Passadiços de Aveiro: Caminhar sobre a água com a ria no horizonte

A cada momento do dia a ria de Aveiro mostra os seus encantos de maneiras diferentes, ao sabor da maré e da luz que a cobre de várias cores. O que dá pretexto a repetir a visita uma e outra vez, sem perigo de ver o mesmo. Fala-se da ria pura e selvagem, bem mais admirável que os canais citadinos por onde circulam os moliceiros. Uma ria vibrante e cheia de vida, que desde julho de 2018 pode ser descoberta a pé ou de bicicleta, sobre passadiços de madeira e trilhos de terra batida que ligam o cais da Ribeira de Esgueira até ao Rio Novo do Príncipe (o troço final do rio Vouga), em Vilarinho. O percurso forma um total de cinco quilómetros, mas os mais aventureiros podem continuar caminho até Estarreja, já sem ria à vista e a aumentar a jornada para mais de 20 quilómetros.

Um passeio entre lagoas, sapais e manchas de bosque, que mostra um outro panorama do sistema lagunar de Aveiro e da rica biodiversidade que ali habita.

Oficialmente o trilho tem início no antigo cais de São Roque, bem perto do centro da cidade, mas quem preferir um percurso menos urbano pode encurtar caminho (aproximadamente dois quilómetros) e começar em Esgueira. É que além de ter parque de estacionamento e ser de fácil acesso, como está mais afastado da cidade desde logo se sente a tranquilidade da ria. Logo ao princípio dos passadiços está montado um observatório para apreciar a fauna, principalmente as aves que esvoaçam sobre a água. Durante o inverno, a ria de Aveiro abriga mais de 20 mil aves migradoras, o que lhe valeu a classificação como Zona de Proteção Especial. Andorinhas do mar, pernas-longas, garças, flamingos e até a águia-sapeira fazem daquele lugar o seu habitat.

À luz do cair do sol, que pincela a ria de um dourado reluzente, tem-se um dos mais belos cenários do estuário. Com a maré vaza, abre-se um pântano de vegetação rasteira e bancos de areia, abundante em salicórnia, e mais à frente dominado por malmequeres, que deixa ver os pequenos caranguejos passear nos lodaçais a descoberto, os barcos naufragados e os que esperam no cais que maré suba. E não é de admirar ver também um par de cabras a explorar os sapais.

Quando a maré sobe e enche as medidas à laguna, todo o estuário se transforma num manto de água a perder de vista – que não poucas vezes torna impossível a passagem em algumas zonas dos passadiços -, com ilhotas de vegetação à superfície, e navegável por quem conhece bem os recantos sinuosos da ria.

Os passadiços sobre a água dão lugar, aqui e ali, a trilhos por entre pinhais e eucaliptais, e a cada passo encontram-se bancos em madeira, gravados com dizeres aveirenses, para descansar as pernas de olhos fitos na ria, num horizonte salpicado de velhas casinhas que guardavam as marinhas agora submersas.

É um autêntico tesouro natural, muito concorrido por locais que aproveitam para exercitar com uma paisagem privilegiada. Atraídos pela tranquilidade, a frescura e a beleza da ria, que ali se sente mais de perto, quase a chegar aos pés.

INÍCIO/FIM
Cais da Ribeira de Esgueira
Rua de Santa Luzia, 55, Aveiro

Comer
Peixe e marisco do dia
No Cais do Pescado, muito próximo do antigo cais de São Roque, a sensação é de se estar numa bolha dentro do oceano, replicado nas pinturas que forram as paredes. Presságio do que recheia a carta, focada em especialidades como os peixes e mariscos do dia, grelhados e servidos com arroz do mar. No final há que guardar apetite para as irresistíveis sobremesas da chef Joana Castela

Visitar
Um viveiro de ostras
Numa antiga salina, conhecida como Marinha Passagem, acessível apenas de barco, está instalada a empresa Ostraveiro, um viveiro de ostras, amêijoas, berbigão e salicórnia, que além da produção de bivalves, também organiza vários programas com visitas guiadas pelas instalações, provas e experiências nos viveiros.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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