Comer em conta: Comida caseira que sai da horta e do forno a lenha

Dona Fátima e o seu filho Vitor Rocha, proprietários da Adega Salgueirista. (Fotografias de Artur Machado/Global Imagens)
Ementa imprevisível, produtos frescos, comida caseira e muita simpatia são os pratos do dia da Adega Salgueirista, um restaurante no centro da cidade com um forno a lenha vindo de Cinfães.

Há 27 anos, Fátima e Flávio Rocha largaram os empregos e apostaram todas as poupanças num pequeno restaurante na Fontinha. “Treze mil contos por uma chave! Nem conseguia dormir”, lembra Fátima. Tudo correu bem. A Adega Salgueirista vingou, duplicou de tamanho e tornou-se numa referência da zona, em, grande parte graças a uma ementa variada e imprevisível, produtos frescos e caseiros e “trabalho, muito trabalho”.

“Tudo o que faço é com gosto”, garante Fátima, 64 anos, cozinheira e motor do restaurante. É ela quem todos os dias escolhe e confeciona os pratos, sempre dois de carne e um de peixe. Na Salgueirista “não há lista, nem os pratos se repetem”, explica o filho, Vítor Rocha, 34 anos. A única exceção é à sexta-feira, dia de tripas ou às vezes de feijoada à transmontana para desenjoar. Nos outros, há de tudo um pouco, fresco e de qualidade.

Os legumes e as hortaliças são cultivados num terreno em Leça. A família também cria porcos e galinhas e até faz o seu próprio fumeiro. O peixe é sempre fresco. “O meu pai vai de manhã à lota e escolhe o que há do dia”, diz Vítor.

A comida, de tempero antigo e gosto caseiro, rapidamente conquistou clientela certa, tanta que a típica adega de paredes brancas e azulejos azuis e amarelos se tornou demasiado pequena, chegando a fazer “três e quatro turnos ao almoço”. A família voltou a arriscar. Comprou o terreno ao lado e mais que duplicou a capacidade com uma nova sala de estilo rústico e um mural do Douro.

Com a ajuda de Alfredo, de Orlando e de Ana (a equipa da adega, onde ironicamente não há salgueiristas ; o nome já existia e Flávio decidiu não mudar), a cozinha nem chega a fechar. Há sempre umas moelas, umas bifanas ou presunto e ainda pode pedir um dos pratos do dia a qualquer hora, tem é de haver. À noite ainda se fazem serviços especiais por encomenda, como cabrito no forno ou um arroz de pica no chão.

Vítor, que assegurou a gestão da casa, agradece aos funcionários e sobretudo ao pai e à mãe que desbravaram o terreno. E fá-lo com um brilho nos olhos que garante que a adega ficará em boas mãos, quando a mãe se reformar no próximo ano.

“Tenho tido muita saúde, graças a Deus. Nunca meti um dia de baixa”, assegura Dona Fátima que, ao longo destes 27 anos, também nunca meteu férias. “Fechámos uma semana mas foi para substituir o chão”, justifica. “Este ano… Este ano vou tirar uma semana de férias”, promete com um sorriso, mas ainda sem parecer muito convencida.




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