Bitoques: nove paragens obrigatórias em Lisboa

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À porta do Sol-Rio, nos Anjos, existe uma falsa praça de táxis, onde os taxistas não esperam clientes, mas sim o bitoque da casa, disponível até às duas da manhã. É dos melhores exemplares da cidade: bem batido, servido num molho que mistura banha, manteiga, mostarda e outros ingredientes secretos.

(fotografia: Tiago Pais)

Há fenómenos estranhos na restauração lisboeta. Um deles é, em algumas zonas inóspitas, haver ruas com uma concentração inesperada de bons restaurantes. A do Vale Formoso de Cima, em Marvila, é uma delas. Ali pontifica o Varanda do Vale Formoso, casa de excelentes bitoques na frigideira (fazem do lombo para os mais exigentes) mas também de bons caracóis e caracoletas, além de diversos petiscos, arrozes e bacalhaus.

(fotografia: DR)

Dá gosto ver o senhor António, proprietário, cozinheiro e, quando é preciso, empregado de balcão d'O Riscas, em Santos, no seu 'one man show'. Não só faz um bitoque digno de panteão (dos bitoques) como as batatas fritas que o acompanham são magníficas. E no final ainda vem à mesa fazer a continha, com "desconto de cartão jovem", como diz. Uma delícia.

(fotografia: Tiago Pais)

O bitoque do chef Henrique Sá Pessoa, no seu Balcão do El Corte Inglès, é de carne de vaca de pojadouro, servido com pickles, batata frita e molho à base de alho, manteiga, vinho branco e mostarda. A sua versão deste clássico traz uma surpresa em relação ao ovo estrelado: a gema é separada da clara e cozinhada a baixa temperatura para que fique mais cremosa e não líquida. No prato, as duas partes vêm separadas, em duas camadas.

Qual é o segredo do bitoque suculento que se serve no Das Flores, a tasca familiar mais concorrida do Chiado? Susana, a filha dos donos, garante que está na carne. O pai José, que é quem trata das contas atrás do balcão, só trabalha com carne fresca e da vazia. Mas o molho ajuda. E as batatas idem.

(fotografia: instagram.com/_duartecalf_)

Em Campo de Ourique, O Bitoque faz pleno jus ao nome. O bitoque à casa, como lhe chamam, não vem na frigideira, antes no prato, acompanhado de boas batatas fritas arredondadas, estilo pala-pala. Não lhe falta molho apurado para molhar o pão mas convém regrar os esforços, até porque as sobremesas caseiras merecem atenção, com destaque para as farófias.

(fotografia: instagram.com/l_inacio)

Fica a meio caminho entre o Chiado e o Príncipe Real, junto a uma das ruas de acesso ao Bairro Alto. A localização pode ter muito cachet, mas o Papo Cheio é uma casa simples, onde o bitoque é a estrela da companhia. E por razões óbvias, a começar no molho e acabar nas batatas fritas.

(fotografia: instagram.com/irinaiglesias)

A fotografia não é esclarecedora quanto à qualidade do bitoque do Sardinha, mas pode ir à confiança. O senhor Duarte, beirão de São Pedro do Sul, não brinca em serviço: garante que só usa carne fresca e nacional na confeção do dito. Além disso, apesar de estar numa zona cada vez mais turística, sobretudo graças ao novo Terminal de Cruzeiros, continua a manter preços amigos dos locais. Nada como recompensá-lo com uma visita.

(fotografia: TripAdvisor)

Na sinalética lê-se Adega Solar Minhoto mas para muitos residentes em Alvalade este é apenas o "Bitoque". Percebe-se a razão desse segundo batismo: não falta quem aqui se desloque só para comer o dito, uma das especialidades da casa. Outra, na devida época, são os caracóis.

(fotografia: Tiago Pais)