A coquetelaria em Portugal, está bem e recomenda-se?
A coquetelaria está muito bem em Portugal. E isso vê-se pela qualidade dos profissionais de bar, que temos de norte a sul do país, e também pelo facto de o cliente estar mais recetivo à sugestão do bartender – em vez de só pedir caipirinha, mojito ou gin tónico –, o que nos dá motivação para criar cocktails novos de forma a surpreender.
Há uma tendência para associar a comida a cocktails. A coquetelaria sai a ganhar ou a perder?
É sem dúvida uma mais-valia. Não é propriamente fácil combinar os sabores de um prato com os do cocktail, mas aconselhar o cliente nesse sentido, em vez do tradicional vinho ou cerveja, leva-nos para outro nível em que bartenders e cozinheiros trabalham mais próximos.
Existem cada vez mais bartenders nacionais a dar cartas no estrangeiro. A internacionalização é um passo inevitável para atingir um outro estatuto (e visibilidade) na carreira?
Como em qualquer outra profissão, a internacionalização é algo positivo – alargamos horizontes numa profissão em que é preciso estarmos em constante aprendizagem. Diz-se que as bebidas doces e frescas são uma preferência nacional.
O que pode um bartender fazer para mudar isso?
Os portugueses preferem bebidas doces e frescas, pois são as mais fáceis de beber, mas com a expansão da cultura do cocktail isso tem vindo a mudar. Mas é preciso ter cuidado: um cliente que bebe a sua caipirinha doce não está preparado para um Negroni, por este ser amargo. Inicialmente aconselharia um fizz ou um sour, por estes serem cocktails equilibrados e por facilitarem a iniciação a cocktails mais ácidos. É um trabalho que demora, mas ao mesmo tempo cria uma relação com o cliente.
Há quase uma relação amor-ódio pelo gin. Para vocês, bartenders, ele é o vilão ou o herói deste capítulo que se está a viver nos bares?
Na minha opinião o gin é um herói. E a forma como mudaram a sua imagem é genial. Uma bebida que era maioritariamente consumida por clientes mais velhos, passa agora a ser consumida em massa por todas as faixas etárias, dos 18 em diante. O gin, com a sua nova imagem de glamour, fez que os portugueses abrissem os cordões à bolsa.
Quais são as suas armas secretas para surpreender em Miami?
Não sei se posso considerar armas secretas, mas tenciono levar na bagagem alguns ingredientes regionais. Em cada prova o júri vai poder encontrar um sabor típico português.
Veja aqui que cocktails provar antes do verão acabar
Curiosidade
Promovida pela Diageo, uma das maiores distribuidoras de bebidas premium, a competição internacional World Class premeia todos os anos os melhores bartenders e mixologistas do mundo inteiro antes de eleger o grande vencedor.