Gelados novos e de sempre, no Porto e em Lisboa

A geladaria Grom fica na Rua Garrett, no Chiado, em Lisboa. (Fotografia de Diana Quintela/GI).
Com o verão a ser mais tímido ou mais expressivo, o prazer de um gelado é sempre bem-vindo. Percorremos novas e tradicionais casas de gelados do Grande Porto e Grande Lisboa para conhecer os sabores desta temporada - das frutas da época, como meloa e melancia, até aos frutos secos e exóticos, incluindo alguns clássicos de sempre com matérias primas de alta qualidade, como os chocolates. Vale a pena dedicar algum do seu tempo de férias à caça destas frescuras.

Novas gelatarias e sabores sazonais para conhecer no Grande Porto

Sorvetes de meloa cantaloupe, maracujá ou de maçã, ananás, gengibre e aipo dão cor às vitrines das gelatarias no Porto e em Matosinhos, por estas semanas de calor. Mas a oferta não se fica pelos gelados – crepes, waffles e outras doçuras também fazem parte da oferta.

GELATOPIA, Porto

Formação, dezenas de provas e “uma pitada de amor” foram os ingredientes que fizeram surgir a Gelatopia, onde encontra refrescantes sorvetes de meloa, pêssego paraguaio e goiaba.

(Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

(Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

(Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

As palavras “gelato” e “utopia” fundiram-se para dar origem ao nome da gelataria que Mariana Santos, engenheira química, e Paulo Geraldes, gestor de operações, abriram na Rua de Ferreira Borges, a dois passos do Palácio da Bolsa. São “gelados de sonho”, como diz Mariana, aqueles que ali se produzem à vista de todos. A afirmação pode soar exagerada, mas o ceticismo derrete quando se prova a primeira colherada destes gelados sedosos, sem ponta de gelo e de sabores pronunciados.

Era esta qualidade que o casal almejava atingir quando se inscreveu na Carpigiani Gelato University, em Bolonha, Itália. Foram quatro semanas intensas de aulas, com um “gelato paper” à mistura, levado a cabo nos tempos livres, com o objetivo de experimentarem o máximo de gelados possível, em cidades como Florença, Veneza, Pádua, Milão e Pizza.
Se a técnica veio de Itália, o amor pelo gelado já existia há anos, apercebeu-se o casal num “brainstorming” que fez motivado pela vontade de ter um projeto a dois. O sonho tornou-se real em outubro de 2019, com a abertura deste espaço onde Mariana e Paulo pretende que “o cliente viva uma experiência que lhe acrescente alegria e felicidade”, não só graças aos gelados, como à possibilidade de ver o laboratório ou dar dois dedos de conversa com ambos.

Mas, afinal, o que torna estes gelados especiais? “A qualidade dos ingredientes e a qualidade da receita”, que foi calculada ao grama, e é ajustada sempre que necessário, numa folha de Excel. Ali não entram corantes, conservantes ou estruturantes (aquilo que permite empilhar o gelado na cuvete), mas antes matérias-primas como baunilha proveniente de uma produção socialmente responsável de Madagáscar, avelã de Piemonte, morangos e framboesas de Bragança, requeijão e queijo da Serra da Estrela.

Bons para esta época são os sorvetes de goiaba, caipirinha, pêssego paraguaio, ameixa amarela, meloa cantaloupe e limão com manjericão, mas sugere-se não deixar escapar os gelados de pistácio, amendoim ou avelã, feitos apenas com açúcar e uma base de água. Surpreendentes.

LAVORATTA, Porto

A nova gelataria da cidade é um destino para todas as horas, servindo desde o pequeno-almoço até ao gelado depois do jantar, no interior ou numa das duas esplanadas.

(Fotografia: Pedro Granadeiro/Global Imagens)

(Fotografia: Pedro Granadeiro/Global Imagens)

(Fotografia: Pedro Granadeiro/Global Imagens)

A Lavoratta, aberta em abril, veio elevar a experiência de visitar uma gelataria. Apesar de os gelados serem a especialidade, há muito mais para provar. O projeto surgiu da vontade dos sócios Pedro Aparício, José Roberto Bateira, Rui Ferreira e José Maria Bateira de criar algo diferenciador na cidade, que reunisse conforto, uma carta para todo o dia, produtos frescos e um atendimento cuidado.

