Alô, alô Príncipe Real, aquele abraço… do Brasil

Brasil. Brasuca. Brasa. Zazah. A etimologia do nome revela a origem deste novo restaurante: três sócios cariocas quiseram trazer o que chamam "ambiente descolado" do Rio de Janeiro a um espaço com boa pinta no Príncipe Real.

O Rio de Janeiro continua lindo, mas a insegurança e instabilidade económica vividas no Brasil têm feito com que muitos cariocas troquem de cidade maravilhosa. Jorge Abreu é um deles. Veio pela primeira vez a Lisboa no ano passado fazer angariação de imóveis. “Trabalhava no mercado imobiliário e tinha muitos clientes a quererem mudar-se para cá”, explica. Depois de passar um mês na capital portuguesa, ele próprio ficou com vontade de atravessar o Atlântico em definitivo. E porquê? “Fiquei encantado, é uma cidade fantástica, muito tranquila, a qualquer hora.”

Essa mudança era um plano de médio prazo, a concretizar em 2018. Mas quando surgiu o projeto de abrir um restaurante em Lisboa, este Zazah, esse plano acelerou. “No último ano passei mais tempo em Lisboa do que no Rio. Vinha cá, ficava duas semanas, ia dois, três dias a casa e voltava”, recorda. Quando encontrou um espaço para instalar o restaurante, no Príncipe Real, pensou: porquê esperar? E não esperou.

Da esquerda para a direita, Jorge Abreu e Moisés Franco, dois dos responsáveis pelo Zazah. (fotografia: Tiago Pais)

O Zazah nasce pela vontade de três sócios: Jorge, o amigo de longa data Sidnei Gonzalez e o chef Moisés Franco, que já estava em Lisboa, tendo passado pelas cozinhas d’A Travessa, Boca Café, Belcanto e Bairro do Avillez. Foi Moisés que definiu a carta do espaço, com uma intenção bem definida logo à partida. “Isto não é comida brasileira, é comida internacional com produtos portugueses”, avisa. Nessa carta, pensada para partilhar, encontram-se receitas mais e menos populares. Dos tão em voga ceviche (9,5€), neste caso de atum, e vazia maturada (16€), servida grelhada e fatiada, ao escondidinho de bacalhau (17,5€) que mais não é que uma versão de uma receita antiga, o bacalhau Alba Longa, feito por camadas, alternado com queijo flamengo, batata, cebolada, pimentos vermelhos e salsa.

Mas a comida é apenas parte do que o Zazah pretende oferecer. Os cocktails, feitos em colaboração com a Liquid Consulting, de Kiko Pericoli, também têm o seu peso na receita: há quatro de assinatura, com destaque para a caipirinha (9€) — não leva gelo, a lima é grelhada e é finalizado com clara de ovo. A carta de vinhos foi pensada em conjunto com os responsáveis do histórico restaurante-garrafeira algarvio Veneza, Manuel e Carlos Janeiro. Inclui mais de 80 referências, a grande maioria portuguesas. Os vinhos franceses foram escolhidos por Ana Carolina Dani, sommelier responsável pelo mercado lusófono das famosas caves francesas Legrand.

Cones de sapateira (7,5€), uma das criações de Moisés Franco para a carta do Zazah. (fotografia: Tiago Pais)

Outro sinal de que este é um projeto colaborativo prende-se com a sua vertente artística. O Zazah não chega a ser um restaurante-galeria mas não fica longe — a arte desempenha um papel importantíssimo no conceito do projeto. Tanto que os tons neutros da sala foram pensados propositadamente para permitir o destaque das obras expostas. A curadoria está a cargo do crítico e historiador de arte brasileiro Paulo Herkenhoff, ex-diretor do Museu de Belas Artes do Rio, do MAR (Museu de Arte do Rio) e que chegou a fazer parte da equipa de curadores do MoMa (Museu de Arte Contemporânea de Nova Iorque). Entre as obras que já se podem apreciar no local, destaque para um enorme mapa que retrata a descoberta do Brasil por João Louro, que representou Portugal na Bienal de Veneza em 2015, as serigrafias em fibrocimento da paulista Dora Longo Bahia, parte da obra “Black Block”, ou uma belíssima peça de metal em relevo do esculturo luso-brasileiro Ascânio MMM.

E o que é que os responsáveis pretendem com tudo isto? Entreter. “Já há muitos bons restaurantes por aí, não podíamos fazer apenas mais um”, justifica Jorge, que também quer apostar nos momentos pré e pós refeição, com zonas específicas criadas para quem não quer fazer uma refeição tradicional mas apenas ir picando qualquer coisa para acompanhar a bebida. A descontração é essencial, garante o responsável: “Como dizemos no Rio, queremos ter aqui um ambiente descolado.” Valeu.

 

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Mapa da ficha ténica
Morada
Rua de São Marçal, 111 (Príncipe Real), Lisboa
Telefone
211344468
Horário
De segunda a sábado, das 19h às 24h.
Custo
(€€) Preço médio: 35 euros.


GPS
Latitude : 38.71719965027703
Longitude : -9.150150229885867




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