Uma escapadinha dentro das muralhas de Óbidos

Em tempo de sol de inverno sugerimos escapadinhas em cidadelas portuguesas. Em Óbidos, há novidades para descobrir e provar. Veja mais na galeria.

Nas ruas estreitas e acidentadas de Óbidos convivem, harmoniosamente, locais, os turistas de cá e os de fora, e charretes comandadas por cavalos. A mistura podia correr mal, mas ali acontece um convívio pacífico. E este é um dos encantos da vila portuguesa medieval por excelência, que tem sabido manter aceso o interesse em seu torno ao longo dos anos. A cidadela que foi, durante séculos, oferecida a rainhas de Portugal, tem dentro do perímetro das suas muralhas novidades que pedem uma visita a tempo do Dia dos Reis. E que mostram que Óbidos é muito mais do que a vila da ginja e do chocolate.

A histórica Pousada do Castelo ganhou recentemente uma irmã mais nova, a Pousada Vila Óbidos, a poucos metros de distância e a preços mais acessíveis. O novo projeto do Grupo Pestana tem 16 quartos deluxe e nove standard, mas de todos se consegue avistar a muralha, a partir das janelas. A decoração é elegante, com motivos florais e tons pastel. Alguns dos quartos até têm varanda e vista para a vila encastelada e para a serra. Ao lado da sala onde se servem os pequenos-almoços está um pátio com mesas e cadeiras, que convida a serões à conversa ou na companhia de um livro, à sombra do limoeiro que ali foi plantado.

Ou não se tratasse esta da chamada Vila Literária. Histórias para ler são o que não faltam no Mercado Biológico de Óbidos, que suscita o interesse de quem por si passa, na principal artéria, a Rua Direita. Já é assim há uma década. A pequena banca de venda de fruta de João Batista é hoje uma reconhecida mercearia biológica com produtos locais de pequenos produtores da região, e livraria ao mesmo tempo. «Os turistas chegam aqui e ficam de boca aberta», conta o dono. Peras, abrunhos, maçãs, azeites, vinhos biológicos convivem com centenas obras de poesia, psicologia e filosofia. Uma sinergia insólita, que colheu frutos.

Na Rua Direita, já se sabe, ouvem-se dialetos dos quatro cantos do mundo, mas a alguns metros dali, mais próximo da entrada junto ao Aqueduto da Usseira, o sotaque francês dá o mote à Macaron D’Óbidos. A pequena loja de Sofia Vilaça abriu há um ano, com seis variedades destes pequenos e coloridos bolos, que promove produtos da região e territórios vizinhos. E adoça-se qualquer tipo de palato. Há macarons de aguardente da Lourinhã, licoroso do Bombarral, pera-rocha do Oeste, chocolate, maçã de Alcobaça e, por razões óbvias, de ginjinha. É esta uma das novas portas do Espaço Ó, local camarário dentro de muralhas que serve como rampa de lançamento para novos empreendedores locais.

A dois minutos a pé dali, o sotaque ganha outras sonoridades e leva-nos até ao país-irmão. Há três anos, o argumentista brasileiro Aguinaldo Silva abriu na cidadela o restaurante Comendador Silva. Ou não fosse este um apaixonado por Portugal, onde vive durante temporadas. Sopa de peixe e marisco do Oeste, polvo à lagareiro com batata a murro e grelos de couve, bacalhau assado com mousse de grão e arroz de pato e enchidos são alguns dos destaques de uma carta que é uma homenagem aos sabores da cozinha tradicional portuguesa. Um repasto digno de um rei. Para ajudar na digestão, porque não subir a pé até ao castelo?

 

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