Conforto e cura na Pousada Serra da Estrela

A Pousada da Serra da Estrela foi um antigo sanatório que virou hotel para toda a família. (Fotografia: Miguel Pereira/GI)
Nas Penhas da Saúde, em pleno Parque Natural, fica a Pousada da Serra da Estrela, com vista para as montanhas e forte carga histórica. Um antigo sanatório virou hotel para toda a família, conservando os traços originais.

É um edifício imponente, projetado por Cottinelli Telmo, arquiteto que também assinou o Padrão dos Descobrimentos e realizou filmes como “A canção de Lisboa”. O antigo Sanatório dos Ferroviários, mandado erguer, pelos Caminhos de Ferro, para tratar a tuberculose dos funcionários, foi inaugurado em 1944 e arrendado à Sociedade Portuguesa de Sanatórios com a condição de acolher doentes da CP e outras pessoas carentes de tratamento; mais tarde, passou para a alçada do Estado, aumentando em muito o número de camas. Vigorava o sistema de cura natural, com recurso aos bons ares da Serra da Estrela.

Pousada da Serra da Estrela (Fotografia: Miguel Pereira/GI)

 

Aquele equipamento, nas Penhas da Saúde, no concelho da Covilhã, fechou portas em 1969 e, após o 25 de abril, recebeu perto de 700 retornados. O edifício passou por um período de abandono, até o grupo Pestana avançar com a sua reabilitação, mediante projeto do arquiteto Souto de Moura, que procurou manter a traça original. Em 2014, reabriu como pousada, com 92 quartos, duas piscinas (uma delas interior e aquecida), ginásio, spa com sauna e banho turco e outras comodidades para toda a família. Contígua à sala de jogos, fica um espaço reservado às crianças, com brinquedos e ocasionais programas de animação. O hotel também aceita cães (e, eventualmente, outros animais de companhia), mediante uma taxa de 25 euros por noite, que inclui alimentação.

 

Soraia Pinheiro, chefe de receção, recorda o passado do lugar enquanto sanatório considerado de luxo logo na fase inicial: “Não era muito comum, na altura, uma pessoa com tuberculose ficar num quarto sozinha, e aqui isso acontecia”. Entre os espaços comuns, contam-se, ainda hoje, as “varandas da cura, onde os doentes ficavam a apanhar sol e a respirar ar puro, para tratar a tuberculose”, com vista para a Covilhã e a Cova da Beira, prossegue.

Nos corredores longos, há fotografias que mantêm vivas as memórias do espaço – e alguns elementos são de origem, como os pilares na sala do restaurante (onde médicos, enfermeiros e auxiliares faziam, outrora, as refeições). Ali, o chef Agostinho Martins tenta conservar uma certa tradição local à mesa, recorrendo a produtos regionais como a truta, a feijoca, o queijo ou a cherovia – que costumava ser dada ao gado e agora protagoniza um festival gastronómico.

 

A ementa inclui pratos como empada de perdiz com espargos e puré de maçã Bravo d’Esmolfe, cabrito serrano com arroz de forno em pão do Sabugueiro ou bacalhau à Assis. O homem que dá nome a esta última receita teve de improvisar quando um nevão impediu os hóspedes de sair da sua pensão, nas Penhas da Saúde, explica o chef. Narrativas como essa acompanham-nos, depois, num passeio pelo jardim, com árvores, bancos e um baloiço-miradouro. Ao contemplar a paisagem, não espanta que aquele tenha sido – ou seja ainda – um lugar de cura.

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Mapa da ficha ténica
Morada
Estrada Nacional n.º 339, Penhas da Saúde, Covilhã
Telefone
210407660
Horário
Restaurante das 13h às 15h e das 19h30 às 22h. Não encerra
Custo
() Preços: quarto duplo desde 103 euros (com pequeno-almoço); preço médio do restaurante: 30 euros


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245




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