Novidades em Loulé, da pastelaria à nova vida de um café histórico

Café Calcinha, Loulé. (Fotografia de Paulo Spranger/GI)
A reabertura do mais icónico café da cidade, com legado centenário e cara lavada, e uma nova casa inspirada na pastelaria francesa são motivos para rumar ao centro louletano.

Pelas paredes do espaço, há fotografias a preto e branco que testemunham o legado desta casa centenária e a própria evolução da sociedade, com registos de noites de bilhar, tertúlias e jantares entre ilustres ou da primeira mulher que aqui entrou. Na esplanada à entrada, mantém-se a estátua em bronze do poeta António Aleixo (frequentador assíduo, tendo passado a última parte da sua vida em Loulé), sentado de perna cruzada, mas o CAFÉ CALCINHA, o mais icónico café louletano, reabriu agora de cara lavada e nova gerência, depois de vários meses fechado.

Há uma década que é considerado Imóvel de Interesse Municipal, faz também parte da Rota dos Cafés com História de Portugal, criada em 2016, mas a sua vida começou em 1929, quando abriu portas. A fachada com colunas trabalhadas mantém-se a mesma, e no interior chega muita luz natural, entre paredes em tom salmão, plantas vistosas e madeiras escuras.

Nesta nova etapa, funciona como cafetaria e restaurante, mas também palco de agenda cultural, entre música ao vivo, clubes de leitura, gravações de podcasts ou sessões de poesia, por exemplo. “A recetividade dos louletanos tem sido total. Todos os dias me contam memórias ligadas a esta casa”, conta Fernando Silva, que gere o Calcinha em dinâmica familiar, com o filho Ricardo Vaz e a companheira, Sara Carvalho. Com o nascimento do filho mais novo, largou a sua Invicta, que “adora”, mas à procura de uma vida mais calma, fora das grandes urbes. Fixou-se em Loulé, onde já detém o 8100 Café.

O Café Calcinha reabriu no início deste ano. (Fotografias de Paulo Spranger/GI)

Além da oferta de cafetaria e pastelaria, há menus de almoço acessíveis.

Ainda assim, trouxe a francesinha para a carta do Calcinha (a tradicional e uma vegetariana), às quais se juntam torradas e tostas em pão de fermentação natural, bifanas, artigos de pastelaria (folhado de Loulé, pastéis de natas, croissants, etc), chocolates quentes, sumos naturais, bolos à fatia e o café torrado na própria casa, do Brasil, Etiópia e Colômbia, que perfuma o Calcinha a ritmo constante. Aos almoços, há sempre pratos do dia, como sopa de couve-flor com caramelo e queijo; feijoada de tamboril; cogumelos recheados; açorda de marisco ou o cozido à portuguesa, este último aos domingos.

“Os espaços podem ser importantes, mas quem faz os espaços são as pessoas”, explica Fernando Silva, empenhado em “colocar Loulé no mapa”. A partir de maio, o horário vai alargar e o Café Calcinha vai passar a abranger também jantares e bebidas noite fora, onde ganharão protagonismo cocktails clássicos e cerveja artesanal algarvia.

Fernando Silva e o filho, Ricardo Vaz, são os responsáveis pelo espaço.

A estátua de António Aleixo, na esplanada do café.

Subindo a Praça da República, os olhos voltam-se quase sempre para o seu mais vistoso inquilino, o Mercado Municipal de Loulé, construído há quase 120 anos e remodelado algumas vezes desde então, mantendo, ainda assim, os seus quatro pavilhões e outros tantos portões, com estilo neoárabe. Além das compras diárias de peixe, carne e frescos, acolhe iniciativas como a Feira do Chocolate. E por falar em doce, o passeio continua a poucos metros dali, noutro reforço recente do centro louletano.

Liliana Varela é transmontana, nasceu em Mirandela, mas foi para os arredores de Paris ainda bebé, com os pais. Foi em França que conheceu o companheiro, Stephane da Costa, também filho de portugueses. Ela trabalhava num escritório e ele num restaurante, mas com a chegada das duas filhas, o casal decidiu mudar de vida e escolher um destino mais soalheiro. Foi em Loulé que abriram a pastelaria L’ATELIER GOURMET, onde diariamente se aposta na produção artesanal.

“Já gostava de pastelaria, fazia bolos e coisas mais básicas em casa. Comecei a aperfeiçoar o conhecimento e aprendi tudo sozinha. Aliás, ainda hoje, estamos sempre a aprender coisas novas”, explica Liliana. Nas montras deste espaço, inspirado na pastelaria francesa, ao longo da manhã e da tarde desfilam fornadas frescas de croissants folhados, pain au chocolat, viennoise simples e com chocolate, brioches folhados, bolachas com chocolates variados e manteiga de amendoim, tarteletes, variedades de Paris-Brest e éclair, brownies de caramelo salgado e bolos maiores, como o mil-folhas de morango e framboesa.

Liliana e Stephane são os donos da recente pastelaria L’Atelier Gourmet.

Os croissants são um dos produtos-estrela da casa.

Os produtos usados são todos nacionais e locais (como é o caso das frutas, dos morangos às framboesas, por exemplo), com exceção da manteiga extra-seca francesa, “que faz diferença no sabor dos folhados” e do chocolate francês. E a criatividade fá-los mudar as produções a nível ritmado, numa dinâmica familiar que resulta. “O que ele gosta de fazer, eu não gosto, e vice-versa”, ri-se a proprietária, de 35 anos. Num dia de fim de semana, é normal fabricarem-se entre 200 a 250 croissants. “Vendemos sempre tudo o que temos na montra”, acrescenta Liliana, antes de mostrar a tranquila esplanada que se situa nas traseiras.

Aqui, também se personalizam bolos de aniversário, numa casa decorada a lembrar as pâtisseries francesas, Além do estilo romântico de mesas e cadeiras, há balanças e cafeteiras antigas, livros e revistas de pastelaria, além dos pacotes que se compram para se fazer bolachas e fondant de chocolate em casa, já com todos os ingredientes precisos.

Todos os dias, há bolos, bolachas e folhados na montra da pastelaria.

A poucos metros dali, vale a pena passar pelo JARDIM DOS AMUADOS, junto à Igreja Matriz e construído, no seu limite oeste, sobre a muralha do Castelo de Loulé. O nome tem origem em referências populares, pelo facto dos bancos do jardim estarem posicionados em pares, costas com costas. Entre arvoredo alto e canteiros relvados, chega-se ao miradouro panorâmico que aqui existe, do qual se avista a fortaleza e parte da cidade louletana.

O mercado municipal louletano.

O Jardim dos Amuados, um espaço verde junto à Igreja Matriz.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend