Passeio por Braga, com uma lufada de ar fresco entre clássicos e novidades

A história e o património cultural a religioso da cidade, eleita o Melhor Destino Europeu em 2021, abrem-se aos visitantes com uma lufada de ar fresco. Este é um roteiro pelas novidades, e também alguns clássicos, da cidade de portas abertas.

Ao entrar na cidade pelo Arco da Porta Nova, somos recebidos por um novo anfitrião. “Por isso é que a nossa porta está sempre aberta”, brinca José Santos, o diretor do Porta Nova Collection House. O alojamento, aberto no verão de 2019, resultou da recuperação de três edifícios históricos, transformados numa guesthouse de charme. O ar clássico da fachada, onde está instalado um calvário, aberto apenas em ocasiões especiais, como a Semana Santa, não deixa adivinhar o desenho contemporâneo dos interiores, forrados com madeiras claras e granito azul, com uma grande escadaria como peça central. O projeto é assinado pelo gabinete Cerejeira Fontes Arquitetos, responsável por outras obras marcantes na cidade, como a Capela Árvore da Vida, no interior do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo.

O alojamento conta com 15 quartos acolhedores e arejados, distribuídos por três pisos. Em alguns deles foi possível manter as namoradeiras originais do edifício, onde os hóspedes se podem sentar a ver a cidade mover-se lá fora. A receção e sala de estar do Porta Nova acolhe também uma pequena loja de produtos locais, que de resto se encontram um pouco por todo o hotel, que procura agir como um promotor da cidade e da região. Põe em exposição peças de artesanato, organiza workshops de lenços dos namorados, por exemplo, e até leva os hóspedes em visitas guiadas.

O pudim Abade de Priscos dá as boas-vindas logo à entrada. “Queremos conquistar os clientes pela boca”, lança José. Todos os hóspedes têm direito a esse miminho, e os passantes também o podem adquirir em formato takeaway, para ir saboreando em passeio pela cidade. Para uma refeição mais consistente, a guesthouse também tem solução. O restaurante Praça Velha oferece pratos de cozinha portuguesa com uma roupagem moderna, como a torta de robalo com escabeche, as croquetas feitas com carne de cozido à portuguesa ou o clássico bacalhau à Braga. Tudo isto acompanhado por uma bela garrafeira, que dá destaque aos Vinhos Verdes, e servido também numa agradável esplanada.

 

Mesa junto à Sé e uma capela devolvida à cidade
Aberto em plena pandemia, ao lado da Sé de Braga, o Canté trouxe à cidade uma proposta diferente, que tem por base a cozinha portuguesa, mas com influências asiáticas e sul americanas. O projeto é de dois irmãos, Joana e Miguel Marques – já esteve ligado ao restaurante Alma d’Eça, virado para o jardim de Santa Bárbara -, que batizaram o restaurante em homenagem ao pai. “Canté é uma expressão que era muito utilizada pelo nosso pai e a geração dele, que significa quem dera”, explica Miguel.

Na sala de ambiente industrial, à base de ferro, madeiras, espelhos e candeeiros desenhados à medida, e na esplanada, servem-se tacos de salmão fumado, bao à Braga – tem todos os elementos do bacalhau à Braga mas com ingredientes da cozinha asiática -, ceviche, croquetes de boi bravo e kimchi e muitos outros pratos pensados para encher a mesa e partilhar entre amigos. Durante a semana, ao almoço está também disponível um menu executivo que dá direito a prato, sopa e bebida, por 11 euros. As sangrias de espumante, em particular a de pepino e hortelã, são as escolhas mais populares para acompanhar o festim. E em breve juntar-se-á a elas uma nova carta de cocktails.

(Fotografia de Pedro Correia/GI)

A mixologia também está presente na Capela dos Coimbras, um conjunto de museu, café e jardim que marcou a reabertura de um espaço há muito fechado. A Capela dos Coimbras é a capela privada mais antiga da cidade, pertencente à família Lencastre, que em parceria com a Signinum, responsável pelo projeto de conservação e restauro, decidiu abrir a propriedade a visitas, assim como a torre, monumento nacional. Com esta nova oferta cultural veio também um espaço de lazer, o grande jardim e esplanada – agora coberta para o inverno – rodeada de cedros, onde é possível beber um cocktail – em destaque estão os cocktails de fruta à base de rum ou vodka – petiscar e assistir a concertos, documentários e outras atividades da preenchida agenda cultural. Também está prevista a abertura de um café-museu no interior da casa dos Coimbras, junto ao jardim, com um espaço dedicado à história da casa e novas exposições todos os meses.

Uma curiosidade: paredes-meias com a capela fica a Igreja de São João do Souto, onde terão nascido as grandes festas de S. João de Braga, e onde terá sido batizado André Soares, o arquiteto do barroco a que se atribui o projeto do Arco da Porta Nova (aquando da sua reconfiguração no século XVIII).


Baloiçar nas alturas
Junto à capela de Santa Marta das Cortiças, a que se chega passando por um sobreiral, foi instalado no verão passado o Baloiço de Esporões, num dos pontos mais altos da cidade, a 561 metros de altitude. Dali, tem-se vista para os vales e as serras que abraçam Braga, e quem quiser prolongar a visita tem mesas de piquenique e trilhos para percorrer. Para outra perspetiva da cidade, subir a imponente escadaria do Bom Jesus do Monte, classificado como Património Mundial da Unesco em 2019, é um programa incontornável.

(Fotografia de Pedro Correia/GI)


Um jardim barroco
A poucos passos do Arco da Porta Nova, o Museu dos Biscainhos, além de albergar uma exposição permanente que mostra como seria a configuração de uma casa senhorial do século XVIII, esconde também um belíssimo jardim barroco, que é possível visitar livremente. Está dividido em três patamares e com uma área de 1 hectare, rematada por muralhas. Entre a rica diversidade botânica, encontram-se camélias, magnólias, um imponente Tulipeiro da Virgínia com 300 anos, um canavial e uma alameda de laranjeiras. Acredita-se ainda que algumas fontes e esculturas barrocas sejam da autoria de André Soares.

(Fotografia de Pedro Correia/GI)

 

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