Para entrar no novíssimo Ruby Rosa é preciso subir de elevador até ao quinto piso do hotel de apartamentos Lisbon Art Stay, na Rua dos Sapateiros. Seguem-se dois lances de escadas revestidas a carpete espampanante e com paredes espelhadas, um quase labirinto que desemboca numa pequena sala ao comprido, e chega-se ao terraço suspenso sobre o quarteirão pombalino. À esquerda, o castelo; à direita, o Elevador de Santa Justa e o Convento do Carmo; em frente, o recorte azul do Tejo.
As paredes de espelho da sala multiplicam as imagens como um caleidoscópio, ou conforme explica a designer de interiores Chiara Gerer (da família que gere o hotel), “uma reinterpretação de uma caixa de joias em grande escala”. Há sofás e cadeiras com tecidos de padrões garridos e desirmanados, e como a ocupação é de apenas 35 pessoas, existe uma sala no piso inferior com uma campainha que permite aos clientes pedir uma flute de espumante, enquanto esperam para subir ao Ruby Rosa.
O estilo “kitsch” aplica-se também à farda dos funcionários, que podem compor um visual diferente todos os dias a partir de um guarda-roupa vintage. Tudo em sintonia com o conceito do bar, liderado pelo head bartender Alex Camargo. Natural de São Paulo e com 41 anos, trabalhou em grupos de conhecidos chefs como Alex Atala e Henrique Fogaça. Aqui, propõe um leque de cocktails anglosaxónicos criados entre 1862 e 1930 (década da Lei Seca e dos bares speakeasy), e outros quatro originais.
O It’s a Date (trocadilho com “tâmara” em inglês) leva vinho de tâmaras, rum, azeite balsâmico e fernet branca – o fruto ajuda a limpar o paladar após o primeiro gole – e o Bold Fashioned é uma reinterpretação do clássico Old Fashioned com cachaça envelhecida, melaço de cana com romã e digestivo amaro averna. Já o Nutty Boy leva bitters de angostura, brandy português, orchata de castanha, limão e clara de ovo; e o Too Mush-Room cogumelos fritos e óleo de sésamo tostado, na receita.
Em linha com a irreverência dos cocktails há quatro sugestões de “finger food” para comer sem medo de sujar os dedos, como bola-de-berlim salgada com miolo de camarão e mousse de abacate e um “bembom” de pato confitado em grué de cacau com castanha e redução de líchia. O Ruby Rosa predispõe os clientes a ficar, beber e socializar e tem como ambição reaproximar os lisboetas da Baixa. No piso térreo funciona o restaurante/bar Navega e abriu o bar Fãncy, com DJs, cocktails e petiscos.
Longitude : -8.2245