Aidé: Há que deter o passo neste restaurante de Paços

Nasceu como A Nossa Pensão e configurava em tudo a função de genuíno albergue. Lugar de acolhimento, conforto e recondicionamento para os passantes, nas suas viagens de negócios. Volvido mais de meio século desde a abertura, o Aidé prossegue no fio da sua vocação. E como.

Sala onde sempre se encontra alguém conhecido e onde quem está apenas de passagem se sente em casa. À maneira dos lugares de caminho de outrora, sai-se revigorado e feliz, sabendo que fica ali a porta franca a que inevitavelmente se volta. Está mais do que demonstrada a origem do termo restaurante, nos tempos idos da montaria e da malaposta era o nome que se dava ao prato.

A pensão, fundada em 1962, deu em 2011 lugar ao Paços Ferrara Hotel, e o restaurante recebeu o nome da alma mater, inspiradora de todo o sítio. Aidé Lino era, além de proprietária, a oficiante cozinheira. A filha Teresa cozinhava já ao lado da mãe e os segredos foram ficando, sobrevivendo à partida, em 2012. Fernando Pinto, marido de Teresa, não parou nunca de fazer melhoramentos e inovar, de forma sustentada, vestindo e revestindo o hotel, e as três filhas Joana, Sandra e Teresa são quem leva as rédeas agora. A mais nova, Teresa, chamou a si a função da cozinha, e casou com Joaquim Gomes, chef de carreira. A família unida e solidária é o grande segredo. Os bolinhos de bacalhau (0,50 euros) do Aidé são mais do que conferíveis, e juntamente com a alheira transmontana (3,50 euros), vieira gratinada (2,75 euros) e amêijoas à Bulhão Pato (8,50 euros) fazem parte da estratégia de aproximação à casa onde se cozinha com o coração. Vamos alegres e somos recebidos com alegria, ainda bem que ainda há lugares assim.

Coreografia de sala impecável, avançamos candidamente peixes adentro, filetes de pescada com salada russa (10,25 euros) de que só o decoro me impede de pedir a receita, um polvo grelhado à lagareiro (13,25 euros) de mão segura, coíbo-me de gabar o ponto de cozedura e a tenrura por haver pergaminhos nos fogões, só o que está impecável vem para a mesa. O bacalhau no forno com gambas e amêijoas (12,50 euros) é de fibra nobre, dir-se-ia de sempre. A bochecha de vitela estufada (10,50 euros) é um demonstrador de técnica e tradição e de como podem ir tão bem juntas, a posta de vitela grelhada com grelos salteados (12,75 euros) vem suculenta e puxa pela gula, o que nem sempre do bovino se consegue, e confesso a minha preferência infantil pelo peito de frango recheado com alheira (10 euros) que aqui se serve.

Há sempre pelo menos uma sobremesa que apetece, da copiosa carta de pecados que marca o final. Atrevido mas bem, o pastel de nata com brunesa de morango e gelado de baunilha e canela (3,50 euros), brilhante a torta de laranja (2,75 euros). Mas brilhante, brilhante, é o capão assado à Freamunde, de que a casa é vezeira campeã, vale a pena encomendar. Convém mesmo passar devagar e ficar, para mais podendo dormir. Harmonia e paz que permanece.

Classificação
O espaço: 4
O serviço: 4,5
A comida: 4,5

A refeição ideal
3 bolinhos de bacalhau (1,50 euros)
Queijinho fresco com vinagrete e orégãos (2,25 euros)
Vieira gratinada (2,75 euros)
Filetes de pescada com salada russa (10,25 euros)
Posta de vitela grelhada com grelos salteados (12,75 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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