Há cinco anos, Karine Sarkisyan abria o primeiro restaurante arménio em Lisboa, nas Avenidas Novas, depois de se ter apaixonado por Portugal durante a sua lua-de-mel, há década e meia, e de se ter mudado para cá. Agora, estende o legado desta casa com uma segunda morada, em Odivelas, no bairro das Colinas do Cruzeiro, voltando a homenagear as suas raízes, memórias e cultura à mesa.
Neste segundo Ararate, mais luminoso do que o lisboeta, a reboque das suas amplas janelas, provam-se alguns dos clássicos da cozinha arménia e do Cáucaso, entre detalhes decorativos como tapeçarias típicas, letras do alfabeto deste país numa das paredes e as romãs em cerâmica espalhadas pelas mesas, que simbolizam prosperidade, fertilidade e abundância na cultura arménia. A ideia é transportar “as pessoas para um mundo muito longínquo através da gastronomia, da cultura, dos vinhos”, explica a fundadora do restaurante.
Para o arranque, vale a pena provar o lavash (pão de trigo fino e tradicional), o kachapuri (pastel com recheio de queijo) ou o pastel com recheio de feijão encarnado e ervas aromáticas trazidas dos vales montanhosos do Cáucaso. Além das saladas (como a tabulé, com bulgur servido em folha de alface; ou a salada de beterraba assada em forno a lenha com queijo e ervas) e das sopas (caso da spass, uma sopa de iogurte e trigo integral; 5,5 euros), destaque para o dolmá (um dos reis da carta, o vitelão picado e enrolado em folhas de videira; 18 euros) e o camarão grelhado sobre húmus, tomate seco e especiarias (16 euros), uma versão do camarão ao alhinho pelo chef Andranik Mesropyan, que veio para Portugal para abrir o primeiro Ararate.
Os estufados e ensopados ocupam boa parte da carta, como o chacapuli (borrego com ervas, um prato que é um símbolo da primavera para caucasianos; 10,5 euros), o tjvjik (guisado de miúdos de cordeiro ou vitela, onde se usam fígado, pulmões, coração e rins do animal; 9,5 euros), o putuk (ensopado de grão de bico, borrego e legumes, servido numa caçarola coberta com um pão achatado, sinónimo máximo da cozinha de conforto arménia; 19 euros) e o khurdjin (borrego ou vitelão assado em forno e servido numa trouxa de pão lavash; 21 euros).
Nos grelhados a carvão, as espetadas de várias carnes (que se podem combinar, havendo vitelão, borrego, porco, frango e borrego, mas também camarão, cogumelos e esturjão; desde 16,5 euros) são a opção ideal. E apesar de o peixe não ter um peso grande na cozinha arménia, há propostas que nos levam para a gastronomia de rio, como o kchuch (ensopado de peixe com pimento, batata e cenoura). A despedida faz-se com a estrela das sobremesas, gata (sete euros), feito de massa folhada com recheio de açúcar e manteiga, uma presença habitual em qualquer festa arménia. Outra opção é o bolo de mel e creme de leite.
Nos vinhos, a grande maioria arménios, contam-se cerca de 40 referências, um aumento de oferta desde a abertura do Ararate no centro de Lisboa, em 2018. Tratando-se de um país com longa tradição vínica, a garrafeira está visível no restaurante e quem quiser, pode comprar uma garrafa e levar para casa, com descontos face ao preço da carta. Oportunidade para provar os vinhos de talha, os espumantes ou o tradicional vinho de romã.
Longitude : -8.2245