Segundo Pedro, a Rua de Santa Catarina tinha muita coisa, mas “faltava um espaço para usufruir” e a Lavoretta nasceu para isso. Esta fábrica de gelados artesanais encontra-se mesmo em frente ao centro comercial Via Catarina e, além da esplanada à porta, percorrendo-se o interior de ambiente elegante chega-se à esplanada interior coberta e ao deck em madeira. Por ter sido projetado ligeiramente abaixo do nível do piso da esplanada, o deck cria uma sensação de aconchego, que se acentua quando a lareira está acesa. É nestes recantos – ou optando por comer no caminho – que se provam os cremosos gelados da Lavarotta, em copo ou cone, cujo fundo é recheado com chocolate da belga Callebaut, que é de resto, a marca eleita para todos os produtos de ou com chocolate.

Há sabores clássicos, como baunilha e chocolate, – ou morango, manga, maracujá e limão no campo dos sorvetes -, e outros mais elaborados, como caramelo salgado, banoffee, vinho do porto e After Eight. Também com gelado é a versão de pastel de nata da Lavarotta, onde uma crocante base em massa folhada abraça uma bola de gelado inspirada no doce, coberta com caramelo de café e canela. Uma tentação que compete com crepes, panquecas, waffles, macarons, cookies e bolos caseiros.

No entanto, a hora do almoço, e do jantar, também é levada a sério, com pratos desenvolvidos pelo chef João Pupo Lameiras, que encaixam no conceito de gelataria. O resultado inclui um bolo de crepes de salmão fumado, crepe de cogumelos cremosos com cebola e óleo de trufa e waffle folhado com cebola caramelizada e queijo cheddar, entre outras opções.

MODÌ, Matosinhos

Gelados cremosos e de sabor intenso saem das mãos de Massimo Fedi, o italiano que abriu a “gelateria artigianale” Modì, a dois passos da praia. Sorvetes de melancia, e de laranja, cenoura e limão são algumas das sugestões para os dias quentes.

(Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

(Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

(Fotografia: Igor Martins/Global Imagens)

Foi por partilhar o lugar de nascença de Amedeo Modigliani – Livorno, na região italiana da Toscana -, que Massimo Fedi decidiu homenagear o pintor chamando Modì à sua gelataria, aberta desde 2015, perto da Praia de Matosinhos.
Não só a inspiração para o nome veio de Itália, como as receitas que ali se preparam, explica Massimo, que avisa desde logo não fazer “sabores estranhos”. Começou a fazer gelados aos 16 anos, em Itália, e foi aperfeiçoando a sua receita pessoal, até chegar à textura cremosa e sabor intenso com que apresenta hoje as suas especialidades.
“Todos os dias há 30 sabores, mas o total é quase o dobro”, faz saber o italiano, que enumera alguns dos “bestsellers” como o gelado de chocolate clássico (com base de leite), a fazer lembrar uma mousse, ou o de chocolate origem única (com base de água), de sabor rico e textura fundente. O de baunilha de Madagáscar, o de avelã de Piemonte e o de pistácio de Bronte (uma comuna italiana, na Sicília) também têm procura, mas por estes dias caem bem o sorvete de melancia, o sorvete de laranja, cenoura e limão – inspirado na bebida ACE, popular em Itália, e cujo nome remete para as vitaminas dos frutos -, e o sorvete detox, que junta maçã, ananás, gengibre e aipo.
Todos os sorvetes são feitos com pelo menos 30% de fruta e há opções sem açúcar, apenas adoçados com extrato natural de stevia, como é o caso do de açaí e banana e do de chocolate e morango. Para muitos, é na Modì que está o melhor gelado do distrito, e Massimo, orgulhoso, desvenda parte do segredo: “não é importante levar muito açúcar, é preciso ter boa matéria-prima e uma receita equilibrada”. Como, afinal, tudo na vida.

GELATARIA PORTUENSE, Porto

Conhecida pela sua oferta surpreendente de gelados, a Gelataria Portuense continua a desafiar, tendo lançado este ano um gelado de eucalipto e mel, entre outras surpresas.

