Coimbra: rota de cafés históricos europeus em debate

O Encontro Internacional de Cafés Históricos que se realiza, na sexta-feira e no sábado, em Coimbra, põe vários temas sobre a mesa. Um deles é a criação de uma Rota Europeia dos Cafés Históricos, que deverá constituir um novo Itinerário Cultural do Conselho da Europa.

O Encontro Internacional de Cafés Históricos junta representantes de estabelecimentos de Portugal, Grécia e Espanha, mas os assuntos em discussão não se cingem a estes países. Pretende-se, aliás, deixar um registo do sucedido, para partilhar com responsáveis de cafés históricos de outras nações.

«Vai ser um encontro onde vários [representantes de] cafés vão falar sobre a sua história, o que os move, os desafios que têm pela frente, e vamos tentar encontrar pontos em comum para criar uma Rota Europeia dos Cafés Históricos. Este é um primeiro passo que estamos a dar, em Portugal, para levar avante esse objetivo», explicou Vítor Marques, gerente do Café Santa Cruz, em Coimbra, e presidente da Associação dos Cafés com História de Portugal (ACH).

A constituição de uma rota de cafés históricos da Europa – unidos por aspetos como a arquitetura, a filosofia ou o facto de terem acolhido personalidades determinantes das letras, das artes ou da política – é um dos objetivos da Associação Europeia dos Cafés Históricos (EHICA), que procura preservar aquele património.

«Um café histórico é outra razão para alguém ir visitar uma cidade.»

A EHICA nasceu, em 2014, pela mão de Vasilis Stathakis, atual presidente e proprietário do Café Kipos, um estabelecimento com quase 150 anos, em Chania, na Grécia. Vasilis, que dois anos antes começara a viajar pela Europa para falar com outros proprietários de cafés históricos, já a pensar em formar uma associação, não duvida de que «um café histórico é outra razão para alguém ir visitar uma cidade», e deve ser promovido «como um produto turístico».

A EHICA tem mais de 20 membros, de dez países, entre os quais Portugal, que até ver surge representado por cinco estabelecimentos: o Café Santa Cruz, o Café S. Gonçalo, em Amarante, a Pastelaria Gomes, em Vila Real, a Pastelaria Versailles e os Pastéis de Belém, estes últimos em Lisboa.

Aquele número deverá aumentar já na sexta-feira e no sábado, com a realização do encontro, encarado por Vasilis como uma oportunidade para dar a conhecer a EHICA e «aumentar a família», que inclui outros elementos ilustres, como o Les Deux Magots, em Paris (França), o Café de L´ Opera, em Barcelona (Espanha), o Café Central, em Budapeste (Hungria) ou o Caffe Al Bicerin, em Torino (Itália).

Caffe Al Bicerin, em Torino, Itália (fotografia: DR)

Vasilis Stathakis já teve oportunidade de visitar alguns dos cafés históricos portugueses (a ACH integra 45), mas prefere não destacar nenhum em particular. Ainda assim, em conversa no Santa Cruz, comenta: «Na Grécia não temos um exemplo como este: um café numa antiga igreja».

«Cada um é diferente e tem aspetos específicos que o tornam memorável», defende. A história, o ambiente, os sabores ou o serviço fazem dos cafés históricos sítios especiais, merecedores de visita «pelas mesmas razões por que um turista vai ver um monumento ou um museu».

Os cafés históricos são parte da herança cultural europeia, mas não têm sido devidamente valorizados, no entender do presidente da EHICA. Foi justamente para «mudar as coisas e proteger os cafés» que fundou a associação.

Aqueles estabelecimentos, alguns deles instalados em edifícios com séculos, enfrentam desafios, reconhece. Como a falta de acessos para pessoas com mobilidade reduzida. «São aspetos que têm de ser discutidos», a fim de encontrar soluções.

Criação do Dia Internacional do Café Histórico é outro tema em foco no encontro, que tem entrada livre.

A criação de uma Rede de Cafés Históricos da Europa e o estabelecimento do Dia Internacional do Café Histórico, que poderá ser assinalado em 8 de abril (dia em que a EHICA foi fundada), serão outros temas em análise nas reuniões de trabalho entre os participantes.

«Os Cafés Históricos como Património Cultural» é o lema do encontro, de entrada livre, que se realiza por iniciativa do Café Santa Cruz e é coorganizado pela ACH e pela EHICA, no âmbito da 20.ª Semana Cultural da Universidade de Coimbra e do Ano Europeu do Património Cultural.

O encontro – em que vão ser abordados temas como «A importância dos cafés na transformação da esfera pública», «Os cafés históricos e as redes de património cultural» ou «Os cafés históricos como património turístico» – decorre na Casa da Escrita e no Santa Cruz.

O café não poderia faltar, até porque «é a bebida favorita do mundo civilizado», como lembra Vasilis Stathakis, citando Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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