Escapadela por Sintra: um conto de fadas entre palácios, artesanato e boas mesas

Fora da época alta do turismo, a vila de Sintra, cuja paisagem cultural é património da UNESCO, deixa-se visitar mais tranquilamente. É o tempo de revisitar o palácio nacional, dormir num cenário romântico e saborear os produtos portugueses.

Destacando-se na paisagem com as chaminés cónicas da cozinha real, o PALÁCIO NACIONAL DE SINTRA coroa majestosamente o centro da vila, afirmando-se como inesgotável programa de passeio. Que o diga o seu diretor, António Nunes Pereira, enquanto aponta para uma maquete do monumento, à entrada. “Na verdade são três palácios dentro do mesmo, e este é um dos mais antigos da Europa e um dos poucos que ainda têm vestígios medievais. Tem mais de mil anos de história e todos os reis de Portugal, com exceção dos Filipes, viveram aqui” até à República, conta.

“O palácio não era apenas uma residência, mas um complexo de governo do país e da região, com lugar para todas as funções do rei, numa altura em que não havia a separação entre o cargo e a intimidade como a entendemos hoje”, nota. Assumindo que cada um dos monarcas deixou a sua marca ordenando diversas construções e adaptações arquitetónicas, o que se vê é resultado de obras promovidas nos reinados de D. Dinis, D. João I, D. Manuel I e D. João III. E é ao século XVI que remonta a mais recente novidade descoberta do palácio: uma galeria palatina.

António Nunes Pereira é o diretor do Palácio Nacional de Sintra. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

Após dois anos de investigação, a equipa de conservadores apurou que a atual Sala das Galés funcionou como uma galeria privada, “a única desta época conhecida em Portugal”. Espaço do Humanismo quinhentista mandado construir D. João III, era nele que o neto, D. Sebastião, dormia a sesta, passeava com vista para a serra e dialogava com os seus mestres, como forma de aprendizagem. Sendo também um espaço de preservação da memória dos feitos da coroa, foi decorado com 63 pratos de produção Valenciana e 86 azulejos inéditos, na nova musealização.

“A memória é um dos 10 núcleos temáticos do circuito de visita que abordam de forma simples e direta as questões ligadas à vivência do palácio”, explica o diretor. Na prática, este novo projeto museográfico com painéis e placas de sala ajuda os visitantes a identificar as diferentes épocas e funções das salas. Dando um pulo até ao dia 4 de outubro de 1910, dia em que a rainha D. Maria Pia de Saboia abandonou o palácio rumo ao exílio, encontra-se do outro lado da estrada a SINTRA BAZAR, histórica loja de artesanato, conta a proprietária Carla Jusek.

“Os meus bisavós moravam aqui. Ele fazia sapatos para a nobreza da vila e sabia falar um bocadinho de inglês e de alemão, tanto que muitos estrangeiros vinham aqui para lhes ler o jornal. Mais tarde, uma das filhas – a minha avó – casou, e como viram um novo setor de mercado começaram comprar artesanato para vender aqui no pátio. Foi assim que o negócio começou”, relata Carla, apontando para uma fotografia da avó e da mãe, a preto e branco, colada numa das janelas.

Já o filho Tomás, formado em hotelaria, introduziu um cantinho com conservas, vinho do porto, patês, doces, compotas e outros produtos bons para oferecer. A aposta nas louças da Vista Alegre, Bordallo Pinheiro e de Coimbra sempre se manteve, a par da sala dedicada aos bordados de Viana e da Madeira (muitos disponíveis a pedido e por catálogo). A filigrana de prata tem também destaque.

Nas ruas íngremes e apertadas do centro, a que aos poucos os turistas estrangeiros estão a regressar, descobrem-se – além dos travesseiros da Casa Piriquita – outros segredos bem guardados. É o caso do BACALHAU NA VILA, restaurante em que a simpatia é o cartão de visita e o chef Ricardo Santos, 27 anos, mostra haver mais de mil e uma maneiras de fazer bacalhau. Aqui, o gadus morhua chega da Noruega seco e inteiro e é cortado e demolhado no piso superior, conforme os pratos a servir.

Além do peixe, Ricardo aproveita o sal e as espinhas, em caldos e decorações. “Noventa por cento da nossa carta leva bacalhau”, diz o chef, enviando para a mesa criações como espinheta (feita com as barrigas), ceviche (a partir do lombo), pastéis de nata de bacalhau, tiras de bacalhau panadas e crocantes e pratos mais substanciais como a espetada de bochecha de bacalhau com chutney de manga, trilogia de pimentos e cebola roxa e o polvo à lagareiro com camarão e bacalhau salteado na frigideira. Ao lado da sócia, Isabel Carvalho, conta que o avô o ajudou a trabalhar com peixe, e que ambos estão satisfeitos com o sucesso do restaurante.

A pouco mais de um quilómetro do centro da vila e do Palácio Nacional de Sintra encontra-se o recente ROSEGARDEN HOUSE, do grupo Unlock Boutique Hotels. Casa de charme, decorada e mobilada com peças de antiquário para recriar o ambiente romântico, dispõe de oito quartos (alguns com vista para a serra), piscina
exterior aquecida, terraço, biblioteca no sótão e uma sala de refeições onde é servido o pequeno-almoço e brunch (a pedido/25 euros por pessoa). Rodeado de floreiras e vegetação, lembra o cenário de um tradicional e mágico conto de fadas.


Comer à mesa da família Santos
Antes da hora de almoço, Maria João Santos, com 60 anos e metade dos quais cabeleireira, troca o secador de cabelo pela frigideira e dedica-se à cozinha do RESTAURANTE SANTOS, que gere com o marido João, 63 anos e ex-motorista privado, numa zona industrial da Abrunheira. Como em casa, não há carta; antes um menu com pratos de peixe e carne fixos consoante os dias, e que podem ir de choquinhos à algarvia com xérem a favas com entrecosto, passando por massada rica de peixe, bochechas com batata doce frita, moqueca de peixe, galo estrugido com batata frita caseira e carne de porco à alentejana, entre outros. Tudo entregue com amor e tempero apurado, na companhia de sangria, vinho, cerveja, sumo de laranja e água à discrição. O menu fixo custa 20 euros por pessoa e inclui couvert, entradas, prato de peixe e carne, sobremesa e café. Brinda-se com medronho.


Morada
Largo Rainha D. Amélia, Sintra
Telefone
219237300
Horário
Palácio e jardins, das 09h30 às 18h30.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Morada
Praça da República, 37, Sintra
Telefone
219248245
Horário
Todos os dias, das 09h às 19h.


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Morada
Arco do Terreirinho, 3, Sintra
Telefone
219243326
Custo
(€) Preço médio: 15 euros.
Horário
Segunda, quarta, quinta e domingo, das 12h às 17h. Sexta e sábado, das 12h às 17h e das 19h às 22h. Encerra à terça.


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Morada
Largo do Adro, 12 a 14, Sintra
Telefone
215899889
Custo
(€) Quarto duplo a partir de 99 euros/noite (com pequeno-almoço).


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Morada
Zona Industrial da Abrunheira, Quinta Lavi, Sintra
Telefone
938886089/219231161
Custo
(€€) Preço: menu completo a 20 euros/pessoa.
Horário
De segunda a sexta, das 07h30 às 18h. Sábado e domingo, das 12h às 02h mediante reserva. Grupos, mediante reserva.


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