Cinco cervejas com fruta para saborear durante o verão

Manga Maracujá IPA, uma parceria entre a Cerveja Rafeira e a A.M.O. Brewery. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)
Pêssego, laranja, limão e maracujá são algumas das frutas que dão um toque especial a estas cervejas artesanais, de marcas como OPO 74, Bah! Craft Beer e Lovecraft.

OPO 74
Um toque de pêssego

Depois de pitanga e maracujá da Madeira, a OPO 74 apresenta uma cerveja de edição limitada com pêssego. A Peaches en Regalia é uma Paraphernalia Sour Ale que “sabe a cerveja”.

Diogo Abreu começa por avisar que na cervejeira portuense OPO 74 faz “cerveja que sabe a cerveja” e que quando lhe adiciona fruta é “para um toque, não para dominar”. Percebe-se assim aquilo que esteve na base da criação da Peaches en Regalia, que pede o nome emprestado a uma composição de Frank Zappa lançada em 1969. Diogo queria uma cerveja para ser consumida no verão, fácil de beber, democrática e com fruta. Já tinha trabalhado com pitanga e maracujá da Madeira, de onde é originário, mas este ano decidiu arriscar no pêssego, juntando a sua polpa a uma Sour Ale durante o processo de fermentação. “Achamos que a fruta e a acidez são uma combinação perfeita.” E eis que em maio é lançada, no Cosmos Campolide, esta Paraphernalia Sour Ale, que faz uso da fruta apenas como “parafernália”. O sabor a pêssego está lá, mas é “quase decorativo”, esclarece Diogo. Além do travo frutado, a cerveja, pensada para “acompanhar dias quentes e noites longas”, revela também uma ligeira acidez e notas de trigo. O design desta referência de edição limitada, onde parece que as letras estão a dançar, foi imaginada pelo artista portuense Pedro Petiz e é “uma interpretação daquilo que a cerveja é”. A Peaches en Regalia está disponível apenas em barril em bares de especialidade até meados de outubro, prevê Diogo. Por essa altura já estará a ser magicado outro lançamento, dado que na OPO 74 estes costumam ser feitos de seis em seis meses.

Cerveja Peaches en Regalia disponível em barril em bares de especialidade como o Apuro, Donau, Catraio, Armazém da Cerveja, Ground Burger e Flor de Lúpulo

CERVEJA RAFEIRA & A.M.O. BREWERY
Pelo amor à fruta

(Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

Duas IPA frutadas, que estão a ser um sucesso, foram o resultado de uma colaboração entre a Cerveja Rafeira, de Nuno Nascimento, e a A.M.O. Brewery, de Margaret Orlowski.

Nuno Nascimento, da Cerveja Rafeira, e Margaret Orlowski, da A.M.O. Brewery, começaram por ser colegas de profissão e tornaram-se amigos, que resultou numa colaboração apresentada em junho, na A.M.O. Brewery, em Lisboa. Nuno e Margaret juntaram o amor por cervejas com fruta e criaram a Citric IPA e a Manga Maracujá IPA, disponíveis em barril. O sucesso foi tal que ambas as referências esgotaram na A.M.O., encontrando-se agora apenas na Villa Craft Beer & Bread, um projeto onde Nuno também está envolvido, no centro histórico de Sintra. Os produtos partiram da mesma cerveja, sendo que à Citric IPA se juntou limão, tintura de casca de limão e lúpulo Citra, e à Manga Maracujá IPA, como o nome sugere, manga e maracujá. Apresentam-se com algum corpo, pouco amargas, límpidas e com um teor de álcool nos 6%. Nuno sugere emparelhá-las com carnes e peixes grelhados, ou, na Villa Craft, com as opções que saem do forno a lenha. Há pão com chouriço, com morcela, com bacalhau e com carne de porco, bruschettas com queijo mozarela e tomate, bacon ou salmão.
A A.M.O. Brewery, uma “nano-brewery” e um taproom na baixa lisboeta, também merece visita. Tem sete torneiras com diferentes opções a cada semana, e entre dez e 12 referências em garrafa. Da cozinha saem pretzels artesanais, rolos de salsicha e mini-pizas. Também é possível visitar a fábrica.

Cervejas Citric IPA e Manga Maracujá IPA disponíveis em barril no Villa Craft Beer & Bread, em Sintra.

BAH! CRAFT BEER
Cerveja portuguesa por um brasileiro

Uma Catharina Sour – o primeiro estilo de cerveja brasileiro – com polpa de maracujá azedo foi a escolha de Roberto Stein para este verão.