(Fotografia: Amin Chaar/Global Imagens)

(Fotografia: Amin Chaar/Global Imagens)

(Fotografia: Amin Chaar/Global Imagens)

Os seis mais recentes sabores da Gelataria Portuense são “diferentes do habitual e surgiram de forma espontânea” em “histórias engraçadas”, revela Ana Ferreira, há cinco anos a fazer gelados na Rua do Bonjardim. O de framboesa e hortelã nasceu, literalmente, graças a algo que ouviu na rua. “Ia a subir a Rua de Passos Manuel e passou uma menina de bicicleta a falar com o pai sobre um gelado com esses sabores, e achei que podia resultar”, conta. Foi o que bastou para poucos dias depois o gelado estar na vitrine. “Ainda contei a história nas redes sociais, na esperança de poder chegar às tais pessoas, mas até agora ainda nada”.
Já o gelado de eucalipto e mel, e o Scooped Dough foram resultado de parcerias com chefs. Para o de eucalipto, um pedido do chef Fernando Morais, Ana fez uma infusão com as folhas jovens da árvore, e misturou-as depois com natas e leite, dando origem a um creme refrescante a fazer lembrar os rebuçados peitorais. Apesar de inusitado, “tem tido boa aceitação”. O Scooped Dough já era uma vontade da gelateira, mas esta admite “que não fazia ideia como transportar a massa de bolacha para o gelado”. A chef Rafaela Lousada deu uma ajuda e fez surgir um gelado ideal para os mais gulosos, “de nata e leite, com beurre noisette, tahini e pedacinhos de massa de cookie, que foi anteriormente cozinhada”.
De trocas de ideias de Ana com colegas e amigas surgiram o straciatella de laranja, que “é um sucesso”, havendo quem vá à loja apenas para o comer; o café com sésamo preto caramelizado, uma combinação comum na Ásia; e o sorvete de mousse de abacate, inspirado numa receita africana que a mãe da sua amiga Isabel da Cruz fazia. Leva apenas o fruto, sumo de limão e açúcar e tem saído tão bem que já tem lugar fixo na carta.
Quem tiver vontade de experimentar as novidades, sugere-se a degustação de seis sabores – ideal para duas pessoas -, proposta que existe desde a abertura da loja.

ARCÁDIA, pelo país

Aos chocolates e à pastelaria da Arcádia juntou-se, há quatro anos, uma gama de gelados, que aumentou recentemente com a entrada de dois novos sabores, para experimentar em Guimarães, no Porto, em Lisboa e no Algarve.

Coco e menta branca com chocolate são os dois novos sabores da gama de gelados da Arcádia, lançada em 2017. A aposta “em conceitos de loja e quiosques que agregam à tradicional venda de chocolates um conceito de cafetaria premium” e de pastelaria, impulsionou a introdução de uma gama de gelados, conta Francisco Bastos, administrador da empresa.
Atualmente, há 15 pontos de venda, em Guimarães, Porto, Lisboa e Algarve, que apresentam os oito sabores, com receitas desenvolvidas, e produzidas, na Arcádia em parceria com o mestre gelateiro italiano Fausto Pellegrinetti. Contam-se dois sorvetes – um de morango e outro de manga -, e seis seis gelados – doce de leite, chocolate Arcádia, baunilha, chocolate branco com avelã, coco (com pedaços de coco seco) e o de menta branca com chocolate, servidos em copo ou cone, e sempre com uma língua de gato de chocolate.

LA COPA, Porto

O tempo quente é recebido na La Copa com sorvetes de fruta sazonal, uma taça de fruta, gelado e chantilly e ainda um fim de semana especial, onde se evidenciam os sabores dos trópicos.

(Fotografia: DR)

Chegado o verão, regressam os sorvetes de meloa, melão e melancia, e uma taça sazonal, à La Copa, uma das gelatarias mais acarinhadas pelos portuenses, na Avenida Rodrigues de Freitas. Estes três, ou qualquer um dos 16 sabores disponíveis na vitrine, podem ser os eleitos para rechear a taça Verano, composta por fruta da época, três bolas de gelado e chantilly. Também é por esta altura que Maria Emília Ferreira, a proprietária, lança o Fim de Semana Tropical, onde durante três dias – que se esperam quentes – estão disponíveis oito sabores de gelado que remetem para os trópicos, como manga, goiaba, coco, papaia e maracujá.
O último é presença frequente na La Copa, ao lado de favoritos como lemon curd (sorvete de limão com cobertura de lemon curd caseira), cheesecake, de morango ou frutos vermelhos, vinho do porto (com nozes ou com chocolate) e noz. Outras opções passam pelo café com natas frescas, crepes, panquecas, e gaufres, que podem ser acompanhados por gelado ou coberturas caseiras.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

