Passeio por Évora: um novo hotel para famílias, artesanato, vinhos e boa comida

A cidade património da UNESCO mantém-se vibrante todo o ano, convidando ao passeio. Das vinhas às mesas que reinventam as tradições, passando por um novo hotel em harmonia com o campo, há muito para descobrir.

Terra de vinhos por excelência, Évora não se deixa visitar em pleno sem uma passagem pela ROTA DOS VINHOS DO ALENTEJO, um espaço moderno no trajeto a pé entre a Praça do Giraldo e o Templo Romano. Neste portal para o mundo da viticultura são dados a conhecer a história do vinho alentejano – iniciada pelos romanos há dois mil anos -, a prática do vinho de talha, as paisagens e experiências associadas ao vinho, as castas-estrela da região, os tipos de solo e as práticas sustentáveis adotadas por muitos produtores, já com um olhar no futuro.

“Acima de tudo, é um espaço de promoção do enoturismo da região, pois temos aqui representados os 73 produtores aderentes à rota e nos quais é possível visitar as adegas, fazer provas de vinhos, comer ou dormir, entre outras atividades”, explica Helena Direitinho, responsável pela Rota dos Vinhos do Alentejo. Com auxílio de um painel interativo é possível criar um percurso à medida e enviá-lo para o e-mail. Na última sala têm lugar as provas de vinho, entre branco, tinto e rosé, de produtores rotativos semanalmente (quatro vinhos a copo/5 euros por pessoa).

Apaixonado pela cidade, Francesco Ogliari, natural de Crema, Itália, sentiu que havia margem para trazer outra “frescura” aos vinhos e à gastronomia eborenses, e por isso abriu o TUA MADRE com a mulher Marisa Tiago, há dois anos. “Procurámos um espaço pequeno para começar, mas que ultimamente tem sido pequeno demais, porque não esperávamos tanta adesão”, confessa o chef. A cozinha serve a sala de poucos lugares e uma esplanada, e é proporcional à escala dos produtores locais, dos legumes ao Talho das Manas, com quem trabalham.

À mesa, os sabores agigantam-se no prato, traduzindo a cozinha “alentaliana” de Francesco, um “mistura de alentejano com italiano”. “As cozinhas do interior português e italiano têm muitas semelhanças nos modos de confeção e nos produtos”, acrescenta. A carta muda com bastante frequência, ao sabor da época, mas tem sempre carbonara com papada (bochecha de porco) ou ravioli de cabrito assado. Sandes de barriga de porco assada em pão brioche, risoto de lírio com coentros e laranja e tagliata de novilho são outras das apetecíveis propostas.

O restaurante fica no centro histórico. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

O conselho da casa é pedir um couvert e três petiscos para duas pessoas, mas por 35 euros por pessoa é possível provar todos os pratos do menu, incluindo as sobremesas fixas de rabanada com padinha (bolo doce) e gelado e mousse de chocolate com sal marinho e azeite. No copo bebe-se a tal frescura de que o chef fala: vinhos naturais e orgânicos capazes de emparelhar na perfeição. Se entretanto o Tua Madre inspirar a compra de bons produtos alentejanos (e não só), a uma curta distância a pé pelas ruas do centro histórico encontra-se a loja OXALÁ.

Encaixada no largo em frente à Pousada da Juventude, esta loja aposta no artesanato autêntico e nos produtos regionais escolhidos por Rui Silva, que durante muitos anos trabalhou na empresa de imobiliário da família. As prateleiras expõem chávenas, canecas e pires da olaria de São Pedro do Corval (“o maior centro oleiro da
Península Ibérica”, nota ele) e da Casa Cubista, em Olhão; assim como outras peças de cerâmica de artesãs radicadas em vários pontos do país. Também há panos de loiça, pegas, guardanapos e tábuas de servir em mármore e madeira.

