Crónica de Luísa Marinho: Sardinhas na brasa sobre um mar azul

Doca de pesca de Sines (Fotografia: DR)
Em Sines, há um restaurante a que regresso todos os verões. No Bejinha, a grelha não falha, e come-se peixe muito fresco enquanto se aprecia o dia a dia da doca de pesca.

Depois de pouco mais de 30 minutos à espera de mesa, o João chamou e sentou-nos numa das primeiras mesas ao lado da entrada. O avançado envidraçado que separa a sala do restaurante O Bejinha da sua esplanada, e da fila de pessoas que se vai acumulando mesmo antes do meio-dia, permite também apreciar o vai e vem de pescadores e trabalhadores da doca de Sines. Situado dentro do porto, mesmo em frente à lota, O Bejinha começou a laborar em 2006 e de pequeno snack-bar (que ainda funciona, na sala ao lado do espaço principal) rapidamente se tornou num ponto de referência para os apreciadores dos produtos do mar, principalmente de peixe grelhado.

Enquanto eu e o meu amigo discutíamos o que almoçar – apreciando longamente os robalos, as douradas e os sargos de aspecto fresquíssimo – o João aproximou-se da mesa e informou, determinado e convincente: “As sardinhas hoje estão espetaculares. Se gostam de sardinhas, recomendo”. Não foi preciso pensar mais: venham lá essas sardinhas. E não pararam de vir. A travessa estava constantemente a ser preenchida com mais sardinhas, acabadas de sair da brasa, e sempre no ponto. O acompanhamento era simples e suficiente, batatas cozidas e salada. É assim que funciona este restaurante familiar, liderado por João Beja e o pai Carlos, sem pressas nem luxos, mas de serviço desembaraçado. Frequento O Bejinha desde que comecei a passar férias em Sines por altura do Festival de Músicas do Mundo, já lá vai uma década. E quando se aproxima a data da viagem rumo a sul, começa o prazer da antecipação, tanto do festival, como daquele dia em que irei comer ao Bejinha.

Ir almoçar lá tornou-se num dos objetivos das férias. Não é apenas o excelente peixe e o serviço que me atrai. No dia escolhido para ir ao Bejinha, gosto de sair cedo e percorrer tranquilamente o caminho do centro histórico da cidade até à lota, começando junto ao castelo, apreciando sempre a paisagem marítima: a baía de Sines e a sua praia, com os muitos barcos de recreio, de um lado, os dos pescadores do outro, e os grandes cargueiros ao fundo, quase na linha do horizonte.

O azul carregado do céu e do mar destes dias de verão abre o apetite para o que lá vem. Já na lota, enquanto espero, passeio por entre pequenos barcos a remos e traineiras. E com sorte, assisto à chegada de alguma delas, invariavelmente perseguidas por um bando gaivotas oportunistas, que parecem gostar tanto de peixe fresco como eu.




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