Dez novas cervejas artesanais para conhecer

Há novidades fresquinhas a sair, como a No Puns, que resultou de uma colaboração entre a D'os Diabos e a Heist Brew Company. (Fotografia de Artur Machado/GI)
Entre edições limitadas, colaborações e novas adições às linhas permanentes há muitas novidades para conhecer no panorama cervejeiro, de marcas como Musa, D'os Diabos, Sovina e Vadia.

MUSA
Um verão de frescas revelações

No ano em que celebrou sete primaveras, a Musa abriu mais um espaço e refrescou a imagem, convidando artistas a desenharem os rótulos das suas principais cervejas. Para refrescar os meses quentes, foi lançada a Hey Hø Saison.

Uma nova cerveja, um rebranding e uma abertura. São várias as novidades da Musa, a marca surgida em Marvila, há sete anos, que tem como missão democratizar a cerveja artesanal. Comecemos pela cerveja, uma dry hop saison chamada Hey Hø Saison, muito veranil, nas palavras de Bárbara Simões, diretora de marketing da Musa. “É um bocadinho diferente da Saison [O’Connor] que já temos, esta é menos seca, mais amarga e com mais sabor a lúpulo.” A marca classifica-a como “um híbrido entre uma Saison clássica e uma New England IPA” e considera-a “um refresco de verão”, com baixo teor de álcool, e aromas cítricos e tropicais, graças aos lúpulos. Está disponível em lata e em barril, por tempo limitado, nos bares da Musa, entre eles A Musa da Praia, o seu espaço mais recente, localizado na Aldeia da Praia, em Colares, inaugurado em maio, na mesma semana em que a marca celebrou os seus sete anos de vida.
Mais recentemente, a Musa passou por um rebranding, que lhe forneceu uma nova imagem, pelas mãos de artistas como AKACORLEONE, André da Loba, D’Uma Ova e Inês Machado, entre outros. “Convidámos oito artistas de diferentes áreas para desenhar as nossas oito principais referências”, diz Bárbara. A ideia é que a marca sirva cada vez mais de palco e de plataforma a artistas, dos emergentes a consagrados. A Hey Hø Saison é disso exemplo, tendo sido o seu rótulo de inspiração estival desenhado pelo artista Rubber Mirror. Esta recente identidade tem uma forte presença em latas, formato que, apesar de para já estar disponível em edição bastante limitada, num futuro próximo será um dos disponíveis no portfólio da empresa.

Cerveja Hey Hø Saison à venda na loja online, nos bares da Musa e em alguns clientes cervejeiros da marca.

D’OS DIABOS X HEIST BREW COMPANY
Uma colaboração com sotaque inglês

(Fotografia de Artur Machado/GI)

Foi uma proposta fácil de aceitar, aquela que a inglesa Heist Brew Company propôs à D’os Diabos, e que resultou numa Session Rye IPA chamada No Puns.

É uma cerveja “muito, muito especial” a recente No Puns, da D’os Diabos. Esta Session Rye IPA, com centeio, é uma edição limitada que resultou de uma colaboração entre a D’os Diabos e a Heist Brew Company, estando disponível à pressão na Taproom Porto e, em breve, em algumas casas de cerveja artesanal. “Foi um lote pequeno, e foi só embarrilado”, explica José Correia da Colossus Craft Brewery, marca que partilha a mesma casa e unidade de produção com a D’os Diabos desde 2021.
A parceria surgiu depois da conceituada cervejeira inglesa, conhecida pelas suas colaborações, ter participado no Porto Beer Fest. Aproveitando o facto de estar por cá, lançou o desafio à D’os Diabos para criarem algo em conjunto. Decidiu-se “fazer uma cerveja ligeiramente mais leve, que caísse bem no verão e fosse facilmente vendável nos festivais de verão”. Vontade cumprida, já que “foi um sucesso no Art Beer Fest” e José não acredita que chegue até ao fim do verão. Caso esgote, há outras opções a correr pelas oito torneiras, sejam referências da Colossus, mais clássicas, ou da D’os Diabos, onde o cervejeiro Ricardo Cacildo tem liberdade para ser mais experimental. Também vai havendo propostas de cervejeiras convidadas – portuguesas, na sua maioria -, sejam projetos já estabelecidos como a Lindinha Lucas, a Lupum, a Barona e a Dois Corvos, ou negócios que estão a arrancar, caso da gaiense FdS! Beer e da maiata IberWolf. Tudo isto para acompanhar com aperitivos, tostas ou pratos de petiscos, no interior da taproom ou na esplanada.

