em Braga

Bacalhau à Bem-Me-Quer, no restaurante homónimo. (Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens)
José Dias é figura ímpar no cenário gastronómico nacional e no seu reduto no Campo das Hortas que é o restaurante Bem-me-Quer governa todo um mundo da forma mais discreta: cozinhando. Mas quando fala encanta e atrai da mesma forma amadores e profissionais consagrados. Uma refeição no seu restaurante é sempre uma epifania.

O mais importante primeiro. Não há bolinhos de bacalhau melhores que os do Bem-me-Quer. Secos, crocantes, sabem a bacalhau e não a batata, e por 80 cêntimos cada já temos uma refeição digna do olimpo. O bolinho passa a pastel quando descemos para o sul, mas o termo de comparação e o grau superlativo permanecem. José Dias é assim, perfeito no que faz, perfeccionista no que organiza.

O restaurante onde estamos está integrado na “cordilheira dos clássicos”, o que quer dizer que todos pugnam pelas suas versões do chamado bacalhau à Braga. É um grande cozinheiro e tem em Glória Silva o apoio culinário total na cozinha. Guarda para ele o governo dos dois pisos da casa, a que muitos acorrem para se entregar aos seus cuidados. O bacalhau à Bem-me-Quer é mais uma declinação perfeita do fiel dentre as produzidas na cidade dos arcebispos. Foi criada por Joaquina Soares Gomes, sogra de José Dias e marca em 1953 o nascimento do restaurante.

Com quem refinou Joaquina as suas artes? Com a celebérrima Eusébia, cozinheira do restaurante Narcisa. Quem não terá sido influenciado por essa mítica figura? A casa de pasto sita na pensão Bem-me-Quer dá, com Irene Oliveira – filha de Joaquina – e José Dias, lugar ao restaurante Bem-me-Quer que ainda hoje existe e está para durar por muitos e bons anos.

José Dias e Irene, proprietários do Bem-Me-Quer. (Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens)

Já se vê que o bacalhau à Bem-me-Quer tem a sua matriz de execução e inspiração no bacalhau à Narcisa, mas o bacalhau frito com arroz do mesmo é hoje também um prato-estrela e é brilhante, quanto a textura, sabor e genuinidade. José Dias gosta de sabores diretos, sem disfarces nem embustes, imposição talvez da sua ascendência transmontana, nascido e criado em Bragança.

Estamos na altura de começar a apreciar as papas de sarrabulho, e no Bem-me-Quer são de truz. Assim como o pudim do abade de Priscos, de que José Dias é não só cultor mas também executante de grande brilho.

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Morada
Campo das Hortas, 6, Braga
Telefone
253262095
Horário
Das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 22h00. Encerra domingo ao jantar e à quinta.
Custo
(€€) Preço médio: 23 euros


GPS
Latitude : 41.54979630497043
Longitude : -8.42986820367014

Bem-me-Quer
Campo das Hortas, 6, Braga
Tel: 253262095
Das 12h às 15h e das 19h às 22h. Encerra quinta e domingo ao jantar.
Preço médio: 22 euros




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