A mais recente cerveja da Bah! Craft Beer é um encontro entre Portugal e o Brasil. Ou seja, a produção da Catharina Sour Maracujá é nacional, mas a receita é brasileira. Trata-se, aliás, “do primeiro estilo de cerveja brasileiro”, garante Roberto Stein, sócio e cervejeiro da Bah! Um estilo que surgiu em 2015 pela mão de cervejeiros artesanais do estado de Santa Catarina e foi homologado em 2018, classificando as cervejas baseadas nas Berliner Weisse, à base de trigo, às quais são adicionadas frutas tropicais. Neste caso, a fruta escolhida foi o maracujá azedo, do qual retirou a polpa para dar uma leve acidez à bebida e um sabor frutado, que casa bem com “saladas e peixes”. Pouco amargor e baixo teor alcoólico caracterizam esta cerveja, que está disponível à pressão na Feira Artesanal do Estoril (FIARTIL) até 28 de agosto. Também à prova voltar a estar a Cascais, uma Session IPA com “frutado tropical, leve e aromática, com um amargor médio”.
A Bah! foi fundada em 2019 por Roberto, originário de Porto Alegre, que decidiu mudar-se para Portugal com a família depois de se ter apaixonado pelo país. Por cá, a vontade “é de agregar a cena cervejeira”. “Os últimos cinco anos foram de muita evolução [na cerveja artesanal]. Está cada vez melhor.”
O nome da marca – onde também trabalha Iuri Sanson, na parte comercial – é uma interjeição muito utilizada no sul do Brasil, motivada por espanto ou surpresa. A vontade de Roberto é, então, fazer cervejas que façam o cliente dizer, “bah! Ficou uma delícia!”.

Cervejas Catharina Sour Maracujá e Cascais Session IPA à venda à pressão na FIARTIL, até 28 de agosto. Em garrafa e lata, respetivamente, entrando em contacto com a Bah! e em bares da especialidade, como Cerveteca, Beer Station, Simplex Virtus, Cerveja Canil, Lusophonica e BeerCascais

OPHIUSSA
Fonte de combinações ousadas

Uma Double IPA, encorpada, lupulada e suave no palato chamada Euphoria é o último lançamento da Ophiussa Brewing Company, que se tem destacado com as Smoothie Sours.

Surgida em 2021, a setubalense Ophiussa tem vindo a destacar-se no panorama cervejeiro nacional (e internacional) graças às suas propostas ousadas, sobretudo de Smoothie Sours. Um estilo de cerveja que faz lembrar um batido de fruta, tal é a quantidade de polpa ou sumo adicionado durante a produção. Não é um estilo que abunde por cá, mas a sua aceitação tem sido “uma ótima surpresa”, revela Daniel Abreu, um dos três fundadores da marca. Afinal, assegura, tanto tem conquistado entusiastas da cerveja como “pessoas que não gostam ou não bebem cerveja”. Este estilo rico em fruta acabou por ser também “uma porta de entrada para a exportação europeia”, que neste momento pesa à volta de 50% no total da produção. A Scarlet, uma Strawberry Smoothie Sour, faz parte da gama fixa da Ophiussa e é uma das sugestões de Daniel para o verão. A cerveja começa por ser uma Berliner Weisse à qual, após a maturação, é adicionada polpa de morango, que não chega a fermentar, para garantir os aromas naturais da fruta. Resulta numa bebida cheia de sabor, com baixo teor alcoólico.
Outra recomendação é a Euphoria, uma edição limitada apresentada no início de julho. Trata-se de uma Double IPA feita com lúpulos Citra, Azacca e El Dorado, com um “corpo brutal” e “extremamente suave no palato”, segundo a marca. Leva maltes Pilsner, trigo, aveia e flocos de aveia. Todas as edições limitadas da Ophiussa são mesmo em pequena escala, produzindo-se cerca de 1500 unidades, pelo que costumam esgotar com rapidez.

Cervejas Scarlet e Euphoria disponíveis na loja online (ophiussabrewing.com) e em casas da especialidade.

LOVECRAFT
O poder do agente laranja

Depois de várias experimentações cítricas, a Lovecraft lança a Little Orange, uma Lager com sumo, casca e concentrado de laranja. Depois da cerveja, a marca pensa no hidromel e na kombucha.

É construído um pequeno universo para cada lançamento da Lovecraft, não fosse Pedro Novo um adepto da criatividade de H.P. Lovecraft. Como Pedro explica, o nome da marca aveirense, surgida em 2015, não é tanto uma referência ao escritor americano, famoso pelos contos de horror e fantasia, mas à sua capacidade criativa. Não é portanto de estranhar que a Little Orange, a última novidade da Lovecraft, tenha tido direito não só a um rótulo alusivo como a uma música, produzida pela banda portuguesa Little Orange, e que será lançada em breve.
Depois de várias tentativas falhadas de produzir uma cerveja com o citrino, este ano a receita ficou “incrível”. A cerveja vencedora foi produzida em parceria com a Lupum e trata-se de uma Pale Ale. Foi este o estilo eleito para “não haver muitas notas de malte ou de lúpulo, porque podiam afogar a laranja”. A um malte e lúpulo “simples”, adicionou-se sumo, casca e concentrado de laranjas nacionais, para dar o “sabor e o aroma da própria fruta”, o que resultou numa cerveja “bastante leve e equilibrada”. Não tem muito amargor, nem muita doçura, sendo consensual, sobretudo entre os adeptos de Lager e de Pilsner. A aceitação tem sido tanta que, se inicialmente foi pensada para ser uma edição limitada, neste momento Pedro conta produzir mais uns quantos litros e dar continuidade à referência.
A Lovecraft está atualmente debruçada na produção de cerveja e de outros fermentados, como hidromel. No futuro, conta colocar no mercado também kombucha, kefir e saké.

Cerveja Little Orange disponível em barril e em lata nos quatro espaços Lovecraft. Em barril também disponível em bares da especialidade como HopTrip, Catraio, Crafty Corner, Quimera e Queen Ale. Em lata nos sites Cask Beer e One Pint.




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