Ana Maio: “Quando comecei, ninguém sabia o que era uma pavlova”

A fundadora da Miss Pavlova quer ir além das sobremesas; agora, aposta também nos produtos de pequeno-almoço e lanche. Fotografia: Pedro Correia/Global Imagens
A sobremesa crocante que Ana Maio fazia para familiares e amigos passou a andar na boca de toda a gente com a criação da Miss Pavlova, em 2013. A marca cresceu, diversificou a oferta e agora tem casa própria na Baixa do Porto.

Quem prova os bolos fofos que deram fama à Miss Pavlova só pode agradecer a Ana Maio ter-se virado para a pastelaria quando perdeu o emprego numa agência de comunicação. A sobremesa batizada com o nome da bailarina russa Anna Pavlova continua a ser o produto-estrela da marca, que tem uma loja no NorteShopping e acaba de abrir um espaço na Baixa – fica na Rua do Almada, onde já partilhava casa com outros projetos, mas agora no número 21, e à vista de quem passa. Neste lugar – temporariamente encerrado, devido à pandemia -, a aposta passa muito pelos pequenos-almoços e lanches, com a introdução de croissants folhados, macarons e outras delícias de fabrico próprio.

Como surgiu a ideia de se voltar para as pavlovas?

Em 2013, fiquei desempregada. O meu contrato chegou ao fim na agência onde estava e fui dispensada. A área da pastelaria e da cozinha era, e continua a ser, algo que me apaixona. Eu levava sempre os bolos para as festas de aniversário, experimentava coisas diferentes, consumia muita informação relacionada com comida. Percebi que a pastelaria podia ser o caminho. Comecei um estudo de mercado para perceber que tipo de diferenciação podia ter, e as pavlovas surgiram no meio. A primeira vez que vi uma pavlova foi no “Masterchef Austrália”, com a Donna Hay. Achei piada ao tipo de bolo, que era muito diferente, experimentei em casa e levei para amigos e familiares. Começou a ser o que me pediam mais: “traz aquela sobremesa crocante”. Ninguém sabia o que era pavlova na altura.

Qual é o segredo da sua pavlova?

Eu costumo dizer: não viro frangos, viro pavlovas. Já fizemos tantas, que fomos aperfeiçoando. São receitas próprias, desenvolvemos tudo desde a raiz. A matéria-prima é ao mais alto nível. A diferenciação está aí e o segredo está na dedicação ao projeto. E no tempo. Sinto que a Miss Pavlova é já uma love brand. Hoje, o macaron, que introduzi em 2018, é um produto-estrela. Em 2017, avancei com o brunch, esgotei tudo. A Miss Pavlova já não é só a pavlova; é muito mais. Para mim, é essencial que um produto de pastelaria ou de cozinha tenha duas coisas: estética e sabor. Quando dizem que o sabor ainda superou a estética, para mim, é perfeito.

Na nova Miss Pavlova, o rosa é a cor dominante.
Fotografia: Pedro Correia/Global Imagens

Voltando ao início: sente que, quando criou a marca, lançou a moda das pavlovas?

Em 2013, ninguém conhecia a pavlova em Portugal. Tomei a decisão de colocar pavlova no nome, e miss porque falo assim para as minhas amigas: ó miss, anda lá – de uma forma carinhosa. Pavlova vem da bailarina russa Anna Pavlova. Um chef australiano deu o nome dela ao bolo por causa das saias, da leveza dela a dançar. Optei por colocar Miss Pavlova, e foi muito feliz. O nome nos projetos é muito importante, porque é aí que começa a comunicação.

Em 2015, a Miss Pavlova foi para um espaço partilhado, aqui ao lado: o Almada 13.

Quando me convidaram para o Almada 13, achei que podia juntar o útil ao agradável. As pessoas iam às feirinhas buscar pavlovas, senti que podia chamá-las para um espaço meu. Hoje olho para trás e isso foi um ato de coragem, porque fui para um “buraco” [o fundo da loja], podia ter corrido mal. Mas correu bem, consegui perceber o alcance que o projeto tem. Criei uma marca consistente e forte, de confiança. Fui criando um público e fazendo uma casa.

O que mudou com a abertura deste novo espaço, além de ter ligação direta à rua?

Conseguimos tomar as nossas próprias decisões, fazer sinergias. Optámos por direcionar os produtos mais para o pequeno-almoço e para o lanche e, com isso, alargámos o horário [das 9h às 18h30]. Quero dar qualidade e diferenciação aos clientes, que as pessoas comentem coisas novas e, paralelamente, seja tudo muito bom. Daí fazermos os nossos produtos. Introduzimos o croissant francês folhado, caseiro, com manteiga extra; apostámos nos rolinhos de canela com várias coberturas; trouxemos as madeleines, uns quequezinhos muito fofinhos; o banana bread individual… E quisemos alargar a oferta para o brunch, ou seja, pequeno-almoço reforçado. É um brunch para as pessoas poderem vir partilhar. No fundo, é aquilo que a Miss Pavlova proporciona: momentos de partilha, momentos especiais.

O brunch para partilhar.
Fotografia: Pedro Correia/Global Imagens

O best-seller

A pavlova Floresta Negra, criada logo no arranque, em 2013, é o produto com mais saída. Leva brownie de frutos silvestres e merengue de chocolate, unidos por uma camada de chocolate temperado; e, por cima, natas e frutos silvestres. Preço: 3,50 euros.

A Floresta Negra.
Fotografia: Pedro Correia/Global Imagens

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