Há cinco novos bares para sair à noite em Lisboa e Cascais

O Bar Mais Triste da Cidade fica na zona de Santos. (Fotografia de Rita Chantre/GI)
Boa música, decorações arrojadas, vinis, cocktails e cortinas festivas ou de veludo: nestes cinco novo bares em Lisboa multiplicam-se os ambientes propícios a noites bem vividas. Conheça-os aqui, em detalhe.

A Viagem das Horas
Vinhos, petiscos e “boa vibração”

LISBOA Junto ao Mercado de Arroios, A Viagem das Horas chegou para juntar vinhos de pouca intervenção e petiscos, ao som de discos em vinyl e ambiente descontraído. Nuno Cardoso

 

Expostos pelas paredes estão discos em vinyl de gigantes como Nina Simone, Aretha Franklin e Cesária Évora, mas um em específico tem um carinho especial para Ricardo Maneira: “A Viagem das Horas”, do brasileiro José Mauro, uma raridade que foi reeditada na mesma altura da abertura do seu espaço, e que acabou por batizar o recente bar de Arroios, a dois passos do mercado.

A música tem um papel fundamental aqui, não só pela coleção de vinyl do dono, que vai tocando em gira-discos e dando ritmo às tardes e noites do bar, mas também pelo próprio passado de Ricardo, um DJ que viu na pandemia a oportunidade de acelerar um desejo antigo, o de abrir uma morada com “com boa vibração, boa onda”, conta o angolano, a viver em Portugal desde a adolescência.

N’A Viagem das Horas, os vinhos são um dos pilares da casa, com mais de trinta referências de pequenos produtores e foco especial nos de pouca intervenção e naturais, com preços para todos. “Escolho os vinhos como escolho a música, os que têm que ver com a minha identidade e deste bar”, diz Ricardo. Para acompanhar, há petiscos variados, fazendo-se valer das mais-valias locais e não só – pão artesanal da vizinha Terrapão, peixe comprado no Mercado 31 de Janeiro, queijos veganos à base de amêndoa e caju de Aljezur e azeite alentejano da Mainova. Para picar, há ainda camarões com molho de manteiga e wasabi, gaspacho, saladas e tibornas. Já o húmus e babaganoush chegam do Mezze, restaurante do Médio Oriente situado ali ao lado.

Dentro de paredes, cria-se um ambiente intimista, até pela redução do espaço, mas a esplanada traz alternativas ao ar livre. Os eventos pontuais fazem parte da rotina do bar, com pop-ups de comida palestiniana, provas de vinhos e DJ a animar o serão de quinta a sábado – basta ir estando atento às redes sociais. Os concertos de jazz ao vivo são um dos desejos para o futuro.


O Bar Mais Triste da Cidade
Whisky, piano e introspeção

LISBOA Chama-se O Bar Mais Triste da Cidade e é a recente morada intimista onde não há pressões para se estar feliz. Ao piano e ao jazz, junta-se whisky e uma banda sonora introspetiva. Nuno Cardoso

 

O nome suscita curiosidade, mas o hiperbolismo na autodefinição não deve distrair os mais céticos do que é O Bar Mais Triste da Cidade: um espaço recente em Santos com forte aposta na garrafeira de whisky, uma seleção musical cuidada que abrange de Björk a jazz e à banda sonora de Twin Peaks – e tudo o que cabe no meio -, e uma morada onde se pode dar largas à introspeção e a uma certa melancolia, a um serão mais calmo, a sós ou na companhia de alguém.

A ideia de Camila Prado Fonseca, proprietária, já vem dos tempos d’O Bom, O Mau e O Vilão (clássico do Cais do Sodré), e agora concretiza-se em Santos, a paredes-meias com os seus restantes projetos, o Flat e o Lulu, Um Pub Bonito. “Este é um bar onde podemos estar como somos, sem pressão para estarmos felizes. Se estivermos tristes, podemos abraçar essa tristeza, mas não é algo forçado”, conta Raquel Azedo, gerente. Com lugar para 40 a 50 pessoas, o bar intimista divide-se em duas zonas: uma primeira onde dominam dourados, espelhados, um piano, cortinas de veludo e uma bola de espelhos; e uma segunda, para beber à mesa ou ao balcão, mais garrida, com fitas coloridas a encher as paredes. Até porque depois da tristeza, “vêm os picos de euforia”, explica Raquel.

Na carta de bar, encabeçado pelo bartender Rúben Guerreiro, domina a dezena e meia de referências de whisky – o rei e senhor desta morada, com origens variadas, japonesas, irlandesas, escocesas, portuguesa, etc -, mas também há outros destilados, cocktails clássicos, vinho a copo, champanhe e cerveja artesanal.

