Cerdeira Village: conforto em plena natureza na Lousã

Já lá vai o tempo em que a aldeia da Cerdeira, na Sserra da Lousã, não tinha eletricidade ou qualquer tipo de conforto. Nos dias que correm, no Cerdeira Village, a comodidade é total. Sem alterar a arquitetura e aura local.

Catarina Serra, responsável pelo marketing e vendas da Cerdeira Village, conhece todos os cantos à aldeia, quase todas as pedras. «Os meus pais correram tudo aqui à volta até encontrar a Cerdeira», diz. Corria o ano de 1996, tinha ela 4 anos. Gostaram tanto que decidiram reconstruir uma das casas em xisto, para passar férias. «Aproveitávamos todas as oportunidades para vir para cá.» Mas o que leva uma família bem instalada na capital a procurar uma terra perdida no meio da serra da Lousã? Uma aldeia de difícil acesso habitada por apenas um casal de alemães?

Foi precisamente graças a esse casal, Kerstin Thomas e Bernard Langer, que lá foram parar. «A minha mãe, que é russa, estudou português em Coimbra com a Kerstin. Ficaram amigas e trocavam correspondência, mas estiveram muitos anos sem se ver. Até que uma das cartas dizia que estava a viver na serra da Lousã. Só isso. E para irmos visitá-los.»

Desde 1988 que Kerstin e Bernard, escultores, vinham recuperando algumas das casas. Natália e José Serra, pais de Catarina, acabariam por se juntar a eles, esforço conjunto que culminou com a abertura da Cerdeira Village, em 2012. Aquilo que estas duas famílias foram vivendo ao longo das últimas décadas podia assim ser desfrutado por todos. Mas com o conforto que eles não tiveram, pelo menos numa primeira fase, em que nem sequer havia eletricidade.

Um empreendimento composto por nove casas em xisto, com decoração contemporânea, muita pedra, madeira e, sobretudo, respeito pela arquitetura local. Comodidade e charme sem grandes mordomias. Televisão? Não há. Rede de telemóvel? Depende da operadora. Internet? Há, mas apenas no café da Videira, um dos espaços comuns a toda a aldeia. Algumas das habitações apelam ao romantismo, outras são ideais para famílias ou grupos, sendo que a maior, a Casa das Vizinhas, pode albergar até seis pessoas. Todas com kitchenette, salamandra e varanda ou terraço.

Comum a todas as casas é uma certa aura artística – ainda que não demasiado ostensiva –, com várias obras de craft originais. Craft? É nada mais nada menos do que a criação de obras de autor através de técnicas manuais como a olaria, cerâmica, trabalho em madeira, desenho ou pintura. Uma vocação criativa que desde o passado mês de fevereiro está ainda mais presente, com a abertura da Cerdeira Arts and Crafts School. Já existia a possibilidade fazer residências artísticas – qualquer artista, mais ou menos experiente, pode candidatar-se –, mas agora foi criado todo um programa de formação, com cursos como iniciação ao desenho, cerâmica, escrita de viagens, introdução à tinta da china ou um master em cerâmica japonesa. Podem ser tirados num fim de semana ou em vários. Mas há também workshops de cerca de três horas, destinados a todos os hóspedes, entre eles feltragem de lã, construção de casas de xisto em miniatura ou simplesmente aprender como se faz chanfana, prato típico da região.

Não é, naturalmente, obrigatório fazer nenhum curso nem gostar de arte para desfrutar da estada. Basta fazer uma caminhada pelos muitos percursos existentes ao redor da aldeia. Basta estar. Uma aldeia com o seu quê de mágico, com uma vegetação pujante, bucólica e um pequeno curso de água a marcar o ritmo. Daqueles postais em que o tempo parou, mas que não ficou parado no tempo. Tem ainda uma pequena loja de produtos típicos, galeria de exposições e biblioteca.

 

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