Quando ouvimos falar de Katherine Langford, ela já estava “morta”. A atriz surgiu como coprotagonista de 13 Reasons Why, série de Netflix que fez correr muita tinta aquando da estreia, em 2017, da primeira temporada. A quarta acaba de chegar à plataforma de streaming.
Australiana com 24 anos acabados de fazer, Katherine interpretou a figura de Hannah Baker nesta história baseada no livro homónimo de Jay Asher. A sua personagem – uma jovem que se suicida e deixa cassetes de vídeo a várias pessoas com quem se cruzou – polvilhou a trama em vários flashbacks ao longo das duas primeiras temporadas. Nas terceira e atual, faz parte apenas da memória de Clay Jensen (Dylan Minnette), fio condutor de toda a ação.
Langford tinha 20 anos quando esta série lhe chegou como a primeira oportunidade. Tinha participado apenas em pequenos filmes independentes. Realizou o primeiro casting por videochamada e, depois de escolhida, teve apenas 10 dias para conseguir autorização para viajar para os Estados Unidos e lá permanecer durante as gravações. Uma aventura para dar um grande passo na busca de uma carreira na representação.
Até poucos anos antes, Katherine Langford, filha de um casal de médicos, sentia muito mais apetência pela política e pela natação – chegou a entrar em competições pela Perth Modern School – do que pelas artes. Foi um concerto de Lady Gaga que lhe «abriu os olhos» e a inspirou a aprender a tocar piano sozinha. A música é o seu «happy place», como definiu um dia. Acabaria mesmo por largar a natação e ainda hoje gosta de compor e cantar.
13 Reasons Why poderia ser apenas mais uma série da Netflix sobre – e para – adolescentes. Mas o facto de ser centrada em histórias transversais de bullying, suicídio e violação gerou controvérsia. Criada por Brian Yorkey e produzida em parceria com uma equipa na qual se incluía Selena Gomez, foi vista ora como um alerta ora como «um gatilho» para quem já sofre de depressão e pensa em tirar a própria vida. Foram feitas petições, manifestações, as redes sociais encheram-se de mensagens.
Um estudo da Revista da Academia Americana de Psiquiatria Infanto-Juvenil concluiu que o retrato do suicídio de Hannah Baker – visto no último episódio da primeira temporada – constituiu um fator de risco e coincidiu com um aumento de suicídios entre os jovens com idades entre os 10 e os 17 anos. O Journal of the American Medical Association revelou que, após a estreia, as pesquisas sobre métodos suicidas no Google cresceram 19% em comparação com o ano anterior. No Brasil, contactos com o Centro de Valorização da Vida, organização de prevenção contra o autocídio, cresceram 400%. O presidente desta associação, Robert Paris, afirmou que os jovens citam a personagem interpretada pela atriz australiana.
A Netflix reduziu cenas mais impactantes a mínimos e colocou, na abertura de cada capítulo, um alerta para os adolescentes que, na vida real, se identificam com a personagem de Langford: falem com alguém! Encomendou ainda um estudo sobre o efeito da trama nos adolescentes: 63% a 79% consideraram que vê-la foi benéfico. A plataforma de conteúdos digitais ainda abriu o site 13reasonswhy.info, com informações de associações de 62 países que ajudam no combate ao suicídio. Portugal está representado pela SOS Voz Amiga (tel.: 800 209 899, sosvozamiga.org).
Katherine Langford não se manteve no silêncio. «Coisas assim instigam debates, que é parte importante. Acho que cobrimos tantos assuntos fundamentais na série que afetamos pessoas de maneiras diversas, dependendo do próprio contexto pessoal de cada uma delas», disse. «Sinto-me muito orgulhosa da maneira como falamos [sobre esses assuntos importantes] e de como mostramos as coisas (…). Se uma em dez raparigas prestarem atenção num universo de 5 milhões, podemos ajudar muitas pessoas», terminou.
13 FACTOS SOBRE 13 REASONS WHY
1. Proibida na Nova Zelândia
O país considerou que a história não é apropriada a jovens com menos de 18 anos, a não ser que acompanhados por um adulto.
2. Nove dias para um episódio
Cada capítulo foi gravado em nove dias. Cada uma das quatro temporadas é composta, como não podia deixar de ser, por 13 episódios.
3. Guarda-roupa low-cost
Os figurinos da série são adquiridos em lojas de roupa low-cost, como a Urban Outfitters, Forever 21, Zara, H&M e Free People.
4. Exteriores na Califórnia
Os exteriores foram gravados em Sebastopol, na Califórnia, uma cidade localizada no condado norte-americano de Sonoma.
5. Base militar desativada
Já os interiores tiverem por cenário os estúdios da Paramount em Vallejo, também em Solano. O local é uma base militar desativada.
6. Cenas de violação
Katherine Langford e a também atriz Alisha Boe (Jessica) tiveram a ajuda de um terapeuta para poderem interpretar as cenas de violação sexual.
7. Terapia com cães
Além disso, no set de filmagens todos os atores tiveram acesso a terapia com cães de forma a aliviar a pressão sentida durante as gravações.
8. Era para ser um filme
Selena Gomez leu o livro de Jay Asher e quis adaptá-lo a filme, vestindo o papel de Hannah. Acabou por optar pela série e ficar nos bastidores.
9. Dylan Minette
O ator e músico participou em filmes como «Goosebumps» e em séries como «Lost», «Anatomia de Grey» e «Prison Break».
10. Filha de Kevin Bacon
A atriz que interpreta a personagem Skye é filha do ator Kevin Bacon e da atriz Kyra Sedgwick. Sosie Bacon tem 28 anos.
11. Tatuagens de tributo
Selena Gomez, Alisha Boe (Jessica) e Tommy Dorfman (Ryan) fizeram tatuagens iguais em tributo a «13 Reasons Why».
12. Gravações online
As gravações que Hannah fez em cassetes estão disponíveis no site oficial da série tal como o autor do livro as criou, sem a interferência da adaptação.
13. Última temporada
A quarta temporada é a última. O ator Gary Sinise inclui o elenco. O norte-americano é conhecido pelo seu papel «C.S.I.: Nova Iorque».
