Entrar no Dahlia, o novo “listening bar” aberto desde julho no Cais do Sodré, é sempre uma surpresa para os ouvidos. A sonoridade vai mudando a cada hora – do jazz aos blues, passando pelo samba ou bossa nova, entre outros géneros musicais – à medida que David (DJ Trus’me) muda o vinil que toca no gira-discos. A biblioteca de vinis fica atrás do balcão, à vista de todos, e o som espalha-se pela sala e pela esplanada graças a um sistema de áudio otimizado.
Ao som junta-se a imagem de uma sala decorada em tons pastel e traços minimalistas, claramente a pedir fotografias para as redes sociais. Do bar propriamente dito saem todo o tipo de bebidas, mas especialmente vinhos naturais. Entre as 20 referências encontram-se rótulos de produtores nacionais e internacionais (de Espanha, França ou Nova Zelândia) que têm em comum a produção em pequena escala e com baixa intervenção humana.
“Queremos marcar a diferença com um espaço a pensar nos amantes dos vinhos naturais e não só”, afirma Harrison Iuliano, um dos sócios do Dahlia juntamente com David Wolstencroft, Hamish Seears e Tiago Oudman. Adam Purnell, que veio de Berlim para Lisboa assumir a gerência do Dahlia, é quem muitas vezes circula pela sala para aconselhar as escolhas vínicas, destacando que existem também seis referências a copo, de brancos, tintos e rosés.
Já os adeptos da coquetelaria podem experimentar um Mezcal Negroni ou um Hibiscus Fizz, preparados pelo mixologista Rony Hernandez. Nesta equipa tão internacional brilham também Vítor Oliveira, antigo chef do Damas, e Gabriel Rivera, quatro mãos hábeis a trabalhar com produtos locais e da época. A carta, de sabores inspirados no Médio Oriente, é composta por pequenos pratos e convida à partilha.
Nas entradas há flatbread caseiro, ostras e chips de raízes de vegetais. Já dos vegetais vale a pena provar a beterraba curada com laranja e vinagrete de pistachios e a couve-flor caramelizada com molho chimichurri e creme de amêndoas, ambas boas surpresas. Camarão e costeletas de borrego seladas e lula e frango fritos protagonizam as opções de carne. Para adoçar a boca, sugerem-se as sobremesas de muhallabia, kaffir e xarope de hibiscos e bolo de chocolate e sabayon de sésamo preto, antes de mais um brinde ao som do vinil que estiver a tocar.
Inspiração japonesa
A ideia dos “listening bares” nasceu no Japão, nos anos 1950, e tem-se popularizado por todo o mundo. No Dahlia, a capa do vinil fica exposta para os clientes verem o que está a tocar.
Longitude : -8.2245