Vinhos de raiz e terroir na Quinta de Monforte, em Penafiel

Quinta de Monforte situa-se em Marecos, Penafiel. (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)
Numa encosta na freguesia de Marecos, uma enorme mancha de vinha embeleza a paisagem. Esta é a Quinta de Monforte, de onde saem vinhos frescos, equilibrados e elegantes, apostando em castas que estão a cair em desuso.

Quando Daniel Rocha adquiriu a quinta a que deu o nome de Monforte, tinha já na ideia começar a produzir vinhos. Durante muitos anos, antes de lhe pertencer, esta fez parte do seu dia-a-dia. Isto, porque Daniel vivia a na casa no cimo da encosta, onde a quinta termina, tendo-a, assim, sempre à vista.
Produzir aqui vinhos não seria tarefa fácil, pois, apesar de não estar abandonada, a quinta, com algum vinhedo plantado, não estava em produção. Foram necessárias algumas toneladas de dinamite para redesenhar a encosta, o que permitiu a plantação de 40 hectares de vinha, e uma mudança paisagística que se vê ao longe.

“Em termos de layout, era assim”, conta Daniel, apontando para a capela, a casa do caseiro, com uma eira a estender-se, soalheira, em frente, e a casa principal, utilizada para as férias do antigo proprietário. O que mudou foram os espaços para plantar. “Em termos de vinha foi tudo plantado de novo, entre 2014 e 2016. Partiu-se pedra, literalmente, para se desenhar os novos patamares.”

Diretor de viticultura Abílio Guedes, proprietário Daniel Rocha e o enólogo Francisco Gonçalves. (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)

Antes desta aventura, Daniel nunca tinha estado ligado aos vinhos. A sua profissão é na indústria de construção civil e na quinta viu uma espécie de escape. “Tenho gosto pela natureza e pela agricultura. Devido à minha profissão, muito acelerada e stressante, senti necessidade de ter outra ocupação. Aqui, consigo ter um negócio que me dá equilíbrio e que é uma paixão.” Para este “trabalho que regenera”, convidou o enólogo Francisco Gonçalves para ser parceiro nesta aventura de criar uma nova marca de vinhos na região dos Verdes (sub-região do Vale do Sousa).

As primeiras cubas foram experiências só para consumo próprio. Depois, tendo em conta o resultado e o “feedback tão positivo de amigos”, decidiu avançar com a produção para o mercado.

A ideia, desde o início, foi apostar em castas “que estão a cair em desuso”, explica o enólogo. O Azal e o Padeiro, branca e tinta, respetivamente, foram privilegiadas. Mas também há Alvarinho, pelo reconhecimento que tem, e Loureiro, que encontra neste terroir um equilíbrio natural. “Esta casta é muito concentrada em aromas e aqui, em solos graníticos e secos, fica muito equilibrada”, refere. Da casta Vinhão saem duas referências: um tinto e um rosé.

Rosé, feito de Vinhão, e Padeiro. (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)

O enólogo, natural de Montalegre e com grande experiência em vinhos do Douro, explica que na produção tenta-se minimizar os processos ao máximo. “A uva é colhida e imediatamente vem para adega, o processo é todo muito rápido”, explica Francisco. É tudo vinificado em separado, por castas e talhões. E o que o entusiasma é mesmo a qualidade da uva e a dedicação à vinha, trabalho do diretor de viticultura Abílio Guedes, que diariamente percorre os vinhedos.
O resto, consegue-se com experimentação, principalmente no envelhecimento dos vinhos, como é exemplo o pequeno recipiente de vidro onde fermentou e descansa um blend de Alvarinho, Loureiro e Azal. Vinho que há de chegar à garrafa.

Vinho
Quinta de Monforte Vinhão rosé 2022
15 euros

Três mil garrafas apenas foram produzidas deste vinho muito especial. O empresário Daniel Rocha instalou na muito sua Penafiel um projeto familiar único e chamou o enólogo Francisco Gonçalves para o secundar na vertente vínica. A identitária casta Vinhão tinha de estar presente e este vinho revela a elegância a que pode aspirar. Forte aptidão gastronómica e muito sabor.

 




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