Rotas e lugares são-joaninos

Vista dos Guindais.(Fotografia de Igor Martins/Global Imagens )
Sem iluminação e decoração nas ruas, sem bailaricos a animar as praças nem o som dos martelinhos como banda sonora, este São João é em tudo diferente dos anteriores.

No ano passado, por esta altura, o cheiro da sardinha assada e das farturas, o barulho dos matraquilhos e dos vendedores ambulantes já se sentiam nas Fontainhas, uma das zonas mais típicas de celebração são-joanina. O passeio pode começar aqui, nesta varanda para o Douro, de onde se desce até à Ribeira pela íngreme Calçada das Carquejeiras. É aproveitar para conhecer a estátua – inaugurada em março – dedicada a estas mulheres que subiam a calçada com pesados fardos de carqueja na cabeça; carqueja essa usada como acendalha para os fornos da cidade até meados do século passado.

Há outra forma de chegar à Ribeira para quem vem das partes mais altas cidade. Não menos interessante do que esta calçada são as Escadas dos Guindais. Famosas pela sua festa centrada no espaço do Guindalense FC, que este ano não abrirá, é um pitoresco caminho, por onde se vai vislumbrando o Douro e a Ponte Luís I. Já cá em baixo, na Praça da Ribeira, beba-se um copo junto ao Cubo de José Rodrigues, saudando a estátua de São João Batista, de João Cutileiro, que encima o chafariz em frente ao mesmo.

Depois, o caminho é sempre em frente, junto ao rio, até à Foz. Com ou sem festa, é sempre um passeio bonito de se fazer. Passa-se pela Alfândega, Miragaia com as suas arcadas centenárias, Massarelos, como o rio e o mar, lá ao fundo, enquadrados pela Ponte da Arrábida. Depois Lordelo do Ouro – o observatório de aves, o jardim do Calém, e barquinhos de pescadores a enfeitar o rio. A zona pedonal alarga-se cada vez mais até ao Passeio Alegre. Com espaço para andar em segurança, é só mais um pulinho até ao mar. E aqui já se está em São João da Foz. Passe-se o grandioso forte com o mesmo nome e começam as praias. Assim, em vez de assistir ao nascer do dia, assista-se antes, a um início de noite. E se o São Pedro não for invejoso, o pôr-do-sol há de ser limpo e muito laranja, a lembrar as fogueiras que se acendem noite dentro.

HOMENAGENS AO SANTO POPULAR

ESTÁTUA DE SÃO JOÃO BATISTA

Praça da Ribeira: Cubo e São João. (Pedro Correia/Global Imagens)

Esta estátua do escultor lisboeta João Cutileiro foi colocada no chafariz da Praça da Ribeira em 2000. Assim, esta ficou com duas obras de dois dos mais importantes escultores contemporâneos. Além desta, o Cubo, de José Rodrigues, é um marco na Ribeira desde 1983.

RUA DE SÃO JOÃO

Esta rua sai da Praça da Ribeira para encontrar a Mouzinho da Silveira, já ao lado do Largo de São Domingos. Foi desenhada na segunda metade do século XVIII por João de Almada, responsável por muito daquilo que é a cidade como hoje a conhecemos. Aqui se juntam centenas de foliões na noite de S. João.

FORTE DE SÃO JOÃO BATISTA

Construído na Foz do Douro, começou a ser erguido ainda no século XVI. É considerada a primeira manifestação de arquitetura renascentista no Norte do país, juntamente com o Farol de S. Miguel o Anjo, ali perto. Um século mais tarde, na Guerra da Restauração da Independência, foi remodelado. Foi um forte importante durante as Invasões Francesas. No cerco do Porto (1832-1833), foi essencial para permitir o abastecimento da cidade. No início dos anos 20 do século passado, a escritora Florbela Espanca, casada com um oficial, viveu lá.

 




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