Cerveja No Puns disponível à pressão na Taproom Porto.

VADIA
Aromas intensos e outra cara

A Imperativa, uma Imperial Stout rica e adocicada, é o mais recente lançamento da Vadia, que acaba de se apresentar com uma nova identidade, uma celebração de um percurso de 13 anos.

É sempre tempo de vadiar” é o mote lançado a propósito da nova identidade da Vadia, apresentada este mês. A marca de cerveja artesanal sediada em Oliveira de Azeméis foi uma das primeiras a surgir em Portugal, há 13 anos, e apresenta-se agora com uma imagem que, segundo a marca, reforça a irreverência e inconformismo que a caracterizam. “A Vadia nasceu do convívio com os amigos e da paixão pela cerveja, e este rebranding é uma celebração do nosso percurso enquanto marca. Dos erros e das conquistas do passado e do que nos espera no futuro. Não estamos a mudar a nossa essência. Estamos, sim, a celebrá-la. Não é só uma cerveja, é um statement sobre as imperfeições que dão cor à vida”, declara Nicolas Billard, CEO e fundador da Cerveja Vadia.
Além dos novos e coloridos rótulos, a marca lançou mais uma cerveja, que vem aumentar o seu portfólio para 11 referências (nove cervejas e duas sidras). Ao contrário da grande parte das marcas, a proposta não é frutada, mas sim rica e adocicada. A nova cerveja chama-se Imperativa e trata-se de uma Imperial Stout, de um castanho intenso, com uma espuma cremosa de tom castanho-claro. Os seus aromas de café, torra e cacau são complementados por subtis notas de baunilha e fumo, fornecendo-lhe complexidade e riqueza aromática. O sabor replica o leque de aromas, com uma doçura bem presente, equilibrada pelo amargor e calor do álcool. De corpo licoroso, resultado do alto teor alcoólico e da doçura residual, a Imperativa deixa um final de boca persistente, destacando-se pelos maltes torrados que a compõem.

A Imperial Stout está à venda na loja online (cervejavadia.pt).

SOVINA
Tempo e Touriga Nacional

Uvas vindimadas à mão e leveduras selvagens são alguns dos ingredientes que dão forma à Sovina Tempo Wild Ale, uma cerveja complexa que demorou um ano a chegar ao mercado.

É um produto especial, a recém-lançada Sovina Tempo Wild Ale com Touriga Nacional, que levou cerca de um ano até estar pronta. Embora não seja uma cerveja que se associe imediatamente ao verão, “está ótima para consumo agora”. Quem o diz é Pedro Lima, cervejeiro da Sovina, sobre esta referência da gama Tempo, uma linha onde se tenta “trazer um pouco mais a vertente agrícola às cervejas” e onde se exploram os limites da inovação da produção de cerveja, procurando encontrar sinergias com o universo Esporão.
A Sovina Tempo Wild Ale é o resultado de uma colaboração entre a Sovina, a Quinta dos Murças, no Douro, e a Mikkeller Baghaven – a entretanto extinta vertente de produção mais agrícola da cervejeira dinamarquesa Mikkeller. A sua preparação arrancou na vindima de 2022, após terem sido provados diversos vinhos e cervejas, até se chegar ao seu perfil aromático. Para a produção desta cerveja, o mosto das uvas da casta Touriga Nacional – vindimadas à mão – foi adicionado a um mosto simples de malte Pale, trigo não maltado e lúpulo envelhecido, para a criação de “uma base robusta e propícia à ação de leveduras selvagens”, faz saber a Sovina. Os seis meses seguintes foram de envelhecimento em barrica de carvalho francês, o que forneceu alguma madeira a esta cerveja “com um elemento vínico muito presente”. Aos olhos, esta Tempo apresenta-se vermelho vivo, e na boca revela notas frutadas a morango, cassis e ginja, e ainda “um toque terroso e um perfil tânico e silvestre”, graças “à complexidade das uvas e da fermentação selvagem”, descreve Luís Pires, também cervejeiro da Sovina. Idealmente bebida entre 6 e 8 graus, vai bem com pratos fortes e queijos intensos, e evolui bem em garrafa.

Sovina Tempo Wild Ale à venda na loja online (cervejaartesanal.com) e em bares da especialidade.

DOIS CORVOS
Explosão de sabores a pensar no mar

A cervejeira de Marvila propõe duas cervejas frutadas e de edição limitada para os meses mais quentes. É possível encontrá-las na capital, no taproom de Marvila e no do Intendente, inaugurado no mês passado.

