Ir à praia da Nazaré é um convite a descobrir os segredos das sete saias

A praia da Nazaré vista do Sítio da Nazaré. (Fotografia de Nuno Brites/GI).
Desde os tempos em que era apenas uma vila piscatória até à explosão do turismo das ondas gigantes. Percorrer a praia é mergulhar na volta da pesca, na faina do mar. E deixar-se enredar nos segredos das sete saias.

O extenso areal da Nazaré (tal como o mar, a faina e a arte xávega) há muito que é património repartido pelo mundo. Passear na marginal torna-se um exercício dos sentidos, entre o cheiro a maresia e a peixe seco, a beleza das antigas embarcações em exposição na praia, e lá em cima o Sítio, a partir de onde se avista todo aquele postal, sempre guardado pelas gaivotas.

Ao longo do percurso, as nazarenas em plena balada das sete saias, o lenço ao redor da cabeça, os aventais de colorido bordado. São elas, as “chambristas” (como ficaram conhecidas na vila, pois que no verão se dedicam a arrendar quartos, ali traduzidos em chambres, rooms ou zimmers) que continuam modelos vivos das bonecas que se vendem nas lojas, ao lado dos barcos de madeira, e de todo o artesanato.

É assim Ana Palmira, que aos 70 anos sempre passa o dia atrás de uma banca de peixe seco, e ao lado uma placa dos quartos para “alugar”. A época balnear começou logo no início de junho, treinada pelas regras sanitárias que já no ano passado se anunciaram.

(Fotografia de Nuno Brites/GI)

A internacionalização da carismática praia começou nos anos 1960, graças às fotografias de Paul Girol. Mas haveriam de passar muitos anos até que o nome da vila eclodisse lá fora. Foi em 2011, quando o surfista Garrett McNamara inscreveu a onda gigante da praia do norte no Livro dos Recordes Guiness. Desde então, é tratado como um filho da terra. E não raras vezes anda por ali, a ensinar aos mais novos os primeiros truques do surf.

Ao longo dos anos a Nazaré soube preservar as raízes e reinventar-se, afinal, atraindo públicos diversos. Nesse jogo de sedução entre o passado e o futuro, o mundo vai descobrindo as múltiplas faces da(s) praia(s). Em outubro, será protagonista da nova temporada do conhecido programa do chef Gordon Ramsay.

As primeiras imagens deverão mostrá-lo a chegar à Praia do Norte, de jet ski, e depois saltar para o areal, desafiando o chef português Kiko Martins a cozinhar percebes.

 

O que fazer em volta da areia

Saborear a ginginha
Uma das atrações da marginal é um pitoresco quiosque dedicado à ginginha, que migrou de Óbidos para a Nazaré. Como se fosse um posto de vigia, convida a descobrir sabores antigos.

(Fotografia de Nuno Brites/GI)

Subir ao sítio no ascensor
Para muitos é apenas uma forma de chegar ao Sítio ou descer à Praia. Mas aquela curta viagem de um minuto é inesquecível para quem a faz pela primeira vez. A construção da estrutura remonta ao século XIX, pela mão do engenheiro Raul Mesnier du Ponsard, discípulo de Eiffel e também responsável pela maioria dos elevadores de Lisboa. Inaugurado a 28 de Julho de 1889, o ascensor da Nazaré consegue atualmente vencer em largos números os equipamentos similares de Santa Justa, em Lisboa, ou de Guindais, no Porto.

(Fotografia de Maria João Gala/GI).

Ficar no Ohai Nazaré
O antigo parque de campismo foi convertido no mais moderno gampling, desde há um ano. Dos pontos mais altos, vê-se o mar. Fica a 2,5 km da vila e da praia, e é ideal para famílias que procuram experiências várias com os mais novos, como complemento da praia.

(Fotografia de Maria João Gala/GI).

Petiscar na mercearia
O que não falta na Nazaré é boa gastronomia, desde os clássicos até à nova cozinha. Nos últimos verões a Mercearia na Tábua juntou-se ao rol de opções, quando a portuguesa Marta Filipe e a brasileira Adriane Baumhardt perceberam que o público pedia mais do que uma loja onde comprar vinho, azeite, compotas, queijos ou enchidos regionais. Quem segue pela marginal em direção ao Porto de Abrigo encontra o espaço do lado esquerdo.

(Fotografia de Maria João Gala/GI)




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