A identidade é forte, e está bem vincada no nome: Filipa Pato & William Wouters. O casal tem como base Óis do Bairro, em Anadia, e logo que possível quer retomar as visitas em que dá a saborear vários pratos, harmonizados com os seus vinhos. O foco está nos brancos e tintos, embora também haja um par de espumantes obtidos segundo o método clássico, sem qualquer colagem antes do engarrafamento.
“O espumante é importante para nós no sentido em que a Bairrada tem um potencial tão grande, que consegues fazer um bocadinho de tudo”, explica Filipa, com tradição familiar na área. O avô paterno foi o primeiro produtor a engarrafar os próprios vinhos na Bairrada e o pai, Luís Pato, apelidado de rebelde de Baga, ou Senhor Baga, deu uma visão internacional a essa casta e à região. Ela tratou de criar um projeto seu e, aos 45 anos, apresenta-se como produtora de vinhos “autênticos, sem maquilhagem”.
Filipa Pato, formada em Engenharia Química e especializada em Bioquímica, quis ter uma visão geral do mundo do vinho, por isso trabalhou em Bordéus, França, na Argentina e na Austrália. Começou a fazer vinhos há quase 20 anos e, quando conheceu William Wouters, chef e sommelier belga, formou dupla com ele no amor e nos negócios.
Começaram com vinhas da região já plantadas com castas tradicionais da Bairrada e procuram manter a tradição das vinhas velhas, recorrendo à agricultura biodinâmica. Não usam herbicida nem pesticida e tentam ter uma intervenção mínima também na adega, onde pipas e tonéis convivem com ânforas.
“Na Bélgica, provámos vinhos de muitos países e eu notava que os vinhos em biodinâmica tinham uma alma própria”, lembra ela, que retira especial gozo dessa parte mais natural e filosófica do trabalho. Mesmo os tempos livres são passados a andar de bicicleta por entre as vinhas.
Longitude : -8.2245