Uma cozinha para todos os dias?
A que é feita com esmero, rigor e amor e que respeita os produtos locais e de estação. O que a torna também num ritual de sabores que não prescindo, na época própria: os cornelhos, em março e abril, o tomate coração de boi no verão, os grelos e as couves tronchas no inverno.
Na hora de comer fora, o que pesa mais: o fator novidade, a comida, o nome do chef ou o boca a boca?
A comida obviamente e que os pratos tenham no máximo três palavras.
Uma dica infalível para não errar na escolha do vinho?
Uma dica infalível não conheço. Mas o prazer da descoberta recompensa o erro.
Um vinho que não lhe sai da cabeça?
Provei-o num evento da Essência do Vinho, no Porto. Foi um Quinta do Noval Vintage Nacional de 1863, o ano do casamento de Dona António. Uma grande homenagem ao Douro e a demonstração da longevidade dos vinhos da região. Mantinha-se em plena forma.
Qual o maior trunfo dos vinhos portugueses?
O apreciador internacional de vinho gosta de ser surpreendido e nesse aspeto Portugal tem muito para oferecer. Fugindo das castas internacionais, temos para propor uma enorme diversidade. Quem nos visita, em geral, vem com expetativas baixas e é agradavelmente surpreendido com a nossa gastronomia e os nossos vinhos.
O que nunca pode faltar na sua despensa/frigorífico/adega?
Um bom vinho do Porto Tawny 10 anos, espumante e água.
Qual a região, ou as regiões portuguesas, que ainda nos vão dar muitas alegrias?
O Douro obviamente, que ainda está a dar os primeiros passos nos DOC Douro em termos de afirmação internacional. A força da paisagem vai ajudar neste caminho. O Dão tem também muito para dar.
O paladar, educa-se?
Educa-se, treina-se e refina-se.
Um vinho que ainda está na sua bucket list?
O Noval Vintage Nacional de 1931.
Um prato com sabor a infância?
Um cozido à portuguesa, poucos dias depois da matança. Feito em Sever de Vouga, em dezembro, com as couves tronchas no ponto ótimo, as batatas que sabiam a batata, os enchidos acabados de fazer e os maravilhosos ossos da suã.
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