Santo António: passeio e novidades pelas ruelas de Lisboa, mesmo sem arraiais

Alfama (Fotografia de Pedro Rocha/GI)
Junho é sinónimo de festa nas praças da Lisboa mais tradicional, decoradas de cor, música, alegria e cheiro a sardinha assada. Este ano, os arraiais dos Santos Populares ficam em águas de bacalhau, apelando-se a que cada um faça o seu próprio programa de Santo António. Que assim seja. Até porque por bairros como Alfama, Mouraria, Graça ou Bica há portas reabertas e novidades.

Alfama e Mouraria

No berço do fado e no coração das festividades populares, há coisas que não mudam em Alfama, mesmo em cenários pandémicos. Caso do bem-receber n’A Muralha – Tasca Típica, uma casa com 90 anos onde provam clássicos como um bacalhau à lagareiro, pica-pau ou gambas ao alhinho, junto à Muralha Fernandina e, claro está, em habituais noites de fado. Ali ao lado, o Museu do Fado reabriu portas: a oportunidade para espreitar a exposição permanente, que conta a história dp fado, e uma temporária dedicada ao artista José Pracana. Mais perto da Sé, na Igreja de Santo António, onde nasceu o dito e junto à sua estátua, celebra-se as Festas de Lisboa com missas e conferências até 12 de junho.

O fado n’A Muralha – Tasca Típica. (Fotografia: Gonçalo Villaverde/GI)

O bairro da Mouraria. (Nuno Pinto Fernandes/GI)

Na vizinha Mouraria, outra casa com história tem novidades. A Maria da Mouraria está de volta ao Largo da Severa, na casa onde terá nascido este símbolo do fado. Aqui, a guitarra portuguesa divide protagonismo com a cozinha tradicional, optando-se ora entre um bacalhau à Gomes de Sá, uns carapauzinhos fritos com açorda de coentros ou bifanas à moda do Porto, para saborear numa convidativa esplanada. À chegada ou saída, é obrigatório voltar a apreciar a arte urbana que enche de cor e garra as Escadinhas de São Cristóvão.

O Maria da Mouraria reabriu. (Fotografia: DR)

 

Graça e Castelo

Na Graça, A Voz do Operário faz uma pausa ao seu concorrido Arraial Beco de Lisboa e aposta este ano nas Petiscadas Populares. Decorrem ao ar livre, com reserva, lugares sentados e distância entre mesas e pessoas. Desde dia 8, estão garantidas sardinhas, bifanas, caracóis e caldo verde. A poucos metros dali, descendo pela Calçada da Graça, matam-se saudades do Altar, o restaurante que une cozinha italiana e petiscos portugueses, já reaberto pós-pandemia. No edifício histórico do século XV, onde nasceu o jesuíta São João de Brito, provam-se pizas artesanais, com farinhas italianas e biológicas, e pratos para partilhar, como salada de polvo, camarões à Bulhão Pato, petingas fumadas ou pastéis de bacalhau. Daqui ao Miradouro da Nossa Senhora do Monte, é sempre a subir, mas em tempos de Santo António, todos os santos ajudam. É aproveitar e contemplar a vista panorâmica pela cidade, num local que, pela primeira vez em alguns anos, não está carregado de tuk-tuks.

O Altar fica num edifício do século XV. (Fotografia: Gonçalo Villaverde/GI)

O mesmo miradouro pode ser apreciado, ao longe, a partir das largas janelas do Café Garagem, o descontraído bar e restaurante do Teatro Taborda, no Castelo, onde apetece trincar qualquer coisa ou beber um refresco, de olhos postos em Lisboa. O bairro ganha nova vida com o regresso ao ativo do Castelo de S. Jorge, desde dia 1, e a reabertura da vizinha Pastelaria Batalha, que ganhou o concurso Melhor Pastel de Nata de Lisboa no ano passado. Não há como não entrar e pedir um.

A vista do Café Garagem. (Fotografia: DR)

 

Bica e Bairro Alto

O Largo de Santo Antoninho é um dos epicentros habituais da festa, na Bica, mas por estes dias são os arco-íris que se mantêm em algumas janelas destes edifícios históricos que dão cor à praça. Ali ao lado, reabriu o Santa Bica, o bar e restaurante com uma das melhores esplanadas da zona, com vista para o Tejo e à sombra de um limoeiro.

Santa Bica. (Fotografia: DR)

Daqui ao Bairro Alto, é um salto. E se os bares continuam a viver tempos de indecisão, há motivos ao ar livre para aqui passear. Seja pelo Miradouro de São Pedro de Alcântara, de volta com todo o seu esplendor, depois de um longo período de obras, ou pela galeria de arte urbana nos murais da Calçada da Glória, atualizados com motivos antirracistas e de homenagem a George Floyd.

Novos murais na Calçada da Glória. (Fotografia: DR)

 




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