Uma NEIPA e uma Double NEIPA, de edição limitada, são as sugestões da Dois Corvos para este verão. A dinâmica e criativa marca fundada por Susana Cascais e Scott Steffens em 2015, e que pôs Marvila no mapa cervejeiro depois de outras cervejeiras abrirem naquela freguesia lisboeta, lançou a Sunshine Supernova,em junho e a Infinity no início de julho, comemorativa do oitavo aniversário da Dois Corvos. Ambas as cervejas são à base de cevada, trigo e aveia, além da água, do lúpulo e das leveduras. Segundo Luís Figueira, a Sunshine Supernova “é uma explosão de sabores dos quais sobressaem o pêssego e o ananás oriundos de uma seleção de lúpulos Loral, Sabro e El Dorado”. Já a Infinity “usa três tipos diferentes de lúpulo Citra”, para oferecer “notas cítricas de toranja e lima, mas também de melão e líchias”. O que vai bem com estes sabores frutados? Luís sugere sardinhas assadas ou ostras, que é “o pairing que sugerimos no nosso espaço no Intendente”. O bar abriu em abril, tendo sido inaugurado apenas em junho, e por lá é possível experimentar as 12 cervejas que correm nas torneiras, bem como opções em lata e em garrafa, no taproom ou no pátio nas traseiras, com 80 lugares sentados. Para acompanhar, há uma carta com petiscos para todos os apetites, seja a couve-flor panada, o chouriço alentejano assado, a poke bowl vegan, o fish n´ chips, entre diversas opções no pão, como hambúrguer vegatariano caseiro, dois smash burgers, porco desfiado cozido lentamente ou bife de atum.

Cervejas Sunshine Supernova e Infinity à venda na loja online (doiscorvos.pt), nas lojas da especialidade e nos dois taprooms da Dois Corvos, em Marvila e Intendente.

BURGUESA
IPAs para todos

Barricas de rum, lúpulos americanos: nos últimos meses, a cervejeira sediada em Vila Nova de Gaia lançou três edições de IPA, todas bem diferentes entre si.

Com apenas 2,9% de álcool, a Hazy Micro IPA é uma cerveja que foi criada para que possa ser bebida em quantidade, explica Liliana Pinho, responsável pela divulgação e vendas da Burguesa. Apesar do baixo teor alcoólico, apresenta uma complexidade aromática, com notas cítricas e de frutos tropicais, graças aos lúpulos Cascade e Simcoe. Uma segunda sugestão é a West Coast IPA, com dry hopping de lúpulos americanos (Centennial, Simcoe e Amarillo) e um amargor pronunciado. Mais recentemente, foi lançada a 22.05, uma Triple IPA envelhecida numa barrica de rum durante dez meses, ao fim dos quais se fez um dry hopping com lúpulos Talus e Citra Cryo. É uma cerveja amarga e seca, que revela aromas de malte, especiarias, madeira, cítricos e frutos tropicais. O teor alcoólico é de 10,5%.

Cervejas Hazy Micro IPA e West Coast IPA, à pressão, em bares de especialidade como o Catraio, Cask Beer, Flor de Lúpulo e Canil. A 22.05, em garrafa, vende-se na loja online (burguesa.pt).

TROPICAL
O cânhamo como ingrediente

A Tropical Bud, marca portuguesa de produtos de CBD, lançou a primeira cerveja artesanal. A Hemp Seed Lager é produzida no Norte do país e apresenta um sabor suave.

Depois de comercializar óleos, flores, vaporizadores, cosméticos e acessórios, a Tropical Bud aventurou-se na cerveja. A Tropical é a primeira referência da marca portuguesa de produtos de CBD e foi lançada há dois meses em Lisboa, na Expo Internacional de Cânhamo e de Canábis, depois de um ano de experiências. Trata-se de uma Hemp Seed Lager, produzida no Norte do país, que aos ingredientes tradicionais, como malte de cevada, leveduras e lúpulos, juntou uma percentagem de sementes de cânhamo. O resultado é “uma cerveja ligeiramente frutada, fácil de beber, mas com uma força extra dada pelas sementes”, refere João Borges, um dos sócios da Tropical Bud, assegurando que a bebida não tem qualquer substância ativa. É possível prová-la nas lojas Tropical Bud – sugerem-se as duas moradas com esplanada, em Cacilhas e na Costa da Caparica -, acompanhada por um brownie ou uma bolacha.

Cerveja Tropical à venda na loja online (tropicalbud.shop) e nos cinco espaços físicos da Tropical Bud (Seixal, Cacilhas, Amadora, Ericeira, Costa da Caparica).




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