Quando subimos as escadas rumo à Casa Isa, a sensação é a de estar mesmo a entrar numa casa – e, de certa maneira, estamos, pois em tempos o restaurante ocupava uma área mais pequena, e ao lado havia quartos. Foi há 50 anos que tudo começou, com a particularidade de a primeira responsável pelo espaço, regressada a Portugal após uma temporada no Brasil, ter anunciado o lugar como sendo de “refeições comerciais”, o que, naquele país do outro lado do Atlântico, era sinónimo de refeições económicas. Ora, até hoje come-se ali por valores acessíveis, como se confirma olhando a ementa repleta de sabores tradicionais portugueses, logo à entrada do edifício.
Mas voltemos aos primórdios da Casa Isa, guiados pela memória de Manuel Cardoso, que tomou conta do negócio mais tarde, com o sócio Mário Rocha, e é quem recorda aquele episódio inicial. Ambos circulam ainda por entre as mesas, mas, recentemente, passaram o testemunho ao filho do segundo, que partilha o nome com o pai. É uma solução de continuidade, até porque Mário Rocha – o mais novo – já anda por ali há 37 anos: começou por dar uma mão nas férias e nos fins de semana, depois ficou efetivo e agora está à frente do restaurante.
Em meio século, algumas coisas mudaram – desde logo, o espaço, que foi ampliado com o desaparecimento dos referidos quartos; mas não a matriz culinária, nem o nome, que vem da proprietária original. Certo é que alguém disse um dia que Isa significava “Instituto Superior de Alimentação”, e a brincadeira pegou.
Durante a semana, ao almoço e ao jantar, vão para a mesa diferentes pratos do dia, explica Mário Rocha (filho). À segunda, há pataniscas de bacalhau, frango assado e rancho; à terça, cozido à portuguesa e carapaus grelhados com molho verde; à quarta, chispe à transmontana e sardinhas com arroz de tomate; à quinta, rojões, cabidela e bacalhau cozido com grão; à sexta, tripas à moda do Porto e bolinhos de bacalhau com salada de feijão-frade. Sem esquecer duas propostas com lugar cativo: filetes de pescada com salada russa e panadinhos de porco. Os valores começam em 7,25 euros, para quem queira só o prato. O menu, que inclui prato, bebida (vinho, cerveja, água…) e café, já custa 10 euros. Se se acrescentar sobremesa, passa a valer 12,50 euros. E a sopa é paga à parte.
Ao sábado, aqueles pratos dão lugar a outros: um cozido à portuguesa mais elaborado, vitela assada, filetes de polvo com arroz do mesmo… Regularmente, há jantares de grupo neste estabelecimento de atmosfera informal, capaz de receber perto de 100 convivas. Muitos dos clientes já são habituais, alguns fiéis desde o princípio, e há gerações que se renovam. Conta Manuel Cardoso que alguns meninos a quem chegou “a dar a sopa à boca” frequentam a casa, agora, com a sua própria descendência.
A EMENTA
Menu do dia: prato desde 7,25 euros; menu com prato, bebida e café, 10 euros (adicionando sobremesa, 12,50 euros).
Especialidades: filetes de pescada com salada russa, panadinhos de porco, bacalhau à João do grão, tripas à moda do Porto, arroz de polvo, pataniscas de bacalhau.
Sobremesas: quindim de coco, bolo de bolacha, tarte de laranja, bolo de chocolate, torta de noz, maçã assada.
Longitude : -8.2245