10 Plantas para fazer uma farmácia no quintal lá de casa

As calêndulas têm propriedades cicatrizantes e integram a composição de vários produtos farmacêuticos e cosméticos. (Fotografia: DR)
São plantas conhecidas, e quase todas comuns em Portugal. Muitas mais haveria para resolver pequenas maleitas quotidianas, mas com este top 10 fica-se bem servido.

Antigamente, os muros das aldeias eram autênticas farmácias e certos velhinhos que ganhavam fama de curandeiros por conhecerem as propriedades medicinais das plantas. Hoje, não há tantas farmácias naturais, mas alguns dos medicamentos que consumimos – como os banais antitússicos e pomadas para as hemorroidas – são feitos à base de plantas que se podem cultivar facilmente numa varanda, mesmo que não apanhe sol o dia todo.

“Há um conjunto de plantas que podemos ter em casa, algumas até pouco exigentes, e que nos permitem ter uma pequena farmácia caseira”, refere o agrónomo Luís Alves, fundador da quinta urbana Cantinho das Aromáticas, onde vende algumas destas plantas para os fins de tratamento que aqui descreve.

 

1 | Cidreira
Nome científico: Melissa officinalis
“É a panaceia da ernavária portuguesa e é provavelmente a primeira infusão que todos nós bebemos, em crianças”, refere Luís Alves sobre a cidreira. É a planta usada “para resolver muitos problemas”, porque ela é sedativa, acalma e ajuda a dormir – uma virtude especialmente valiosa nestes tempos de angústia, inquietude e nervosismo que atravessamos. “A cidreira cultiva-se facilmente em casa, mesmo em varandas porque gosta de sombra, Se for plantada agora, está sempre a crescer até ao final do verão”, assinala o agrónomo do Cantinho das Aromáticas. O seu agradável aroma limonado é um perfume em qualquer jardim e pode usar-se em infusões fresca ou seca. As suas folhas de verde vivo podem usar-se ainda para decorar doces.

 

 

2 | Aloé
Nome científico: Aloe vera
Com a quarentena a inspirar tantos cozinheiros amadores, Luís Alves recomenda que se cultive o famoso aloé pelo seu poder balsâmico na pele e não só. “É uma planta a roçar o milagroso para queimaduras”, assinala. “Esta suculenta é muito fácil de cuidar, gosta de sol e pouca água, e aguenta bem os nossos esquecimentos”, refere o agrónomo. A polpa das suas folhas carnudas é um gel translúcido que se pode aplicar diretamente sobre a pele para acalmar queimaduras. Ou ainda para outros alívios: a mulher de Luís, Maria, costuma congelar o gel do aloé em cuvetes de gelo que aplica sobre as olheiras para as atenuar. Pode-se usar até a cuvete de gelo como guilhotina ou então cortar a polpa com uma faca.

 

3 | Calêndula
Nome científico: Calendula officinalis
As calêndulas, também conhecidas por maravilhas, têm propriedades cicatrizantes e integram a composição de vários produtos farmacêuticos e cosméticos. “São muito fáceis de cultivar, gostam de sol, dão umas flores lindas e são as melhores amigas das abelhas”, diz Luís Alves, que tem clientes no Cantinho das Aromáticas que lhes dão um uso ancestral – fazer banhos de assento para alívio das hemorroidas. Basta fazer com elas uma grande infusão, no bidé, e lavar a parte afetada.

 

 

4 | Salva
Nome científico:
Salvia officinalis
Tal como a calêndula, a salva pode ser usada para banhos de assento – no caso de infeções urinárias das mulheres – pelas suas propriedades terapêuticas. “É quase tão eficiente como um antibiótico no alívio dos sintomas”, refere Luís. O seu aroma canforado e forte pode também saborear-se em infusão e utilizado como um condimento especial na cozinha. Dá um toque de frescura e vivacidade aos pratos e convive bem com sabores fortes. E é bom também ter por perto as suas folhas cheirosas e aveludadas.

