Nasceu numa zona rural, na região francesa de Rhône-Alpes, e desde cedo se habituou a brincar em campos de milho, a arrancar ervas daninhas e a colher feijão verde no quintal dos pais, onde cabiam hortas e galinheiro. O contacto direto com a natureza aproximou-o da gastronomia e tem influenciado a sua visão da mesma, desde então. Não é de estranhar que o novo restaurante de Vincent Farges esteja localizado na Aroeira, rodeado de pinhal e a poucos minutos do mar. “Faz-me bem. Não quero sair mais daqui”, ri-se o chef, a viver em Portugal há mais de duas décadas.
Aberto em setembro, o La Villa serve de janela para mostrar um outro lado de um homem habituado ao fine dining e às casas Michelin, lá fora e por cá – casos do Le Buerehiesel, em Estrasburgo, da Fortaleza do Guincho, onde esteve uma década, ou do Epur, que lidera desde 2018 no Chiado. “No La Villa, não há pretensão a nenhum guia. Foi isso que me interessou. O Epur é a joia da coroa, mas sempre quis fazer outra coisa. Comida generosa com boas porções, saborosa, mais simples. Boa comida, simples, mas boa”, explica Farges. A generosidade, acrescenta, também se mede de outra forma. “Em simpatia, bem-estar. Aqui estamos ao mesmo nível do Epur em exigência, rigor, profissionalismo, sorriso e conhecimento”.
No interior ou na espaçosa esplanada, onde cabem relvado e uma horta de apoio à cozinha e bar, servem-se petiscos e bebidas ao final da tarde, antes de chegar a carta de jantar – os almoços chegarão em breve. Entre os snacks há opções como ostras da Ria Formosa (7 €, duas unidades); focaccia com mortadela e mascarpone alimada (9,5€); bruschettas de pão brioche com presunto (9,5€) ou croquetes de carne com trufa e maionese de ervas frescas (8€, duas unidades). Oportunidade para provar os cocktails de autor da casa, com consultoria do bartender Filippo Samões, como o Prunus Comosus (gin, ananás, cereja, amaro e soda) ou o Cucumis (mezcal, melão, banana e limão).
À noite, chegam entradas como o poke de camarões marinados (15€); o ceviche de escolar dos Açores com kefir e óleo de coentros (17,5€) ou o creme de castanhas com faisão e foie gras (18€). Segue-se a bom ritmo para os pratos principais, onde cabem o robalo com bivalves, molho de vinho branco e combava (26€); o lombo de novilho com cogumelos e molho de Vinho Madeira (29,5€); ou os conchiglioni com crustáceos e molho de lavagante (28€), para quem gosta de massa. Para acompanhar, há cerca de 80 referências vínicas, de uma “garrafeira extraordinária” com clara maioria portuguesa.
O brownie de pistacho com framboesas e gelado de iogurte e a dame blanche da casa (gelado de baunilha, chantili, merengue e molho de chocolate quente) são duas das opções para o remate final. O tempo está a mudar e, por isso, Vicent Farges já está a pensar em novos pratos, mais outonais. Para o ano, de resto, já estão pensadas novidades para o espaço, como a ampliação da esplanada e criação de uma zona lounge.
Longitude : -8.2245