Onde e como celebrar a revolução de Abril em Lisboa

Um festival de política, música de intervenção, exposições, documentários e a abertura de uma sala de cinema onde a Comissão de Censura de Espetáculos do Estado Novo terá visionado vários filmes. Até dia 25, é tempo de Abril em Lisboa.

Até ao dia 25 de abril, as atenções vão voltar-se para a abertura, pela primeira vez, de uma pequena sala contígua ao Cinema São Jorge, construída nos anos 1940. Terá sido ali, no edifício da empresa britânica que geria os cinemas (Rank Filmes), que a Comissão de Censura aos Espetáculos do Estado Novo terá visionado alguns filmes. Volvidos 43 anos da revolução, será agora o público do Abril em Lisboa a assistir ali à longa-metragem «Censura: Alguns Cortes», que inclui cortes feitos a 50 fitas. Exibido de 22 a 24 de abril, o filme contém excertos de obras de Renoir, Rossellini e até da Disney, e vai passar em looping durante estes três dias do Abril em Lisboa.

O evento, organizado pela EGEAC, arrancou a 19 de abril e irá prolongar-se até dia 25, com uma série de atividades que recordam simultaneamente as conquistas de abril e a resistência, num ano em que a cidade é capital ibero-americana da cultura.

Por esse motivo, as músicas de intervenção vão ser cantadas em várias línguas, no concerto de dia 24, no Terreiro do Paço, com nomes como António Zambujo, Vitorino, Lura, Sílvia Peres Cruz e a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Mesmo ao lado, no Torreão Poente, inaugura hoje a exposição Operação Condor, com retratos de sobreviventes, familiares de vítimas e locais de tortura da operação militar de seis ditaduras latino-americanas.

Em ano de autárquicas, a programação traz ainda o Festival Política ao São Jorge, com workshops, debates, cinema e até um cara a cara com deputados de partidos com assento parlamentar. Grande parte das atividades concentram-se, no entanto, a 25 de abril no Museu de Aljube, antiga prisão da PIDE, que celebra a liberdade num local onde ela antes não existiu.

O que vai acontecer no Museu do Aljube:

1. Recolha de testemunhos (áudio) e receção de objetos
O Aljube convida ex-resistentes e familiares a contarem os seus testemunhos e a trazerem objetos, neste dia em que o museu comemora dois anos de vida.

2. Exibição do filme: Viva Portugal, de Malte Rauch
Imagens inéditas dos primeiros dias da revolução compõem esta longa-metragem, que será exibida em três sessões (11h30, 17h30 e 21h00), sendo que a última contará com o realizador e com o Coronel Carlos Matos Gomes, capitão de Abril.

3. Recolha de testemunhos (vídeo)
A recolha de memórias será também feita em vídeo no centro de documentação do Aljube.

4. Visita Guiada: Exposição Permanente
O diretor do museu, Luís Farinha, irá conduzir os curiosos pela história da antiga prisão, da revolução e da censura ao longo dos três pisos ocupados pela exposição permanente.

5. Exposição: Meus caros amigos – Augusto Boal – Cartas do Exílio
A mostra homenageia o dramaturgo, torturado pela polícia brasileira e residente em Portugal nos anos 1970.




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