Seis gelatarias clássicas e com novidades para conhecer na Grande Lisboa

Gelados veganos, sorvetes biológicos, receitas feitas com água do mar, cânhamo e propriedades multivitamínicas – há de tudo um pouco nestas gelatarias na Grande Lisboa. Conheça os sabores de sempre e os deste verão, para comer no copo ou em cone.

Gato Gelados
Sabores originais, do cânhamo ao gin tónico

Há três anos que a Gato Gelados refresca o Beato, com propostas veganas e uso do açúcar natural da fruta. Nos sabores, reina a criatividade, desde o uso do cânhamo ao gelado de gin tónico.

A necessidade, já se sabe, aguça o engenho. No caso de João Gato, diabético e apaixonado por gelados desde sempre, juntou-se o útil ao agradável. Primeiro, chegaram as “brincadeiras em casa”. “O sabor estava bom, mas estavam muito duros”, ri-se João, quando recorda o início. Aperfeiçoou receitas, fez provas cegas a família e amigos e abriu a sua gelataria, no final de 2018, no Beato. Na Gato Gelados, as criações destacam-se por serem mais saudáveis, baixos em calorias e sem açúcares (só se usa o açúcar natural da fruta e stevia, um adoçante natural), com 70% das propostas a serem veganas.

No portfólio de sabores contam-se sempre 12 variedades de gelados e sorvetes, dos quais oito são permanentes (casos do chocolate, nata, avelã, pistáchio, morango, ananás ou maracujá de Aveiro) e quatro vão rodando “de três em três meses, ao sabor da estação”, explica João. Entre as novidades estão o de cheesecake de morango, com calda do fruto caseira por cima; o de lima com manjericão, com frescura garantida para os dias quentes; e o de cânhamo com pedaços de brownie. “Pensei no cânhamo porque a produção é forte em Portugal e é um sabor interessante e diferente. Além disso, as sementes de cânhamo são um superalimento”, explica o dono, que aposta no produto português e sazonal.

A cada verão, já é habitual regressar o coco, o figo e a meloa, e agora não é exceção. Mas de janeiro a janeiro, chegam as edições especiais para assinalar efemérides, como o afrodisíaco gelado de açafrão com água de rosas e pistáchio, criado para um Dia dos Namorados, ou até o gelado com sabor de gin tónico, servido num shaker de oferta, para comemorar o Dia do Pai. Quando não está ocupado com a Informática, área que João concilia com a gelataria, está a fazer experiências na Gato. “A criatividade é a parte que me dá mais gozo”, conta.

 

Venda ao domicílio
No site da Gato, podem encomendar-se caixas de gelado (dois, três ou quatro sabores) e receber ao domicílio. Para já, só em Lisboa. A partir de setembro, a ideia é chegar ao Norte.


Mamma Mia
Cor e sabor em Campo de Ourique

Há quatro anos que Natale Tassitani refresca as ruas de Campo de Ourique com os seus gelados artesanais, e sempre com sabores novos. Um deles é o de stracciatella de requeijão.

As novidades da Mamma Mia estão escritas num quadro de ardósia à vista de todos: gianduia (uma mistura de chocolate e avelã), figo e stracciatella de requeijão. Se o primeiro faz lembrar a Nutella (numa versão naturalmente melhor), o segundo sabe mesmo ao fruto e o terceiro surpreende pela cremosidade e pelo sabor a requeijão. Nesta gelataria de Campo de Ourique tudo tem o sabor do que é, fruto de uma produção artesanal com matérias-primas frescas.

O laboratório onde Natale trabalha está à vista dos clientes e passantes, e são muitas as crianças que espreitam lá para dentro com curiosidade. Ou, então, as que se colocam em bicos de pés para tentar ver os gelados no balcão. “Nós não temos os gelados à mostra por uma simples razão: em contacto com o ar oxidam mais depressa”, explica José, sócio do negócio.