Rui Silva vende artesanato, loiças e produtos regionais na Oxalá. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

Como ideias de presente gastronómico a Oxalá sugere, por exemplo, conservas, sal e flor de sal, doces e mel; a par de produtos de cosmética natural à base de azeite alentejano; malas da Fábrica Alentejana de Lanifícios de Reguengos de Monsaraz; chás e bonecos de Estremoz. A loja vende, igualmente, calçado biodegradável, bonecas em burel, encadernação japonesa e uma série de outros artigos que aliam o design à funcionalidade dos tempos atuais. Uma das paredes da loja, por sua vez, é dedicada aos vinhos de produtores de quase todas as zonas do Alentejo.

Já no largo do Mercado Municipal 1.º de Maio, com vista para a Igreja de São Francisco/Capela dos Ossos, encontra-se a morada do LUUMI. Mais do que uma marca, este foi o projeto a que Helena Imaginário se agarrou para sair de um processo de burnout que a fez despedir-se de uma multinacional do setor têxtil, meses antes de a pandemia se instalar no país. A “luz ao fundo do túnel” acendeu-se justamente num abat-jour que encontrou no lixo e quis recuperar, pedindo ajuda a Hélder, que além de seu amigo é escultor de cortiça.

Na impossibilidade de recuperar a estrutura danificada, decidiram fabricá-la eles próprios, ou não tivessem pais carpinteiros, ambos naturais de Évora, e Helena uma formação em conservação e restauro que nunca havia exercido. Replicando a fórmula, criaram candeeiros suspensos, de mesa e abat-jours de todas as formas e feitios, cuja estrutura é feita em contraplacado cortado numa máquina e a decoração com fios de lã e linho trançado, em padrões coloridos e geométricos. “Unimos o artesanato ao design e as novas tecnologias às manualidades”, resume.

Com as partes de madeira sobrantes, Helena produz bijuterias que faz questão de usar no dia-a-dia. A loja vende também ilustrações da Urban Sketcher Susana Coelho, mantas de lã e outros artigos de artesãos amigos. “Ao fim de semana de manhã sento-me ali na roda de fiar e acabo por dar workshops espontâneos de fiação de lã”, acrescenta Helena, sorridente e satisfeita com a sua nova vida.

 


Um hotel para estar no campo
A cabras-anãs, ovelhas, porcos pretos, patos, galinhas e o pónei da quinta do ÉVORA FARM HOTEL & SPA aproximam-se com confiança de Daniela Luís, tantas são as vezes que ela os vai alimentar na companhia das crianças hospedadas no hotel. “Uma das atividades da nossa agenda infantil é vir à horta e alimentar os animais, por isso trazemos um cesto com maçãs, cenouras e restos de pão, que eles adoram”, conta a animadora turística, sob o olhar atento do sr. Isidro. Ele divide-se entre a quinta, onde também há coelhos, a horta e o pomar de citrinos.

A época do inverno não é a mais rica em colheitas, mas dali retiram-se com frequência cenouras, alfaces, couves, tomates e muitas ervas aromáticas para usar na cozinha e bares do hotel, a cargo do chef Daniel Sousa. Juntamente com a técnica, o que produzem e o que compram a produtores locais dá origem aos pratos de cozinha alentejana do restaurante À TERRA (aberto a não-hóspedes sob reserva), como por exemplo peixinhos da horta com hummus de grão de bico, ovos rotos com paio e arroz de polvo assado em touriga com alho de inverno.

A picanha de borrego com salada da horta e chimichurri também conquista o estômago, tal como a sobremesa “A nossa horta” feita com legumes e chocolate. Em harmonia com o campo, o hotel dispõe de 56 quartos espaçosos e modernos e 16 villas com piscina privada, spa com piscina interior e ginásio abertos 24h, sauna, banho turco e salas de tratamento, várias piscinas exteriores (três delas de contemplação sobre um vale de oliveiras e a barragem de Monte Novo) e condições para receber animais de estimação.

O hotel tem 16 villas e 56 quartos de várias tipologias. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)


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