 

 

5 | Alecrim
Nome científico:
Rosmarinus officinalis
Nas aldeias, usava-se (e usa-se) plantar alecrim e arruda à porta para afastar a inveja. Tem-se afirmado (com evidência científica) como um bom auxiliar de memória, bastando para isso cheirar as suas folhas ou o seu óleo essencial em alturas em que convém ter a cabeça afinada. Luís partilha um truque útil: queimar algumas folhas de alecrim depois de fritar peixe, faz desaparecer o cheiro. Como condimento é bem conhecida a sua graça nos assados e comidas robustas, e ainda nos doces.

 

 

6 | Funcho
Nome científico: Foeniculum vulgare
O funcho selvagem encontra-se por todo o lado: “está nos campos, nas autoestradas e nas bordas dos ribeiros”, assinala Luís Alves. O seu aroma a anis é popular na doçaria tradicional e o remédio das avós para as cólicas dos bebés – e que também resulta nos adultos. “É muito fácil de cultivar , num vaso mais ou menos pequeno, ao sol e é provavelmente a planta mais fácil de colher”, refere. Serve de condimento (nos doces e peixe assado, por exemplo) e faz uma infusão.

 

7 | Segurelha
Nome científico:
Satureja montana
A segurelha é outro segredo antigo que se perdeu. “É uma planta muito nossa e uma das suas virtudes é ajudar a reduzir ou eliminar completamente a produção de flatulência”, assinala Luís Alves. Pode-se usá-la na água de cozer as leguminosas (feijão, grão, favas…) ou adicioná-la fresca no final do cozinhado. Esta planta com um inconfundível aroma a grafite (cheira a lápis!) pode ser consumida em infusão e usada como condimento, com as referidas leguminosas e ainda, por exemplo, a temperar um creme de cenoura.

 

 

 

8 | Tomilho
Nome científico:
Thymus vulgaris
É bem conhecido o nosso tomilho vulgar e menos conhecidos são os seus primos tomilho limão e tomilho bela luz (este último uma maravilha da flora autóctone portuguesa). São muito fáceis de cultivar numa varanda, ao sol, estas plantas cujas propriedades desinfetantes e de alívio de problemas respiratórios as fazem integrar a composição de vários medicamentos. “Há uma série de antitússicos feitos com tomilho”, sublinha Luís. Pode-se usar como condimento (em quase tudo) e ainda tomar como infusão, para “desinfetar” o nosso organismo por dentro.

 

9 | Perpétua Roxa
Nome científico:
Gomphrena globosa
Haverá poucas coisas na vida tão bonitas e tão úteis como a perpétua roxa. Tem algumas irmãs de outras cores, e todas elas possuem propriedades anti-inflamatórias das cordas vocais, mas esta distingue-se por dar uma cor mais carregada à infusão. É uma grande amiga dos profissionais da voz, como cantores e radialistas, que tomam muito a sua agradável infusão cor de rosa. Não é ainda a altura de a plantar, porque as que já germinaram precisam de mais calor para crescer, adverte Luís, mas o seu tempo chegará em breve.

 

 

10 | Hortelã-Pimenta
Nome científico:
Mentha x piperita
O seu sabor picante é inconfundível e esta planta tem muitas aplicações na nossa vida. Como condimento, dá gosto a doces, gelados, sangrias e refrescos e faz uma revigorante infusão. Luís Alves salienta o “casamento perfeito” que faz com o chocolate. Mas é também uma eficiente curandeira de algumas maleitas comuns, por ser hepatoprotetora. A sua infusão ajuda a prevenir e a tratar ressacas. É preciso, ao cultivar, não a misturar com outras espécies, porque age como invasora. Um vaso em terracota só para ela é o ideal.

 


Luís Alves, portuense, sempre se sentiu atraído pela terra e pela agricultura, optando muito cedo por esse caminho. Foi estudar para a Escola Agrícola Conde de São Bento, em Santo Tirso e daí para o curso de Engenharia Agrícola da Universidade de Trás-os-Montes. De volta ao Porto, geriu durante seis anos os 18 hectares dos jardins da Fundação de Serralves. Há 18 anos, fundou o Cantinho das Aromáticas, um projeto de produção de plantas aromáticas e medicinais em agricultura biológica urbana, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, cujas infusões têm ganho diversos prémios internacionais. É pai de dois filhos.

Cantinho das Aromáticas
Viveiro e loja: segunda a sexta, das 9h às 18h.
Web e loja online: cantinhodasaromaticas.pt
instagram.com/cantinhoaromaticas/




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend