Carlos Garcia dá as boas-vindas à centenária Quinta de Santo Estêvão, a poucos quilómetros da cidade de Silves, com uma ornamentada mesa de sumos de laranja. O centro das atenções, porém, é a burra que acompanhará este passeio e que José Neves aparelha prontamente, com um alforge com o logotipo da Rota da Laranja. “Temos um pónei, cavalos e quatro burras: a Tangerina, a Laranjinha, a Flor de Santo Estêvão e a Pipoquinha. A minha neta é que lhes deu os nomes”, diz Carlos.
Forçados a suspender a experiência por causa dos confinamentos, procuram agora retomá-la em força, aliando-se à marca registada do município de Silves, que se autointitula Capital da Laranja em virtude do histórico que esta produção de citrinos tem no território, desde há centenas de anos. O curso da ribeira do Arade, que brota na Serra do Caldeirão a 90 quilómetros, é o primeiro ponto de interesse e ajuda a explicar a evolução dos sistemas de irrigação dos pomares de laranjeiras.
Adiante, surge um muro de pedra vermelha, o famoso grés de Silves com que foi construído o castelo. “As aberturas que se veem em baixo permitiam que a água escoasse quando todo este vale era um leito de cheias, antes de serem construídas as barragens do Funcho e do Arade”, explica José. Com a dócil burra puxada pela mão (as crianças podem ir em cima dela), o guia vai falando das diferentes variedades deste fruto que pulula nas árvores, ao longo de 10 hectares.
A quinta produz “mais de 50 toneladas de laranjas por ano” (parte delas escoadas para mercados abastecedores de Lisboa), entre clementinas, tangerinas setubalenses, tangerinas Encore e laranjas das variedades Newhall, Navelina, Rhodes, D. João e Baía. Esta última distingue-se por ter um umbigo na parte inferior e por ter sido das primeiras a surgir no Algarve, depois de mercadores terem introduzido a laranja doce na Europa, oriunda da Índia, no século XVI.
José Neves não perde o ritmo do passeio, ainda que a burra aproveite cada pausa, inteligentemente, para comer erva fresca. Tempo para explicar porque é que a laranja se dá tão bem no Algarve, responsável por 70% da produção nacional: graças ao inverno ameno e soalheiro e às caraterísticas do solo, que favorecem o seu amadurecimento. O resultado são laranjas de casca espessa e brilhante, sumarentas e doces, com picos de produção entre dezembro e janeiro e no verão.
De regresso à quinta, é tempo de reunir os participantes em torno de uma mesa de petiscos confecionados por José Neves – ele que, além de ter nascido na quinta, trabalhou mais de 20 anos em departamentos hoteleiros de comidas e bebidas. Tudo com os mais nobres produtos do Algarve: peixinhos da horta; figo seco com queijo de cabra; queijo fresco de ovelha com diospiro; polvo de Santa Luzia frito; e torta de laranja com batata-doce de Aljezur. Para brindar, vinhos da Paxá Wines.
Outras rotas e atividades
Além da Rota da Laranja (entre novembro e final de maio), a Quinta de Santo Estêvão também organiza as rotas do morango (entre março e maio) e das frutas, legumes e aromáticas (entre maio e julho), numa horta biológica própria. Entre as atividades disponíveis há também passeios de charrete para crianças e famílias (com bebida de boas-vindas e prova de produtos regionais), passeios românticos com piquenique e caminhadas pelo Arade, assim como a realização de aniversários.
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