A programação cultural e eventos fazem parte da génese d’O Bar Mais Triste da Cidade, com concertos de piano e jazz – alguns improvisados por quem ali se senta só para beber um copo -, espetáculos de stand up “para pensar na vida”, poesia erótica ou speed dating com slow dancing, além das habituais matinés ao domingo. Basta ir espreitando as redes sociais para ficar a par.


Vícios à Mesa by Maus Hábitos
Um clássico da Invicta na capital

LISBOA Vinte anos depois de nascer no coração portuense, o Maus Hábitos abre asas e chega à capital, com as pizas e cocktails de autor mais vendidos, sem esquecer a sua curadoria cultural. Nuno Cardoso

 

Duas décadas depois de nascer e de se tornar num clássico portuense, o Maus Hábitos abre asas e expande-se em moradas e território, com duas novas casas, em Lisboa e Vila Real. O desejo já era antigo, mas o timing certo só chegou agora. “A pandemia trouxe essa pressão. Os momentos desafiantes fazem-nos olhar para outras hipóteses, estar abertos a oportunidades”, conta Daniel Pires, fundador da casa, que na capital se instala dentro do Selina Secret Garden, alojamento entre o Bairro Alto e Santos.

No Vícios à Mesa by Maus Hábitos, junta-se zona exterior com duas salas, um pátio interior com esplanada e um terraço com bar e vista panorâmica sobre o antigo casario alfacinha em redor. Ainda que algumas vertentes da casa-mãe não estejam presentes, para já, como exposições e residências artísticas, muita da identidade portuense está aqui espelhada, a começar pelos concertos ao vivo, performances artísticas, cabaret, noites de open mic e poesia. Mas também com a carta, com os best sellers da morada da Invicta.

À mesa, cabem dinâmicas diferentes – pequeno-almoço, almoço, jantar e petiscos entre refeições, já que a cozinha não fecha -, optando-se entre saladas, burrata, húmus, propostas vegetarianas e mais de uma dezena de pizas de massa fina caseira. Para acompanhar, há destilados, vinhos, cerveja, sumos naturais, licores e os reis da casa – leia-se, os cocktails clássicos e de autor. Neste campeonato, vale a pena provar o Mandarine (gin, licor de flor de sabugueiro, puré de maracujá, lima, clara de ovo) e o Gin Basilicum (gin, limão, tabasco, manjericão, gengibre).

No interior, a comida, a bebida e a arte casam-se em ambiente descontraído, chamariz da marca, junto a plantas diversas, bolas de espelhos, luzes coloridas em néon, livros e jogos de tabuleiro. Ao todo, pelos vários espaços do Vícios à Mesa, cabem cerca de 140 lugares. Os amigos de quatro patas estão incluídos, ou não fosse este uma assumida morada pet-friendly.


MEL – Museu Erótico de Lisboa
O novo erotismo do Cais do Sodré

LISBOA O Museu Erótico de Lisboa estimula os cinco sentidos à luz do universo do erotismo com provocantes esculturas em gesso, cocktails de autor, petiscos de comer à mão e espetáculos, no Cais do Sodré. André Rosa

 

A antecâmara do MEL – Museu Erótico de Lisboa parece um museu, com dezenas de pequenas esculturas em gesso expostas dentro de armário. Qual preliminar de uma relação, convida os visitantes a escolher primeiro uma peça correspondente a uma das “sete fases da paixão”: busca inconsciente (coração), motivação (maçã trincada), desejo (coelho), impulso (pénis), excitação (malagueta), orgasmo (arma) e resolução (flor).

“As mulheres escolhem mais o pénis, mas a peça mais pedida é a malagueta, talvez pela cor vermelha”, comenta Penélope Alves, a gestora deste novo espaço de diversão noturna do grupo Mainside, responsável pela Pensão Amor, que assinala 10 anos. Escolhida a peça de gesso – todas desenhadas pelo artista João Cruz Malheiro -, os clientes podem levá-la para casa ou quebrá-la numa prensa para ler o oráculo escondido no interior.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

No MEL, tudo remete para o ambiente noturno associado ao erotismo da sedução. Atrás das cortinas de veludo vermelho abre-se uma ampla sala com arcos de pedra e decorada com elementos asiáticos e ocidentais. A parte superior das paredes surge preenchida com pinturas oníricas do artista plástico Diogo Muñoz, feitas a partir de uma coleção de pinturas e esculturas em que Cicciolina e o artista Jeff Koons posaram em cenas de sexo.