Os sabores são mantidos em recipientes que em italiano se chamam “carapinas” e tapados por tampas, “pozzetti”. Diariamente, há entre 16 a 20 sabores disponíveis. Além dos fixos – como limão, morango, maracujá, pistáchio, chocolate e caramelo salgado – é de provar, agora em dias de calor, o ACE, o equivalente a um sumo de laranja, limão e cenoura com valor multivitamínico. Cremoso e com substância, a cada sorvida sente-se a fruta na boca. “Só usamos fruta madura porque além de mais doce, é aromática, e cada sorvete tem uma receita própria por causa do nível de açúcar”, explica Natale.

Natural de Corigliano, uma aldeia na região de Calábria, sul de Itália, Natale, arquiteto de formação, já visitava Lisboa quando se apaixonou por Campo de Ourique e decidiu mudar-se. Autodidata com vários cursos – dos gelados à pizza -, começou por trabalhar num restaurante italiano, mas a paixão pelos gelados motivou-o a investir na Mamma Mia. O bairro agradece.

 

Tamanhos para todos
Para além dos tamanhos normais (dois e três sabores em copo ou em cone), existe o tamanho “baby” para crianças ou adultos que não queiram abusar. Levar gelado para casa a partir de meio-litro é outra das possibilidades.


Grom
Um Chiado fresco, com cheesecake e figo

A GROM tem meia centena de moradas em todo o mundo. Na capital portuguesa, o verão celebra-se com sabores como cheesecake de framboesa e figo.

Há quase duas décadas, dois amigos italianos com uma paixão comum juntaram-se para produzir gelados artesanais sem recurso a corantes nem conservantes. Na altura, o pontapé de arranque deu-se numa pequena loja com 25 metros quadrados no centro de Turim. Hoje, a marca criada por Guido Martinetti e Federico Grom soma mais de meia centena de moradas espalhadas pelo mundo, de Itália à República Checa, Indonésia, China, França e Inglaterra.

No verão de 2018, estenderam a sua presença e fixaram-se numa das mais movimentadas artérias de Lisboa, no coração da capital, no Chiado. É na porta 42 que se provam os 16 sabores de gelado da GROM, que vão rodando ao ritmo da estação, até porque são confecionados, na quase totalidade, pelos produtos biológicos cultivados na quinta da gelataria, situada na zona de Piemonte.

E se há variedades que raramente saem da lista – tal é a procura – como são os casos dos de pistáchio, stracciatella, chocolate e caramelo salgado, outros vão regressando, volta e meia, como acontece com o de coco e o de café. Em breve, sai a framboesa e entra o morango. A rimar com os dias mais quentes estão também novidades como os sabores a figo e a cheesecake de framboesa, este último eleito o sabor deste mês na GROM. E se o primeiro traz a frescura da fruta sazonal, o segundo é a resposta para os mais doceiros, ainda que o resultado final não seja, de todo, enjoativo.

Podem provar-se em copo ou cone de bolacha (normal, com rebordo de chocolate e avelãs caramelizadas ou até com recheio de chocolate derretido no interior do cone). Também há opções sem glúten, como o de sabor a chocolate negro, além de sorvetes de fruta, grazinados de limão e de amêndoa, e frappès. O sucesso está à vista: de dois em dois dias, chegam a fabricar-se doze quilos de gelado.

 

Sabores de época
Ao longo do ano, vão sendo feitas edições especiais e de época, como acontece com a castanha no outono. Em Itália, chegam a fazer-se gelados com sabor a panetone no Natal.


Fragoleto
Gelados premiados e biológicos

Na nova loja da Fragoleto, em Alvalade, perfilam-se gelados clássicos, originais e sorvetes biológicos, servidos ao copo, cone ou em formato de pauzinho.

Com a pandemia, Manuela Carabina viu-se forçada a relocalizar a Fragoleto, criada há 16 anos, para um local em que as vendas não dependessem tanto do turismo. Da Rua da Prata, na Baixa, passou a Rua Acácio Paiva, em Alvalade, e agora são os moradores do bairro que mais pedem gelados. O verão inspirou novos sabores: banana com alfarroba e pannacotta de café com molho de mirtilo. “O ácido da calda de mirtilo ajuda a cortar o doce”, comenta a mestre geladeira que antes trabalhava na área da comunicação.

