Um hotel onde pode comprar a cama (e não só)

Um edifício do século XVIII foi transformado num hotel de charme em Viseu, onde todas os móveis de peças de arte estão à venda e os quartos têm nome de figuras ilustres ligadas à região.

É um hotel de charme, de escala quase familiar, e tão cheio de detalhes que vale a pena reservar algum tempo só para os apreciar com calma. Fica junto à praça D. Duarte, com vista direta para a Sé de Viseu, como um miradouro sobre o centro histórico e resultou da persistência de um antiquário apaixonado pela região, pela sua história e seus tesouros artísticos. A Casa da Sé implicou a reabilitação de um edifício do século XVIII, um projeto que o seu promotor, Agostinho Matos, descreve como tendo sido, em alguns momentos, quase um trabalho de ourives.

O resultado é um ambiente palaciano, profusamente decorado com peças preciosas, com uma disposição tão meticulosa que parece não poderem estar noutro lugar. Entre as peças mais antigas estão dois quadros do Renascimento, um português e outro italiano. Há ainda uma mesa de jogo em pau santo, réplica do móvel português mais antigo que se conhece – e esta é a segunda réplica, porque a primeira já foi vendida. E muitas peças de arte sacra, que é a especialidade de Agostinho.

Os doze quartos da Casa da Sé dão-lhe a escala familiar sugerida pelo nome e circulando pela sua escadaria, corredores e salas comuns, parece-nos estar dentro de um lar palaciano e delicado, confortável e agradavelmente anti-minimalista.

Deste conceito criado por Agostinho Matos, que tem a sua loja de antiguidades no rés-do-chão do edifício, destacam-se duas peculiaridades. A primeira é que todos os móveis e obras de arte estão à venda – o que já fez com que hóspedes satisfeitos tivessem levado para casa a cama onde dormiram, cadeiras, relógios, quadros e outras peças singulares. A segunda é que todos os quartos têm nomes de figuras históricas ligadas a Viseu, desde os reis que lá passaram (como D. Afonso Henriques e D. Duarte), como o guerreiro Viriato e o fadista Augusto Hilário, de a sua decoração a eles alude.

Depois de vários anos dedicados a preparar o restauro, a Casa da Sé abriu em 2011 e, desde então, nunca esteve igual. A decoração vai mudando, consoante mudam os móveis e as peças de arte… ou os clientes as compram. «O conceito de ter tudo à venda faz com que quando as pessoas voltam, tenham sempre um quarto diferente», assinala Agostinho Matos, sublinhando serem os estrangeiros, mais do que os hóspedes portugueses, os mais entusiastas do conceito deste pequeno hotel.

Há um elevador, mas quem puder, deve seguir pela escadaria aberta, que foi uma das partes mais difíceis e demoradas da reconstrução, e que permite ir olhando para os andares de cima e de baixo, e colhendo a beleza da perspetiva.

Outro recanto a frequentar é a pequena divisão de teto baixo e janela virada à praça, que funciona como uma sala de chá aberta ao público, e ainda como loja de produtos “gourmet” e artesanato da região de Viseu. Chama-se Arcaz da Sé, é o aproveitamento da antiga zona de armazenamento da casa original, e entra-se para ele logo a partir da receção. Outro ato obrigatório para quem pernoita na Casa da Sé é não falhar o pequeno-almoço, onde reinam os bolos e compotas caseiras.

Casa da Sé
Rua Augusta Cruz, 12, Viseu. Tel: 232468032
Web: site.casadase.net
Preço: quarto duplo a partir de 85 euros, com pequeno-almoço incluído




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