Ativista política, ex-atriz pornográfica, cantora e escritora húngara naturalizada italiana, Ilona Anna Staller – mais conhecida como Cicciolina – chegou mesmo a casar-se com Jeff Koons em 1991 e a ter um filho da relação. Agora, a composição “Made in Heaven” que ambos eternizaram é mote de contemplação enquanto os clientes usufruem do MEL. O espaço quer também surpreender com espetáculos de variedades e outras performances, tirando partido de duas cadeiras suspensas.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

No balcão do bar, as provocações leem-se discretamente nas bases dos copos (“sweet tongue”, “bad boy” e “you can stay”, entre outras) e bebem-se em nove cocktails da autoria do barman Evy Silva. O Life’s a Beach, por exemplo, leva
whiskey, licor de cereja maraschino, vermute branco, sumo de laranja e xarope de açúcar; mas também os há sem álcool, como o Mimosa-less à base de sumo de laranja, xarope de gengibre com alecrim, vinagre de sidra e água com gás.

Para acompanhar as bebidas, o chef David Joudar criou uma carta de “finger food” que nunca inclui talheres no serviço, nem quando a sobremesa é o leite creme com foie gras e yuzo – o desafio é comer com a língua e com os dedos até descobrir o que se esconde no interior da taça. Mais fáceis de comer são os croquetes de rabo
de boi com mostarda e mel, o torricado de bacalhau com pil pil e pimentos e as costeletas de borrego marinadas em especiarias e salmorejo.


The Sinnerman Speakeasy
Cocktails para agitar a noite cascalense

CASCAIS Em São João do Estoril, onde funcionou a discoteca Rasputine, nasce o The Sinnerman Speakeasy, que reúne mixologia de autor, garrafeira com 400 referências, ambiente vintage e o desejo de “reanimar” a noite local. Nuno Cardoso

 

Na década de 1970, esta morada nasceu como um bar de cocktails, depois ganhou outras vidas, com a chegada da discoteca Rasputine, que teve a sua fase áurea nos anos 1980, e agora regressa às origens. A coquetelaria volta a ser a protagonista desta casa, pelas mãos do casal Bruno Oliveira e Isabel Machado Leite, que depois de anos como empresários em várias áreas, apostaram numa paixão antiga, a da mixologia. Chegaram a ter um bar primeiro e “o bichinho ficou cá”, diz Isabel. O objetivo é “reanimar a noite de Cascais”, assumem.

No The Sinnerman Speakeasy, em São João do Estoril, salta à vista a garrafeira com mais de 400 referências, algumas destas “únicas em Portugal e na Europa”, explica Bruno. São estas que servem de base às três dezenas de cocktails de assinatura. “A qualidade dos ingredientes é a minha maior preocupação”, acrescenta o dono do espaço amplo, onde cabem mais de 300 lugares pelos sofás, cadeiras e ao balcão em madeira, para ver se perto as criações. Casos do Fiesters (tequila, licor de banana, lima, pó de wasabi); Pink Panther (gin, vermute, xarope de líchias); e do Gabriela (rum, xarope de canela, cerveja dry stout, cravinho), entre outros. O proprietário adianta que os portugueses têm um “gosto equilibrado, gostam de cocktails mais adocicados, mas também adoram gin, algo mais seco”, e diz que aqui há um cocktail certo para qualquer pessoa.

Os vermelhos e as cores quentes dão o tom ao espaço, com um claro ambiente vintage, e que foi construído de raíz pelo casal. Às bebidas e aos petiscos (queijos, presunto, húmus, caviar, etc) juntam-se atuações de música ao vivo, magia, baile burlesco e fins de semana temáticos – do fado ao jazz e ao blues. Ao fim de semana, aconselha-se reserva. À chegada, à boa forma de um tradicional speakeasy, é necessário tocar à campainha para se abrir a gaiola vermelha que serve de entrada e descer a escadaria até ao bar. “Aqui, estamos da mesma forma como ao receber amigos em nossa casa”, remata Bruno.

 

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Morada
Rua José Ricardo, 1, Lisboa
Telefone
937012163
Custo
(€) Vinho a copo desde 3,50 euros.
Horário
Das 17h às 24h. Encerra domingo e segunda.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Calçada Ribeiro Santos, 25, Lisboa
Telefone
916818955
Custo
(€) Whisky desde 10 euros.
Horário
Das 20h às 02h. Sexta e sábado, até às 03h. Domingo, das 18h às 24h. Não encerra.


GPS
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Morada
Rua Fernandes Tomás, 64, Lisboa
Telefone
916876871
Custo
(€) Cocktails e mocktails desde 4 euros.
Horário
Das 07h às 24h. Não encerra.

Website

GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Rua de São Paulo, 18, Lisboa
Telefone
966028229
Custo
(€) Pratos desde 4 euros; cocktails de autor a partir de 9 euros.
Horário
Das 18h30 às 02h. De quinta a sábado, até às 03h.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Rua Bartolomeu de Gusmão, 64, São João do Estoril
Telefone
916666609
Custo
(€) Cocktails desde dez euros.
Horário
Das 20h às 02h. Sexta e sábado, até às 06h. Encerra segunda e domingo.


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Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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