No balcão da pequena loja, pensada para comprar e levar o doce na mão, perfilam-se diariamente cerca de 20 gelados diferentes, entre eles o Mediterrânico (alfarroba, avelã, amêndoa e figo), eleito num concurso o melhor gelado português. Quem preferir sabores frutados tem vários por onde escolher (como melancia, a lembrar as tardes na praia), em copo ou em cone. A gama de sabores é também grande nos gelados de pauzinho, biológicos e vegans, feitos só com fruta ou com cobertura de chocolate.


Tchipepa
Uma ode ao mar

Abriu portas na década de 1970 e tornou-se num espaço emblemático da vila. Entre as novidades da Tchipepa está o gelado que leva água do mar, em homenagem à costa.

Quando os pais e tios de Carlos Costa regressaram de Angola, trouxeram consigo o sonho de abrir uma gelataria. De tal forma que partiram para Itália, para se formarem no mundo dos gelados artesanais, antes de abrirem a Tchipepa, corria a década de 1970, no centro de Cascais. A casa tornou-se num local de paragem obrigatória na vila, mas acabaria por encerrar há oito anos. Não demorou até Carlos revitalizar o negócio, agora na Rua Visconde Luz, junto
ao jardim homónimo, mas com a essência de sempre. Em relação à receita original, só reduziram o açúcar em 50%.

Pelos 18 sabores de gelado vão rodando sabores como baunilha, chocolate, morango, pistáchio, doce de leite, figo, ameixa ou noz. No verão passado, chegaram duas novidades: o Avelim (que junta avelã e amendoim) e o Cascais, de cor azul. Este último marca pela diferença por levar água de mar na composição, além de menta e spirulina (da categoria dos superalimentos), numa homenagem à localização costeira. Antes da pandemia, num dia concorrido chegavam a vender-se 200, 300 gelados. No interior ou na esplanada de 18 lugares, provam-se também crepes doces e salgados ou waffles.


Vicci
Há 30 anos a vender gelados na avenida

Na Vicci, uma “instituição” de gelados na Avenida Luísa Todi, há sabores de gelados e sorvetes de frutas para todos os gostos, servidos em copo e em cone, ou em crepes.

Na cidade não há quem não conheça esta gelataria. Afinal, o cone de gelado em grande escala, à porta, já faz parte da paisagem da Avenida Luísa Todi há 35 anos. A longevidade do negócio explica-se por diversos fatores: em primeiro lugar, o facto de nunca ter encerrado nem mudado de gerência, e em segundo, por sempre ter vendido gelados de qualidade, crepes e sobremesas, como as cassatas (hoje, infelizmente, quase vias de extinção).

Jacky Marcovici, belga de 75 anos, é o simpático rosto que recebe os clientes na Vicci e o mestre gelateiro. Helena, com quem casou há 27 anos, ajuda-o em tudo, mas quem agora se prepara para assumir o comando é um dos filhos, Fabrice, de 21 anos. Após dois anos de estágio e trabalho no resort Vila Vita, no Algarve, regressou para ajudar o pai, que confessa ter ficado com sequelas após um mês de internamento no hospital por causa da Covid-19.

Enquanto o filho atende os clientes, Jacky e Helena explicam que os sabores mais vendidos são praliné, delícia de avelã, caramelo e tiramisú. Mas entre os quase 48 sabores expostos diariamente na vitrine é obrigatório provar o gelado de assinatura crocantino (feito com licor francês e crocante de amêndoa caramelizada), para ter a perceção da consistência e cremosidade da produção, que é feita no primeiro andar do prédio que Jacky comprou em 1986.

Foi nesse ano que se fixou em Setúbal, “um lugar mais sossegado”, oriundo de França, onde tinha sido cozinheiro, chef de cozinha, pasteleiro e designer de interiores. No início da loja, decorada em tons de roxo e com quadros do pintor setubalense Rogério Chora, também fazia pastelaria francesa, mas a oferta não pegou e então focou-se nos gelados (feitos sem glúten). Já os sorvetes – de limão, ananás, melancia, maracujá, frutos do bosque, meloa, entre outros – são bons para quem evita a lactose.

 

Crepes personalizados
A Vicci também funciona como creperia, permitindo aos clientes compôr os crepes a gosto, com bolas de gelado e vários toppings. Levar para casa em embalagens isotérmicas é outra opção.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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